O Mapa acima, se refere ao México, país da América do Norte, e da América Latina, onde na sua porção sul, está localizado o estado de CHIAPAS.
O Movimento Zapatista inspirou-se na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfirio Díaz que encadeou a Revolução Mexicana em 1910. Os zapatistas tiveram mais visibilidade para o grande público a partir de 1 de janeiro de 1994 quando se mostraram para além das montanhas de Chiapas com capuzes pretos e armas nas mãos dizendo Ya Basta! (Já Basta!) contra o NAFTA (acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá) que foi criado na mesma data. O movimento defende uma gestão democrática do território, a participação direta da população, a partilha da terra e da colheita.
O Estado de Chiapas, no extremo sul do México, ficou famoso mundialmente no dia 1º de janeiro de 1994, quando o Exército Zapatista de Libertação Nacional tomou quatro cidades.
Usando o nome do mais famoso líder da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, o objetivo dos insurgentes era chamar a atenção para a situação atual dos indígenas do país. Os zapatistas denunciavam violações dos direitos humanos e culpavam o governo por sua situação de penúria. Depois de negociações de paz frustradas, avanços, retrocessos e uma marcha por 12 Estados mexicanos em 2001, os zapatistas hoje estão calmos. Mas permanecem em seus vilarejos em estado de resistência. Ou seja, oposição armada ao governo. Muitos moradores de Chiapas acreditam que eles estejam se preparando para voltar com força total.
Reivindicações: Na aldeia de Acteal, no alto de uma serra, a neblina é constante e a luta pela sobrevivência, também. As mulheres acordam entre 3h e 4h da manhã para fazer tortillas, a base da alimentação local. Os homens levantam às 5h e vão trabalhar no campo, no plantio de café e milho. A língua que todos falam em Acteal é o tzotzil. O líder comunitário José Vasques Gutierres é um dos poucos que fala espanhol e traduziu a Bíblia para o idioma nativo, num trabalho que levou mais de nove anos. Ele não gosta de dar entrevistas, mas se empolgou ao listar as reivindicações do seu povo. "Queremos uma unidade nacional, queremos exigir do governo o que queremos", diz José. "Queremos uma vida digna para todos os indígenas do país, porque somos os donos da terra, fomos os primeiros a chegar aqui. Queremos um futuro com uma vida digna com mais liberdade, direito, justiça, escolas, moradia." José Gutierrez afirma não ser zapatista, mas compartilhar das reivindicações do movimento. O mesmo diz o governador de Chiapas, Pablo Salazar, que não pertence a nenhum partido político.
"Os zapatistas não inventaram a pobreza, nem inventaram o subdesenvolvimento indígena", afirma o governador. "Mas deram o grito mais estrondoso deste país, e essa é a principal virtude dos zapatistas." O governador do Estado de Chiapas, Pablo Salazar. "O movimento zapatista fez com que muitos países se voltassem para nos ver e descobriram que Chiapas é um Estado de enormes contradições. Um dos poucos consensos neste país é que os zapatistas se levantaram por causas justas", opina Salazar. "Mas tenho que reconhecer que, num período de governo de seis anos, não é possivel resolver um problema tão profundo quanto a pobreza em Chiapas."
Pablo Salazar afirma ter um plano para reduzir os indíces de pobreza em seu estado, incentivando a educação, saúde e a reativação econômica, especialmente no campo, já que 70% dos indígenas se dedicam a atividades agropecuárias.
O EZLN é um grupo indígena, contudo não-violento, com inspirações Zapatistas com sede em Chiapas, o estado mais pobre do México. Incorpora tecnologias modernas como telefones via satélite e Internet como uma maneira de obter a sustentação local e estrangeira. Consideram-se parte do largo movimento de antiglobalização.
Sua voz mais visível, embora não seu líder, porque é um segundo-comandante — todos os comandantes são índios maias — é o subcomandante Marcos. O comunicado abaixo do subcomandante em 28 de março de 1994 explica o porque de esconder os rostos e porque todos os zapatistas dizem que se chamam "Marcos": "Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos."
O Massacre de Acteal aconteceu em 22 de dezembro de 1997 no vilarejo de Acteal em Chiapas, 46 indígenas tzotziles entre eles 18 crianças, 22 mulheres e 6 homens foram mortos dentro da Igreja de Acteal. A comunidade zapatista local testemunha que 90 paramilitares supostamente membros da Máscara Roja (Máscara Vermelha) fizeram o massacre, durante uma operação que se prolongou por cerca de 7 horas, a curta distância de um posto militar. Os militares ali estacionados não intervieram por forma a evitar o massacre, existindo relatos de que na manhã seguinte alguns deles se encontravam na Igreja, lavando o sangue das paredes. Após indignação da comunidade zapatista, mais de 100 índigenas foram presos em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas. Depois da investigação pela Procuradoria Geral da República do México, entre os supostos participantes na chacina estavam ex-oficiais do exército mexicano e de segurança pública, condenados a pouco mais de três anos de prisão.
NOTÍCIAS RECENTES SOBRE O TEMA
No México, líder zapatista aparece pela primeira vez em 2008, 3 de Agosto, 2008
O líder da guerrilha zapatista, o subcomandante Marcos, reapareceu este final de semana após vários meses de ausência em um ato com simpatizantes de seu movimento que visitam o estado de Chiapas, no sul do México, informou hoje a imprensa local.
Marcos, que ainda não tinha sido visto em público este ano, reconheceu que seu principal erro nesses anos de luta foi ter chamado a atenção da mídia.
"Se pudesse mudar alguma coisa, seria isso, não ter aparecido tanto para a imprensa", disse o dirigente rebelde em entrevista publicada em abril no livro "Corte de caja", da jornalista mexicana Laura Castellanos.
Os zapatistas, que contam com membros em Chiapas, tomaram as armas em 1º de janeiro de 1994 e Marcos se tornou sua principal figura, mas sua estrela midiática foi ofuscada no contexto das controvertidas eleições presidenciais de 2006, que polarizou o país, e pelo aumento da violência do crime organizado.
Na edição deste domingo, o jornal "La Jornada" publicou duas fotografias na quais se vê Marcos com o "tenente-coronel Moisés", do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).
O líder zapatista recebeu na zona rebelde de La Garrucha integrantes da Caravana Nacional de Observação e Solidariedade com as Comunidades Zapatistas, que denunciaram a incursão de forças federais.
"Entre ganhar e perder, os zapatistas escolheram lutar", disse Marcos aos membros da Caravana, destacou o jornal "La Jornada", que diz que esta é a primeira aparição pública do chefe rebelde este ano. EFE
Usando o nome do mais famoso líder da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, o objetivo dos insurgentes era chamar a atenção para a situação atual dos indígenas do país. Os zapatistas denunciavam violações dos direitos humanos e culpavam o governo por sua situação de penúria. Depois de negociações de paz frustradas, avanços, retrocessos e uma marcha por 12 Estados mexicanos em 2001, os zapatistas hoje estão calmos. Mas permanecem em seus vilarejos em estado de resistência. Ou seja, oposição armada ao governo. Muitos moradores de Chiapas acreditam que eles estejam se preparando para voltar com força total.
Reivindicações: Na aldeia de Acteal, no alto de uma serra, a neblina é constante e a luta pela sobrevivência, também. As mulheres acordam entre 3h e 4h da manhã para fazer tortillas, a base da alimentação local. Os homens levantam às 5h e vão trabalhar no campo, no plantio de café e milho. A língua que todos falam em Acteal é o tzotzil. O líder comunitário José Vasques Gutierres é um dos poucos que fala espanhol e traduziu a Bíblia para o idioma nativo, num trabalho que levou mais de nove anos. Ele não gosta de dar entrevistas, mas se empolgou ao listar as reivindicações do seu povo. "Queremos uma unidade nacional, queremos exigir do governo o que queremos", diz José. "Queremos uma vida digna para todos os indígenas do país, porque somos os donos da terra, fomos os primeiros a chegar aqui. Queremos um futuro com uma vida digna com mais liberdade, direito, justiça, escolas, moradia." José Gutierrez afirma não ser zapatista, mas compartilhar das reivindicações do movimento. O mesmo diz o governador de Chiapas, Pablo Salazar, que não pertence a nenhum partido político.
"Os zapatistas não inventaram a pobreza, nem inventaram o subdesenvolvimento indígena", afirma o governador. "Mas deram o grito mais estrondoso deste país, e essa é a principal virtude dos zapatistas." O governador do Estado de Chiapas, Pablo Salazar. "O movimento zapatista fez com que muitos países se voltassem para nos ver e descobriram que Chiapas é um Estado de enormes contradições. Um dos poucos consensos neste país é que os zapatistas se levantaram por causas justas", opina Salazar. "Mas tenho que reconhecer que, num período de governo de seis anos, não é possivel resolver um problema tão profundo quanto a pobreza em Chiapas."
Pablo Salazar afirma ter um plano para reduzir os indíces de pobreza em seu estado, incentivando a educação, saúde e a reativação econômica, especialmente no campo, já que 70% dos indígenas se dedicam a atividades agropecuárias.
O EZLN é um grupo indígena, contudo não-violento, com inspirações Zapatistas com sede em Chiapas, o estado mais pobre do México. Incorpora tecnologias modernas como telefones via satélite e Internet como uma maneira de obter a sustentação local e estrangeira. Consideram-se parte do largo movimento de antiglobalização.
Sua voz mais visível, embora não seu líder, porque é um segundo-comandante — todos os comandantes são índios maias — é o subcomandante Marcos. O comunicado abaixo do subcomandante em 28 de março de 1994 explica o porque de esconder os rostos e porque todos os zapatistas dizem que se chamam "Marcos": "Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos."
O Massacre de Acteal aconteceu em 22 de dezembro de 1997 no vilarejo de Acteal em Chiapas, 46 indígenas tzotziles entre eles 18 crianças, 22 mulheres e 6 homens foram mortos dentro da Igreja de Acteal. A comunidade zapatista local testemunha que 90 paramilitares supostamente membros da Máscara Roja (Máscara Vermelha) fizeram o massacre, durante uma operação que se prolongou por cerca de 7 horas, a curta distância de um posto militar. Os militares ali estacionados não intervieram por forma a evitar o massacre, existindo relatos de que na manhã seguinte alguns deles se encontravam na Igreja, lavando o sangue das paredes. Após indignação da comunidade zapatista, mais de 100 índigenas foram presos em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas. Depois da investigação pela Procuradoria Geral da República do México, entre os supostos participantes na chacina estavam ex-oficiais do exército mexicano e de segurança pública, condenados a pouco mais de três anos de prisão.
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Marcos, que ainda não tinha sido visto em público este ano, reconheceu que seu principal erro nesses anos de luta foi ter chamado a atenção da mídia.
"Se pudesse mudar alguma coisa, seria isso, não ter aparecido tanto para a imprensa", disse o dirigente rebelde em entrevista publicada em abril no livro "Corte de caja", da jornalista mexicana Laura Castellanos.
Os zapatistas, que contam com membros em Chiapas, tomaram as armas em 1º de janeiro de 1994 e Marcos se tornou sua principal figura, mas sua estrela midiática foi ofuscada no contexto das controvertidas eleições presidenciais de 2006, que polarizou o país, e pelo aumento da violência do crime organizado.
Na edição deste domingo, o jornal "La Jornada" publicou duas fotografias na quais se vê Marcos com o "tenente-coronel Moisés", do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).
O líder zapatista recebeu na zona rebelde de La Garrucha integrantes da Caravana Nacional de Observação e Solidariedade com as Comunidades Zapatistas, que denunciaram a incursão de forças federais.
"Entre ganhar e perder, os zapatistas escolheram lutar", disse Marcos aos membros da Caravana, destacou o jornal "La Jornada", que diz que esta é a primeira aparição pública do chefe rebelde este ano. EFE
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