segunda-feira, 8 de setembro de 2008

FOCO 21 : SEPARATISMO NO QUEBEC, CANADÁ !

MAPA DO QUEBEC, REGIÃO DO CANADÁ !
O Quebec (em francês: Québec), Quebeque, ou ainda Quebé, é uma das dez províncias do Canadá. É a maior província do país, e a segunda mais habitada do Canadá. Cerca de 24% da população do Canadá vive dentro dos limites da província. A maior cidade de Quebec é Montreal, que é também a segunda maior do país. Sua capital é a Cidade de Quebec.
Cerca de 80% da população do Quebec é descendente de
franceses, em contraste com as outras províncias do país, cujos habitantes são em sua maioria descendentes de ingleses ou escoceses. A forte influência francesa, presente desde os primórdios da colonização do Canadá, torna a província sensivelmente diferente do resto do país. O francês é o único idioma oficial da província. A população de Quebec é em sua maioria católica, ao contrário do resto do país, onde protestantes são maioria. Outra característica francesa do Quebec é a arquitetura das estruturas das cidades.
Os franceses que iniciaram a colonização da região, anteriormente conhecida como
Nova França, estavam interessados no comércio de peles de animais, seja através da caça ou através de contatos comerciais com nativos indígenas da região. Quebec significa "estreito" em algonquino, nome que se refere ao trecho estreito do Rio São Lourenço, na região onde fica atualmente a Cidade de Quebec. Os ingleses capturaram a capital da província em 1759, e tomaram o controle da região em 1763. A partir da década de 1950, um movimento nacionalista começou a crescer em Quebec, que culminou com a realização de duas votações, em 1980 e em 1995, pela separação do Quebec do Canadá. Em ambas as votações, a maioria da população da província votou contra a secessão.
O Quebec possui vastos recursos naturais — entre elas, estão inúmeros rios e lagos, muitas florestas e atualmente, o Quebec é o maior produtor de energia elétrica do Canadá; a maior parte dessa energia é gerada em hidrelétricas e em usinas nucleares. A província produz cerca de 26% dos produtos industriais e agropecuários do Canadá. Os principais produtos são alimentos, madeira e derivados, aviões, químicos e roupas.

A HISTÓRIA DENTRO DA HISTÓRIA !
Canadá reconhece Québec como nação interna: O Parlamento canadense aprovou uma moção do governo reconhecendo a população de maioria francófona do Québec como uma “nação” dentro do Canadá. O texto da moção não aumenta a independência do Québec, mas reconhece que a Província tem uma herança cultural e histórica única. A medida, considerada puramente simbólica, causou a renúncia do ministro dos Assuntos Intergovernamentais canadense, Michael Chong, por causa da sua oposição à aprovação da moção que, segundo ele, apóia o “nacionalismo étnico”. “Sou leal ao meu partido e à liderança, mas antes de tudo eu sou leal ao meu país”, afirmou Chong. “Esse princípio é fundamental e por causa disso que não posso concordar que o Québec seja considerado uma nação”, afirmou.
Reconciliação: A aprovação do texto é uma tentativa do premiê canadense, Stephen Harper, de buscar uma reconciliação com o separatista Bloc Quebecois, um partido político que defende a separação. Apesar de correr o risco de estimular as intenções separatistas do Quebec, o governo canadense, passando a medida, evita fazer com que a população da região possa se sentir “ignorada” em relação ao problema. Segundo o correspondente da BBC em Toronto Lee Carter, o sentimento separatista no Québec vem diminuindo e a separação já foi rejeitada duas vezes pela população, ocorridas em 1981 e 1995. “A aprovação da moção não vai mudar em nada a vida cotidiana das pessoas”, disse o ministro da Indústria canadense, Maxime Bernier. “Os habitantes do Quebec não terão mais poderes”, afirmou.

Ao longo da década de 1960, o Quebec exigiu do governo canadense maior autonomia sobre problemas referentes exclusivamente ao Quebec. A província passou a administrar seu próprio orçamento sem supervisão do governo canadense. Todos os planos de pensão e ajuda social exercidos no Quebec e que eram administrados pelo governo canadense passaram a ser controlados pela província. O nacionalismo quebequense cresceu bastante durante a década de 1960 e 1970. Em 1967, Montreal sediou a Feira Mundial de 1967, onde vários chefes de estado compareceram, entre eles, o presidente da França, Charles de Gaulle. De Gaulle fez um discurso à população da cidade no qual expressava aparente simpatia a um Quebec independente. Perto de terminar seu discurso, de Gaulle pronunciou Vive le Québec libre (Viva o Quebec livre), sendo pesadamente aplaudido pelas pessoas que o assistiam, e pesadamente criticado pelo então primeiro-ministro do Canadá, Lester B. Pearson.Em outubro de 1968, o Partido Quebequense foi fundado por René Lévesque. Este partido promovia o separatismo e a independência do Quebec do resto do Canadá. Em 1970, membros do grupo terrorista Front de Libération du Québec (FLQ) sequestraram Pierre Laporte, ministro do trabalho do Quebec, e James R. Cross, desencadeando a "Crise de Outubro". Este grupo terrorista já havia matado anteriormente cinco pessoas em diversos ataques a bomba e assassinatos. Este grupo ameaçou que no próximo ano uma revolução ocorreria no Quebec, onde o governo teria que enfrentar 100 mil revolucionários armados e organizados. O então primeiro-ministro canadense, Pierre Elliott Trudeau, a pedido do então governador do Quebec, Robert Bourassa, instituiu lei marcial (através do War Measures Act) no Quebec. A polícia revistou mais de três mil casas e prendeu 450 pessoas, embora a maioria delas não tivesse envolvimento nenhum com a FLQ. Laporte foi posteriomente encontrado morto no porta-malas de um carro. As autoridades quebequenses e canadenses permitiram as pessoas que haviam sequestrado Cross a exilar-se em Cuba, com a condição de libertarem Cross.Em 1972, mais de 200 mil trabalhadores públicos entraram em greve no Quebec, buscando melhores salários. Foi a maior greve da história do Canadá. A greve durou 11 dias, fechou a grande maioria das escolas da província, e limitou serviços hospitalares e governamentais. Em 1974, a Assembléia Nacional do Quebec adotou o francês como único idioma oficial da província. Até então, o Quebec era uma província bilingual, e também considerava o inglês como idioma oficial. Esta decisão fez com que o francês se tornasse o principal idioma a ser usado em todas as escolas públicas da província, e também o idioma a ser usado no comércio e no governo.Em 1976, o Partido Quebequense comandado por René Lévesque venceu as eleições provinciais. No ano seguinte, Lévesque instituiria a Carta da Língua Francesa, também conhecida como Lei 101, que instituía multas e outras punições aos que não obedecessem à decisão tomada em 1974. Estas leis ajudariam a tornar o Toronto a nova capital econômica do Canadá, por ter causado a saída de várias empresas anglófonas de Montreal, a antiga capital econômica do país.
O Partido Quebequense realizou um plebescito em 1980, e pediu aos eleitores que votassem a favor da separação do Quebec do resto do Canadá. Esta secessão seria somente política, e a província continuaria unido ao Canadá economicamente. Na votação, 60% dos eleitores votaram contra a secessão.Em 1981, o Parlamento do Canadá votou a favor da instituição de diversas mudanças à Constituição canadense. Várias destas mudanças não agradaram aos quebequenses, que acreditavam que estas mudanças não ajudariam a preservar a língua francesa no Canadá. Lévesque foi à Ottawa para tentar negociar com o governo federal e os governadores das outras nove províncias canadenses. Porém, na noite 4 de novembro para 5 de novembro de 1982 (chamado de La Nuit des Longs Coûteaux em Quebec, que significa em português "A noite das longas facas"), o então ministro da economia do Canadá, Jean Chrétien, reuniu-se secretamente com todos os governadores com exceção de Lévesque, para assinar e aprovar oficialmente o documento que viria a ser a nova Constituição do Canadá. Nodia seguinte, Lévesque, ao ver o documento, recusou-se a assiná-lo, voltando imediatamente para Quebec. A nova constituição então foi aprovada pelo Reino Unido, e entrou em vigor ainda no mesmo ano. A população quebequense sentiu-se traída pelo governo canadense.
Seriam realizadas duas tentativas de integrar o Quebec à nova Constituição, uma em 1987 e outra em 1990. Na tentativa realizada em 1987, em Meech Lake, e conhecida como Meech Lake Accord, o primeiro-ministro do Canadá Brian Mulroney propôs algumas mudanças à Constituição canadense, entre elas, o reconhecimento do Quebec como uma distinta sociedade canadense. Para este acordo ter entrado em vigor, ele precisaria ter sido aprovado (ratificado) por todas as províncias do Canadá. Manitoba e Terra Nova e Labrador não ratificaram, e o acordo fracassou em 1990. Uma segunda tentativa realizada em 1992, em Charlottetown, foi reprovada por 56,7% dos canadenses não-quebequenses e por 57% da população quebequense. Até hoje, a Constituição do canadá continua em vigor, mesmo sem a assinatura e aprovação do Quebec.
O Partido Quebequense venceu as eleições provinciais de 1994. Em 30 de outubro de 1995, um novo plebiscito foi realizado a favor da independência do Quebec. 50,6% dos eleitores quebequenses votaram contra a secessão e 49,4% dos eleitores quebequenses votaram a favor. Jacques Parizeau, então governador do Quebec, alegou que esta derrota havia acontecido por causa de "dinheiro e voto étnico". Este comentário imediatamente repercutiu na mídia quebequense e canadense, e Parizeau foi obrigado a renunciar. O Partido Quebequense venceria as eleições provinciais de 1998, perdendo em 2003 para o Partido Liberal do Quebec.
Em 1995 e 1996, o Parlamento do Canadá aprovou novas emendas cujo objetivo era promover a união canadense. Uma destas emendas reconheceu o Quebec e sua única linguagem, cultura e leis civis. A outra emenda deu ao Quebec e às outras quatro regiões canadenses (Ontário, Províncias Marítimas, Províncias Ocidentais e a Terra Nova e Labrador e os territórios canadenses) o poder de veto sobre mudanças à constituição canadense.
Em 2005, André Boisclair tornou-se o novo líder do Partido Quebequense. O partido prometeu realizar um terceiro referendo caso retorne ao poder. Em novembro de 2006, Stephen Harper do Partido Conservador do Canadá declarou na Câmara dos Comuns que o "Quebec é uma nação dentro de um Canadá unido", declaração apoiada por todos os partidos políticos presentes na Câmara, embora não tivesse nenhum efeito legal.
Uma década depois do plebiscito que em 30 de outubro de 1995 esteve a ponto de causar a ruptura do Canadá, o movimento separatista de Québec continua tão forte como naquela época e mantém sua intenção de realizar uma nova consulta.
Nesta sexta-feira, o jornal local "La Presse" publicou uma pesquisa registrando que 52% dos eleitores de Québec votariam a favor da soberania da província canadense se fosse realizado um novo referendo com uma pergunta similar à de 1995.
Há dez anos, o Governo nacionalista do então primeiro-ministro de Quebec Jacques Parizeau (Partido Quebequense - PQ), perguntou a cada eleitor da província: "aceita que Québec deve ser soberana após fazer uma oferta formal ao Canadá para uma nova associação econômica e política?" O resultado não pôde ser mais dramático. Apenas 54 mil votos decidiram pelo fracasso do referendo separatista, em que 50,6% dos eleitores rejeitaram a separação. Foi o segundo plebiscito realizado em relação à questão, ocorrendo depois do convocado em 1980 pelo líder histórico do nacionalismo de Québec, René Lévesque.Após a apertada derrota, o PQ, que então governava a província, se comprometeu a realizar um novo referendo independentista tão logo reunisse "condições para a vitória", diante do temor que o fracasso em uma terceira consulta significasse o abandono definitivo do sonho de independência.
Tais condições nunca foram atingidas durante os anos em que o PQ se manteve no poder após o referendo de 1995. Entretanto, nos últimos meses, o apoio ao movimento pró-soberania cresceu até o ponto em que várias pesquisas deixaram claro que a situação em Québec é pelo menos similar à de 1995. "Continuamos na mesma situação em que há dez anos", garantiu Jean-Marc Leger, diretor de uma das maiores empresas de pesquisas do país e que examina de forma minuciosa as tendências na província francófona.
Uma das diferenças entre a situação hoje e a de uma década atrás é que o PQ está na oposição na província que agora é governada pelo Partido Liberal de Québec, uma legenda decididamente federalista e oposta à noção de um referendo sobre a separação. A outra diferença é a "Lei da Clareza" que o Parlamento de Ottawa aprovou em 2000. A lei estabelece que o Parlamento de Ottawa debaterá, 30 dias antes do plebiscito, se a pergunta que o Governo de Québec formula a seus cidadãos estabelece claramente que o objetivo da consulta é a divisão do Canadá.
O texto legislativo também outorga ao Parlamento nacional a faculdade de decidir se os votos obtidos pelos independentistas - caso vençam o plebiscito - são suficientes para indicar que a população da província quer a independência, estipulando que a maioria simples não é suficiente.
Mas a lei não estabelece qual é o número que Ottawa considera "suficiente" para declarar o resultado do referendo válido. Apesar da "Lei da Clareza", o movimento independentista não deixou de trabalhar. Hoje e durante os próximos três dias, centenas de membros do PQ se reunirão em Montreal para realizar um convenção focada na obtenção da soberania.
Hoje à noite, o grupo realizará uma festa para comemorar o 10º aniversário da consulta de 1995, que não terá dificuldade para superar o número de 12 pessoas que na sexta-feira celebraram também em Montreal a vitória do "Não" há dez anos.
Apesar dos números apresentados pelas pesquisas, Denis Coderre, um dos membros de maior destaque do Partido Liberal de Québec, considera que o movimento pró-soberania não poderão vencer um novo referendo.
"A questão de criar um país em Québec é completamente inoportuna", afirmou Coderre na véspera do aniversário.
Possivelmente, como publicou hoje o influente jornal "The Globe and Mail", "a relação de Québec com o resto do Canadá pode não ser de amor mas é conveniente" para a província francófona.

Um comentário:

>>>tia FLÁVIA ÉCHILA disse...

Esse site é realmente muito completo. muito bom esmo, vale a pena conferir.