domingo, 22 de março de 2009

FOCO 54: EXISTE UM CONFLITO INTERNACIONAL PELAS ÁGUAS ! ?

Mapa da distribuição de disponibilidade de água no mundo: gerador de conflitos ! ?
Mapa da distribuição dos recursos hídricos no mundo.
Áreas onde há escassez física de água, são as de maior conflito atual ?
Pesquise e voce vai ver.
Como a divisão dos recursos hídricos afeta os conflitos internacionais
Como dividir um bem tão necessário para o desenvolvimento como a água?
Esta é a discussão principal do Fórum Mundial da Água, com sua quinta edição que se encerra dia 23 de março, logo após o Dia Internacional da Água, reúne especialistas e representantes políticos em Istambul. A escolha da capital turca não poderia ser mais representativa dos dilemas atuais, já que se situa entre dois continentes e é vizinha das áreas secas mais instáveis politicamente do planeta, o Oriente Médio e Norte da África. Com o acirramento da escassez de água devido às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global, poluição e barragens de rios, irrigação indiscriminada e a utilização predatória de lençóis freáticos, será que veremos guerras por água?
"A crise da água não consiste na falta absoluta do recurso, mas na escassez justamente nos lugares de maior demanda", aponta Marc de Villiers, jornalista francês que percorreu todos os continentes durante mais de 30 anos para observar as reais condições dos recursos hídricos e reuniu sua experiência no livro Água: como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século 21. Ele propõe, além do uso da engenhosidade humana na busca de soluções, o debate político para contornar os conflitos históricos ligados às fontes hídricas, que incluem disputas entre árabes e israelenses, Índia e Paquistão, Egito e Sudão.
Com o recente conflito na Faixa de Gaza, a divisão da água entre palestinos e israelenses tem sido a mais evidenciada pela mídia atualmente. De acordo com o chefe da Autoridade Palestina de Águas, Shaddad Al Attili, o conflito inviabilizou o acesso para a manutenção das estações de águas, que pararam com a falta de energia elétrica na ocasião. Além disso, os planos de expansão da infraestrutura da região, que depende de recursos de lençóis freáticos que já estão sobrecarregados, foram suspensos desde o acirramento das disputas políticas iniciadas em dezembro. O saldo da violência na região é que o número de pessoas sem acesso à água aumentou em Gaza, local que possui a maior concentração de pessoas por metro quadrado no mundo.
Apesar do político palestino se declarar como "um ministro virtual", já que os projetos de saneamento e abastecimento devem ser submetidos à aprovação do governo de Israel, a realidade é que existe uma cooperação entre as autoridades israelenses e palestinas para tratar da questão desde 1950, quando Israel deixou de ser autosuficiente em relação à água. De acordo com a jornalista Wendy Barnaby, as disputas políticas e de poder levaram a uma abertura e institucionalização do conflito em relação à água, ao invés do conflito armado, que acontece no caso de fronteiras geográficas e políticas. Os profissionais de ambas as nações interagem no Comitê Unido para Água, estabelecido legalmente através dos acordos de Oslo-II em 1995. Mesmo que Israel tenha poder de veto nas reuniões, o comitê é ativo e tem sido eficiente para resolver grande parte dos problemas. Desta forma, a jornalista acredita que as desigualdades no acesso aos recursos hídricos é resultado de um conflito político maior e da dinâmica de poder, e não causa uma guerra por si só.
Em seu artigo na revista especializada Nature, Wendy demonstra seu ponto de vista de que a cooperação é, de fato, a resposta dominante em relação à divisão de recursos hídricos. "Existem 263 locais com águas transnacionais no mundo. Entre 1948 e 1999, os mecanismos de cooperação para as fontes de água, incluindo a assinatura de tratados internacionais, superaram enormemente o conflito por recursos e, especialmente, as disputas violentas. De 1831 instâncias de interações sobre recursos hídricos internacionais neste período (que, no caso, compreendem desde acordos verbais não oficiais até acordos econômicos e ações militares), 67% eram cooperativas, apenas 28% eram conflituosas e os últimos 5% eram neutras ou não-relevantes. Durante estas cinco décadas, não houve nenhuma declaração de guerra realizada em nome de uma disputa por água."
Mesmo assim, em momentos mais violentos a questão da água se torna mais complicada. Por isso, a Cruz Vermelha Internacional lançou um apelo aos participantes do Fórum para que as 750 milhões de pessoas que estão sem acesso à água em regiões de guerra possam ter obter este recurso independentemente das disputas políticas entre os governos. Este posicionamento também foi defendido na manifestação realizada no primeiro dia do Fórum, no qual 17 participantes foram presos ao pregar a despolitização das transações sobre a água e o direito humano de obter este recurso, já que a vida e a saúde da população depende de água.
Segundo o relatório do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, apenas 3,5% da água do planeta é doce, sendo que 75% está sob a forma de gelo na calota polar. A pequena quantidade que sobra está distribuída de forma desigual pelo planeta. Enquanto mais de 90% dos africanos precisam cavar a terra em busca de água, muitas vezes contaminadas por doenças, o Brasil possui cerca de um quinto de toda a reserva potável do mundo. Estes dados são preocupantes porque a água é um recurso fundamental para o desenvolvimento industrial em processos de vapor, resfriamento, geração de energia e sínteses químicas, além de ser fundamental para o avanço agrícola, manutenção da biodiversidade e questões sociais como saúde e saneamento básico.
Por isso, os especialistas da universidade de Stanford aponta que apesar dos organismos internacionais e governos participarem da longa discussão sobre práticas de boa governança, estratégias bem sucedidas e técnicas de ponta, o problema da água sempre existiu. Se a água pode ser considerada como um direito humano, como declarado pelos ativistas em Istambul, quem vai construir a infra-estrutura necessária para o acesso universal? E se a água é uma commodity que deve ser privatizada e vendida para tirar proveito dos recursos eficientes do Mercado, podemos ficar confortáveis ao saber que estamos deixando morrer as pessoas que não podem pagar seu preço?
Como a resposta para ambas as perguntas é não, é preciso considerar que não há uma fórmula global e definitiva para resolver o problema da escassez de água. É preciso educação, formação de novos valores, ética social voltada para conservação do meio ambiente, sendo fundamental a proteção e recuperação dos recursos hídricos. Deve haver um gerenciamento correto dos recursos hídricos disponíveis, sendo que escassez não pode ser resolvida por um país isoladamente, a solução exige consenso internacional e, principalmente, vontade política para implementar os acordos internacionais já alcançados.

FOCO 53: RUSSIA E JAPÃO: AS ILHAS CURILAS !

Oficialmente a Segunda Guerra Mundial ainda não terminou pois dois dos participantes, Japão e Rússia, nunca firmaram um tratado de paz.
O motivo é a disputa sobre quatro ilhas do arquipélago das Curilas, das quais o exército soviético se apoderou. Ontem se apresentou uma boa oportunidade para incentivar uma solução para o conflito. O presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, e o premiê japonês, Taro Aso, se reuniram em Sakhalin, no Oceano Pacífico, cuja parte sul o Japão ocupou entre 1905 e 1945.
Foi a primeira vez, desde o fim da guerra, que um chefe do governo japonês colocou os pés na ilha.

O motivo do encontro era inaugurar uma das maiores indústrias de gás liquefeito do mundo, da qual o Japão se tornará um cliente fundamental. Essa fábrica é parte do projeto "Sakhalin 2", do qual participam como investidores as empresas japonesas Mitsui e Mitsubishi, a anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a russa Gazprom, que tem o principal pacote acionário.
Os interesses econômicos mandam. O Japão tenta diversificar os fornecedores de energia para não depender do Oriente Médio, e a Rússia ganha um cliente depois da última crise do gás com a Ucrânia, que afetou seriamente seus clientes da União Europeia. "Sem dúvida alguma esta fábrica fortalece nossa posição como um dos principais participantes no mercado da energia", assegurou Medvedev à agência ITAR-Tass.

Mas a opinião pública japonesa esperava que as boas relações trouxessem à discussão o assunto das Curilas.
Quando, em 24 de janeiro passado, Medvedev convidou Aso para Sakhalin, a parte russa não se recusava a falar sobre nenhum tema. A imprensa japonesa advertiu que as preocupações econômicas não podem acabar com a prioridade número um: que a Rússia devolva "os Territórios do Norte". Esse é o nome que receberam no Japão.
Na Rússia são "as Curilas do Sul". As ilhas sob disputa se encontram entre Sakhalin e a ilha japonesa de Hokkaido.
Apesar desses temores, Aso disse depois do encontro que ele e Medvedev haviam concordado em acelerar os esforços para resolver a disputa. "Quando a Rússia fala de duas ilhas e nós, de quatro, isso indica claramente que não há uma ruptura", ele explicou. A aposta no diálogo e na cooperação podem ser uma boa estratégia para acabar com o conflito, ainda que Aso possa sair prejudicado na política interna ao voltar de Sakhalin sem nada de concreto. Os dois líderes concordam em não deixar este problema para a próxima geração.
Em 2005 a Rússia sugeriu que poderia ceder duas das ilhas se o Japão desistisse de suas reivindicações sobre as outras duas. Tóquio, no entanto, rejeitou essa ideia. As ilhas em disputa se encontram perto da costa de Hokkaido, a 400 quilômetros de Sakhalin.A fábrica inaugurada ontem é a primeira de gás liquefeito que a Rússia constrói. Espera-se que em 2010 sejam produzidos 10 milhões de toneladas.
Tradução: Lana Lim

sábado, 21 de março de 2009

FOCO 52: CHINA E ÍNDIA DISPUTAM O ÍNDICO !

Pequim organiza sua proteção com a estratégia do "colar de pérolas", formado pelo estabelecimento de bases, instalações comerciais e portos.
Nos mapas eurocêntricos, o oceano Índico costuma chamar muito menos a atenção do que o Atlântico.

O Pacífico, embora apareça entrecortado, sempre impressiona por sua imensidão.

No entanto, o Índico é a massa de água sobre a qual as potências mundiais mais estão tentando projetar sua influência. A tomada de posições na região provoca atritos entre os principais atores, e um incidente naval protagonizado por um navio militar americano e cinco navios chineses evidenciou na semana passada que Pequim não está disposta a aceitar o "status quo" nas águas da Ásia Meridional.Pelo Índico transitam 70% do tráfego mundial de petróleo.

Todos os recursos do Oriente Médio e da África que alimentam o crescimento da Índia e da China passam por ali, assim como grande parte das exportações dos dois gigantes asiáticos. Conscientes da relevância estratégica da região e de suas rotas comerciais, Pequim e Nova Déli estão promovendo uma significativa potencialização de suas forças navais.

A China, além disso, está há anos desenvolvendo sem clamores uma política que parece inspirada no histórico exemplo da República de Veneza, batizada como o "colar de pérolas": uma série de bases, instalações comerciais e portos situados no arco superior do Índico e concebidos para melhorar o controle das águas da região e a proteção do comércio. A Índia observa com receio o que alguns interpretam como um encurralamento.Às inevitáveis fricções com o vizinho indiano, Pequim acrescentou a incomum diatribe com Washington. O incidente nas águas do mar do Sul da China foi qualificado pelo diretor da Inteligência Nacional dos EUA, Dennis Blair, como o choque bilateral "mais grave dos últimos oito anos".

"A China parece estar adotando uma atitude mais agressiva, mais militar", disse Blair, ao comentar o episódio no Senado americano.O assunto causou certo tumulto. Washington emitiu um protesto oficial diante da "agressão" sofrida por seu navio, uma embarcação de prospecção de submarinos que navegava a cerca de 75 milhas da importante base naval chinesa de Yulin, na ilha de Hainan. Pequim, que tem submarinos nucleares nessa base, rejeitou as acusações, alegando que negou passagem ao navio americano porque havia violado seu espaço marítimo; oficiais chineses chamaram os americanos de "vilões". Alguns dias depois, segundo publicou o jornal em inglês "China Daily", o presidente Hu Jintao chamou seus militares para "defender firmemente" os interesses nacionais.

O jornal também repercutiu pouco depois a intenção da cúpula militar chinesa de dotar sua frota de porta-aviões, que atualmente não possui. E no fim de semana passado os EUA enviaram um destróier à região para proteger o barco assediado. "A projeção da China no Índico é motivada pela imperiosa exigência de proteger e facilitar a importação dos recursos energéticos necessários para apoiar seu crescimento", afirma Robert Kaplan, pesquisador do Centro para uma Nova Segurança Americana, em uma conversa por telefone. "Este é um objetivo que a China perseguirá com todas as suas forças", acrescenta Kaplan, que está escrevendo um livro sobre o oceano Índico e acaba de publicar uma ampla análise sobre sua relevância na revista "Foreign Affairs".Por isso Pequim, por um lado, não tolera mais certas manobras americanas em águas da Ásia Meridional e, por outro, concentra seu crescente esforço militar na armada.

"Na próxima década, a frota militar chinesa terá mais navios que a americana. O Pentágono conservará a superioridade tecnológica, mas no mar os números são importantes", diz Kaplan. Nos últimos anos Pequim adquiriu, entre outros, oito submarinos de fabricação russa."É verdade que a China, como a Índia, vem investindo de maneira bastante maciça em forças navais", opina Jason Alderwick, especialista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres. "Mas será preciso ver como a crise afetará essas ambições. Em todo caso, mesmo que a China conseguisse ter um porta-aviões nos próximos dez ou 15 anos e aumentar seu número de navios militares, não creio que possa anular a distância dos EUA.

Estão a gerações de distância."Se o orçamento militar chinês cresce continuamente a índices entre 15% e 18%, ainda mais ambicioso é o plano do "colar de pérolas". "A China avança nessa estratégia de maneira inexorável, metódica", diz Kaplan. Isso naturalmente implica um profundo trabalho diplomático de estreitamento de relações com os países da região, e um importante desembolso econômico para a construção de infra-estruturas como o porto de Guadar, no Paquistão. Situado a pequena distância do estratégico estreito de Ormuz, o gigantesco projeto se baseia em financiamento e engenharia chineses. Para contemplar a importância dessa pérola, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, foi visitá-la quando se concluiu a primeira parte do projeto. As obras continuam.

Outras pérolas estão em fase de planejamento, construção ou acabadas em vários países da região, como Sri Lanka, Bangladesh e Mianmar (antiga Birmânia), cujas costas a China pretende interligar com sua província de Yunnan.O esforço e o investimento indianos também são importantes. Nova Déli pretende acrescentar à sua frota três porta-aviões e três submarinos nucleares até 2015. Mas os EUA, com seus muitos aliados, continuam sendo o principal fator de segurança na região, embora Pequim não pareça disposta a permanecer em um papel secundário.

Mas, além de quem teve a razão jurídica, o incidente da semana passada é uma mensagem nova e clara. "Os americanos consideram sua conduta legítima, mas a China parece tê-lo vivido como um desafio a sua autoridade", diz Alderwick. Além dos fatos, "há uma lógica eminente por trás da política chinesa. Pequim precisa proteger linhas de abastecimento vitais. Creio que, fundamentalmente, o que estão fazendo é legítimo. Não é nada que os EUA não tenham feito a partir de 1946", conclui Alderwick.

FOCO 31: CONFLITO NO SRI LANKA !

Conflito no Sri Lanka transforma 150 mil civis em escudos humanos
Georgina Higueras
Mais de 150 mil civis resistem, como escudos humanos, à guerra de extermínio do Exército do Sri Lanka contra os sanguinários Tigres da Libertação da Pátria Tâmil
Sem testemunhas, porque os jornalistas estão vetados, e sem água, nem comida, nem medicamentos, 150 mil civis suportam, aterrorizados, a última ofensiva do Exército do Sri Lanka sobre os Tigres da Libertação da Pátria Tâmil (LTTE). São escudos humanos da guerrilha mais feroz de que se tem conhecimento. Mulheres e crianças são expostas a tiros nas costas se fogem, e a tiros no peito por aqueles que os cercam.
São reféns de duas forças nefastas que não entendem de direitos humanos: 50 mil soldados, que avançam, implacáveis, praticando a política de terra queimada, e cerca de mil tigres, os combatentes ainda vivos do grupo terrorista mais disciplinado e sanguinário da história. Estão cercados em Vanni, uma estreita faixa de litoral com apenas 12 quilômetros de extensão, sem sequer um corredor humanitário, nem uma via de escape negociada.

"O Sri Lanka não é uma ameaça à paz internacional, mas estão cometendo crimes contra a humanidade que a comunidade internacional deve investigar", afirma o espanhol Borja Miguélez, responsável em Colombo pelo Departamento de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO).
Segundo agências da ONU, desde o final de janeiro, quando começou essa última fase da ofensiva, morreram mais de 2.300 civis e 6.500 foram feridos. Entre os mortos estão mais de 500 crianças.

Bombardeadas pelo Exército e perseguidas pelos tigres, as famílias, com os menores nas costas, seguiram as legiões de combatentes até chegarem a Vanni, faixa declarada oficialmente "zona neutra". No entanto, sofrem diariamente ataques indiscriminados sob a justificativa de que os tigres se escondem entre os civis. Até agora, somente 36 mil conseguiram escapar do inferno e já se encontram em acampamentos procurados pelas ONG internacionais. Informações não confirmadas garantem que outros 20 mil tâmeis cruzaram as linhas e estão sendo interrogados pelo Exército e paramilitares para comprovar que são civis. Nesse processo, muitos são violentados e assassinados. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) leva semanas pedindo ao governo que lhe autorize assistir à identificação para garantir a segurança dos que se atrevem a escapar.

Aqueles que permanecem sob a tutela dos tigres, inclusive as crianças, passam o dia cavando trincheiras ou escondidos nelas, porque os bombardeios do Exército podem durar horas. Às vezes, sequer podem sair e preparar algo para comer com o pouco que lhes resta. Apesar das petições das organizações humanitárias internacionais, somente nessas seis semanas foi permitida a entrega, em 8 de março, de um carregamento com 500 toneladas de alimentos.

A prestigiosa ONG International Crisis Group (ICG), em seu comunicado da última segunda-feira (dia 16), fez um apelo à comunidade internacional para que pressione o governo do Sri Lanka de maneira que "abandone sua política de aniquilação, impeça o ataque final, e permita a chegada de auxílio humanitário para a população e a saída dos civis que a quiserem".

Da mesma forma, a ICG pede àqueles que têm influência sobre o comando LTTE que o convençam a deixar de "utilizar os civis como escudos humanos e que negocie sua rendição".

A essa altura, ninguém duvida que o Exército lhes infligiu uma vistosa derrota. Dos 15 mil quilômetros quadrados que os tigres controlavam em agosto de 2006, quando se reiniciou a guerra, agora são ocupados apenas 50 quilômetros quadrados. Estão sitiados por cinco divisões completas e outras quatro mantêm a retaguarda. O general Shavendra Silva declarou recentemente à Reuters que creem que o líder dos LTTE, Vellupillai Prabhakaran, se encontra com um bom punhado de comandantes dentro do cerco.

Na vitória, foi decisiva a colaboração de Karuna, ex-comandante da guerrilha, que em 2004 dela se desligou e formou a sua própria - um dos grupos paramilitares nos quais o Exército agora se apoia - , que se fez com o controle do leste da ilha e reduziu o domínio dos tigres ao norte.
Karuna, que segundo a Anistia Internacional "foi acusado de ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade", ocupa desde outubro passado uma cadeira no Parlamento do Sri Lanka e foi nomeado ministro da Reconciliação.

Analistas e outros intelectuais sustentam que ganhar a paz é mais importante do que ganhar a guerra; e que o esforço de exterminar os tigres às custas da vida de dezenas de milhares de civis só servirá para que o ódio sufoque a convivência. Os últimos atentados terroristas, que causaram dezenas de mortos, revelam que os LTTE, o grupo que mais cometeu atentados suicidas, continuam dispondo de células infiltradas por todo o território capazes de continuar lutando.

"Os LTTE e o Exército são um reflexo da brutalidade e da selvageria do conflito", observa um observador cingalês independente que, como muitos outros colegas e jornalistas, se encontra ameaçado de morte.
Muitos se viram obrigados a deixar o país para salvarem suas vidas.
Desde o rompimento definitivo do cessar-fogo em junho de 2006, cerca de 200 mil pessoas, a absoluta maioria de tâmeis, se estabeleceram no Ocidente.

Conhecido como a "Pérola do Índico", o antigo paraíso do Ceilão - de 65.610 quilômetros quadrados de extensão e 21 milhões de habitantes - é disputado e manchado de sangue pela fúria da natureza e dos homens.
O tsunami tirou a vida de 30 mil pessoas; os 25 anos de guerra ceifaram o dobro.

Borja Miguélez, de 32 anos, chegou ao Sri Lanka em 2002 para um projeto de desenvolvimento, incentivado pela União Europeia. Acabava de se firmar o cessar-fogo entre o governo e os tigres. A paz parecia abrir caminho entre as duas comunidades hostis: cingalesas (75% da população) e tâmeis (10%), que se confrontavam desde 1983, quando estourou o conflito separatista tâmil no nordeste da ilha. O tsunami que destruiu o litoral do país no final de 2004 levou Miguélez a trocar sua missão pela ajuda humanitária a uma população inocente que todos se empenham em castigar.

Muitas das ONG presentes no Sri Lanka, cujos voluntários nacionais são sequestrados e assassinados pelo Exército, os paramilitares ou os LTTE - quase uma centena desde 2006 - , queixam-se da falta de ação internacional. A Rússia e a China consideram essa guerra suja um "assunto interno". Para a administração Bush, era parte da "guerra contra o terror", porque esmagava um grupo terrorista. E os demais governos, como grandes meios de comunicação social, desviam o olhar.

FOCO 42: OS CONFLITOS NA SOMÁLIA !

Mapa da SOMÁLIA, país do chamado CHIFRE AFRICANO!

Região de conflitos intermináveis: Terra de Ninguém !




A população sofre com o descaso das autoridades, e com o esquecimento internacional !

Caos transforma Somália em um Estado inexistente
Ramón Lobo

Em Madri
Osama bin Laden não gosta do novo presidente da Somália, o xeque Sharif Sheikh Ahmed, um islâmico moderado que desde janeiro conta com o apoio dos EUA e da Etiópia, apesar de ter sido combatido em 2006 quando dirigia a União de Tribunais Islâmicos (UTI). Bin Laden pede em uma fita gravada que ele seja derrubado "por colaborar com o infiel", isto é, a ONU, que tenta reconstruir um Estado inexistente desde 1991. Do caos surgem os piratas que atacam barcos em águas internacionais e os grupos ligados à Al Qaeda, como o Al Shabab, milícia que domina a zona meridional do país e o sul de Mogadíscio.
Militante islâmico guarda posição em Mogadíscio, capital da SomáliaWashington demorou dois anos e uma mudança na Casa Branca (Barack Obama) para entender os matizes, que a única forma de combater os radicais são os próprios islâmicos; hoje distingue entre bons e maus. A reação de Bin Laden demonstra que a aposta é séria. Funcionou no Iraque (quando os EUA compactuaram com a rebelião sunita), pode funcionar na Somália e no Afeganistão: olhos que saibam quem é o inimigo.

Fracassada a opção dos chamados senhores da guerra laicos apoiados pela Etiópia, a aposta é no xeque Sharif Sheikh Ahmed. Em sua ascensão cuidaram-se dos detalhes: coincidiu com a saída do último soldado etíope, com o Al Shabab arrebatando sua grande arma propagandística, a luta contra o invasor. Agora o novo presidente se dispõe a dar um segundo golpe: introduzir a xariá (lei islâmica), mas em uma versão moderada que permita o cinema e não obrigue as mulheres a cobrir-se totalmente. Na última vez em que a UTI introduziu a xariá foi a desculpa para que se ativasse a máquina de guerra que os expulsou do poder em dezembro de 2006.

Em um território onde não existe Estado desde a derrubada de Siad Barre, em 1991, ninguém se ocupa de contar os mortos. São dezenas de milhares nos últimos 18 anos. A UTI foi a resposta à ausência de lei. A religião se transformou em um sinal de identidade que apagou o labirinto de clãs, subclãs e sub-subclãs que destruiu o país.

O êxito em 2005 dos sete primeiros tribunais baseados na xariá (o atual presidente foi responsável por Jowhar) os ajudou a se ampliar, coligar-se e criar uma poderosa milícia própria. Embora os tribunais tenham levado em junho de 2006 a paz a Mogadíscio, onde as pessoas voltaram a passear, a Casa Branca não interrompeu a pressão e o setor mais radical tomou o controle do movimento.Encorajados pelos sucessos contra os laicos, cometeram erros garrafais: o principal, atacar em dezembro de 2006 as tropas etíopes que protegiam o governo provisório (senhores da guerra), dando a desculpa para invadir.

Houve outras decisões que irritaram a população: proibição do cinema, o kat (droga local) e sobretudo a das transmissões de partidas de futebol quando começava a Copa da Alemanha. Houve distúrbios; pelo futebol, não pela falta de Estado.A missão do xeque Sharif Sheikh Ahmed, um poliglota educado na Líbia, parece titânica, pois quase não tem poder real. Ao norte estão a Somalilândia, que atua como um Estado quase independente (foi colônia britânica, diferentemente do resto, que foi da Itália) e a Puntlândia, uma autonomia da qual atuam muitos piratas. O sul e a metade da capital estão nas mãos do setor radical da UTI, chamado Asmara pelo apoio da Eritréia e do Al Shabab.
O xeque Ahmed vai necessitar de um pouco mais que leis; precisa de muito dinheiro para pacificar suas zonas de influência e demonstrar capacidade de governo para atrair apoios. Sem soldados etíopes, o novo presidente conta com o apoio das tropas da União Africana em uma missão aprovada pela ONU. São a única expressão de autoridade que não respeitam os radicais: em fevereiro morreram 11 burundineses em um ataque do Al Shabab.A Somália não é sequer um Estado falido; é um Estado inexistente. A comunidade internacional se preocupa com os piratas que capturam seus barcos (a conseqüência do caos), mas ninguém se interessa pelas causas: a miséria e a corrupção, que são os motores da guerra.

domingo, 15 de março de 2009

FOCO 51: AS TENSÕES INTERNAS NA VENEZUELA !

A VENEZUELA VIVE TENSÕES INTERNAS DESDE A POSSE DE HUGO CHAVES, QUE QUER IMPLANTAR O SOCIALISMO NO PAÍS.
AS TENSÕES INTERNAS AUMENTARAM MUITO...
Chavez assume controle de portos e aeroportos e ameaça prender governadores
Da France Presse
CARACAS, Venezuela, 15 Mar 2009 (AFP) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assumiu o controle de portos e aeroportos e ameaçou prender os governadores da oposição que não acatarem a transferência de administração para o poder Executivo, aprovada em uma reforma da lei de descentralização.
"Vamos recuperar os portos e aeroportos da República, doa a quem doer, e ao comandante-geral da Marinha digo: prepare a Marinha para a tomada de Puerto Cabello (noroeste) e isso tem que ser feito esta semana", disse Chávez durante seu programa dominical, "Alô, Presidente"
"O governador de Carabobo (o opositor Enrique Salas) disse que iria defender Puerto Cabello (...) Sairá preso então, pois nenhuma autoridade pode se opor à Constituição e às leis", acrescentou.
O presidente também anunciou a tomada dos portos de Maracaibo (estado de Zulia, noroeste) e de Porlamar (estado de Nueva Esparta, nordeste), regiões onde governam líderes da oposição, a quem também prometeu prender caso se oponham à medida.
A reforma aprovada na quinta-feira passada pelo Parlamento venezuelano, controlado pelo governo, permitirá ao presidente Chávez tomar o controle de estradas, portos e aeroportos nos estados do país que considerar necessário, assim como administrar seus bens e serviços públicos. A oposição considerou que a medida é inconstitucional e que busca centralizar todo o poder na Presidência.
Segundo a Constituição de 1999, promulgada por Chávez, a "administração e o aproveitamento de estradas nacionais, assim como de portos e aeroportos de uso comercial" são de "competência exclusiva dos estados", em coordenação com o Executivo Nacional.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A VENEZUELA!
1. Qual é o principal objetivo do referendo na Venezuela?
O governo quer aprovar uma emenda constitucional que daria ao presidente Hugo Chávez e a todos os ocupantes de cargos eletivos da Venezuela, como os governadores e prefeitos, a possibilidade de se reeleger indefinidamente. Para que isso seja possível, é preciso que sejam modificados cinco artigos da Constituição do país. Os cidadãos responderão no dia 15 se concordam com a alteração do texto desses artigos para “ampliar os direitos políticos de venezuelanos e venezuelanas”, nas palavras de Chávez.

2. O que Chávez pretende se conseguir o poder sem limites?
Sepultar de uma vez por todas a democracia na Venezuela. Chávez tem sistematicamente usado os instrumentos da democracia para reduzir a influência da oposição e impor uma política que se assemelha, cada dia mais, com um regime ditatorial. Em dez anos, ele já nacionalizou empresas de eletricidade, telecomunicação, alimentos, aço e petróleo. As consequências do aumento da participação estatal na economia se fazem sentir. As estatizações de empresas de telefonia e eletricidade deterioraram o serviço prestado à população. As estatizações afugentam os investidores: o risco país da Venezuela é o mais alto entre os mercados emergentes. A Justiça foi aparelhada por chavistas e a imprensa, censurada e ameaçada, num claro gesto ditatorial. Aparentemente, ninguém vai impedir Chávez de prosseguir com sua marcha tresloucada na Venezuela. Tanto ali quanto em Cuba - e em todos os outros lugares onde a experiência já foi testada - a construção do socialismo coincide sempre com a destruição dos países nos quais o sistema é implantado.

3. Por que realizar o novo referendo é uma manobra inconstitucional?
A consulta é ilegal visto que a Constituição venezuelana (escrita pelo próprio Chávez) impede que uma reforma política rechaçada pela população seja submetida a novo voto no mesmo governo. Pouco depois da derrota no primeiro referendo, Chávez “autorizou" os seus simpatizantes a recolher assinaturas para conseguir uma emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial sem limites.

4. Essa é a primeira manobra arbitrária de Hugo Chávez?
Não. Em julho de 2008, ele colocou em vigor, por decreto, um pacote com 26 leis rejeitadas pela população no mesmo referendo em que lhe foi negado o direito à reeleição indefinida. Entre os decretos consta a criação de uma milícia em pé de igualdade com as Forças Armadas, mas diretamente subordinada à Presidência da República. Um outro coloca o setor alimentício sob controle do estado, que poderá decidir até quais produtos serão enviados a cada região do país. Numa reedição tardia da fracassada economia centralizada soviética, o presidente se dá o direito de decidir que alimento deve ser produzido ou comercializado. O empresário que não quiser cooperar com o governo se arrisca a cumprir pena de dez anos de prisão.

5. Como o coronel conseguiu aprovar essas leis?
Por que ainda estava em vigor no país a Lei Habilitante, que permitiu ao presidente governar a Venezuela por decreto durante um ano e meio. Desde que Chávez assumiu o poder, uma em cada três leis foi aprovada dessa maneira, sem passar pelo crivo do Congresso. O texto completo das 26 leis só foi divulgado dias depois da promulgação.

6. Por que Chávez tem tanta pressa para que o novo referendo seja realizado?
Com o barril de petróleo, seu principal combustível político, a menos de 40 dólares, o valor mais baixo em anos, Chávez quer ir às urnas antes que a economia venezuelana entre em recessão. A exemplo de outros populistas históricos, há no arsenal do presidente venezuelano dois recursos básicos: o nacionalismo sem vergonha e distribuição assistencialista do que quer que seja - alimentos, remédios, gasolina subsidiada, dinheiro em espécie. Para ocultar a inflação mais alta do continente, de 30% ao ano, o governo subsidia alimentos importados. A Venezuela, apesar das férteis terras, importa 80% do que come. O desequilíbrio é pago pela PDVSA, mas a estatal já começa a sentir a crise - vários de seus fornecedores não recebem há meses.

7. Quais são os argumentos do coronel para se manter no poder?
Chávez insiste que a sua proposta de instalação de um regime de "socialismo do século XXI" está "apenas em fraldas" e, por isso, ele deve continuar na presidência depois de 2012. Segundo ele, mudar de ginete ou capitão quando ainda não estão consolidadas as etapas de maturação iniciais de um processo é sumamente arriscado. Além disso, Chávez argumenta que, sem ele, haverá uma guerra civil na Venezuela.

8. Quais são as ações da oposição para impedir a reeleição indefinida?
A oposição acusa Chávez de querer perpetuar-se no poder e de violar princípios constitucionais. Os oposicionistas argumentam que a alteração constitucional ameaçaria a alternância de poderes na Venezuela. Mas os adversários do presidente ainda não têm um líder nacional que os aglutine e se apresente como alternativa a Chávez, cuja popularidade permanece em torno de 60%. Na política venezuelana, a oposição pode muito pouco. Os partidários de Chávez controlam a totalidade das cadeiras na Assembleia Nacional, última guarida institucional dos não-alinhados ao presidente. O coronel qualifica seus opositores como "colonialistas" e os acusa de representar "o contrário à pátria". Em um claro aviso antidemocrático, Chávez disse à oposição que “não se equivoque, pois essa é uma revolução pacífica, mas também armada”.

9. Chávez tem o apoio de toda a população?
Não. Um bom exemplo disso são os protestos de estudantes universitários. Um influente movimento estudantil de oposição voltou ao centro do cenário político venezuelano, mobilizando-se contra a proposta de eliminar os limites à reeleição. A militância estudantil foi um dos principais fatores que levaram à derrota no primeiro referendo. A disputa pela aprovação ou não da reeleição no novo referendo está tensa e tem sido marcada por confrontos entre jovens opositores e simpatizantes de Chávez nas ruas de Caracas. O próprio Chávez já concluiu que seu pior inimigo são os universitários. Por isso, mandou reprimir as marchas estudantis. À polícia ordena jogar “gás do bom” contra quem desafiá-lo nas ruas. Reuniões nas universidades são atacadas impunemente por grupos paramilitares pró-governo armados com lacrimogêneo. Alguns carros de dirigentes são incendiados - sempre com cuidado, para não deixar mortos ou feridos graves.

10. Chávez poderá ocupar o papel de Fidel na América Latina?
Faltam ao coronel venezuelano a respeitabilidade e as circunstâncias históricas que deram transcendência a Fidel Castro. Como disse a VEJA o historiador venezuelano Elias Piño, da Universidade Andrés Bello, em Caracas, "em termos de ideias e de capacidade para elaborar um conceito ideológico, Chávez não conseguiria suceder a Fidel".

11. O que pensa o presidente Lula a respeito da reeleição indefinida?
Lula diz apoiar a proposta de reeleição ilimitada para presidente e outros cargos eletivos na Venezuela, desde que a decisão seja do povo. Ele, no entanto, ressaltou que essa ideia não deve ser aplicada ao Brasil e disse que quer eleger seu sucessor. Para o presidente, não se deve comparar o projeto venezuelano com o Brasil, já que cada país tem seu "próprio processo democrático". “No dia em que o povo não quiser mais, ele não vai votar em Hugo Chávez, vai votar em outro e vai ser a mesma Constituição que vai permitir que possa ter mais de um mandato, mais de dois mandatos, mais de três. Da minha parte, tenho toda a compreensão de que o povo venezuelano queira aprovar o referendo”, afirmou Lula. Segundo o presidente, o Brasil ainda não está preparado para pensar em reeleição sem limites, pois tem uma democracia recente.

quarta-feira, 11 de março de 2009

GUERRA DA CORÉIA

MAPA DA GUERRA DAS CORÉIAS !


A PENÍNSULA COREANA ATUALMENTE!
ESTE CONFLITO AINDA É LATENTE, MAS CARECE DE AÇÕES REGIONAIS E INTERNACIONAIS !
Rússia e China pedem calma na península da Coreia
11 de Março de 2009, Por Guy Faulconbridge
MOSCOU (Reuters) - Rússia e China manifestaram na quarta-feira preocupação com a crescente tensão na península da Coreia, depois que a Coreia do Norte alertou que o eventual abate de um míssil de longo alcance que o país pretende testar será encarado como um ato de guerra.
Pyongyang disse na segunda-feira que colocou suas Forças Armadas em prontidão total, em resposta ao início dos exercícios militares anuais conjuntos que envolvem EUA e Coreia do Sul.
O regime comunista confirmou também que pretende testar o seu míssil Taepodong-2, supostamente capaz de atingir o Alasca (EUA), e alertou contra qualquer tentativa de derrubá-lo. Esse míssil nunca foi testado com sucesso.
"Ambos os lados manifestaram preocupação com a piora da situação na península coreana", disse a chancelaria russa em nota depois de um encontro entre os chanceleres Sergei Lavrov (Rússia) e Yang Jiechi (China), na terça-feira.
Os ministros pediram que os envolvidos "demonstrem moderação e compostura, e evitem quaisquer ações que possam abalar a segurança e a estabilidade na região."
As prolongadas negociações pluripartites sobre o programa nuclear norte-coreano estão atualmente paralisadas. EUA, China, Japão, Rússia e Coreia do Sul haviam oferecido ajuda energética a Pyongyang em troca do seu desarmamento nuclear, mas o processo está emperrado devido à recusa norte-coreana em permitir que amostras atômicas sejam levadas ao exterior para testes.
Moscou e Pequim são cruciais nos esforços diplomáticos para conter o programa nuclear norte-coreano, já que mantêm ligações mais estreitas com Pyongyang do que os outros participantes do processo.
"Rússia e China querem que todas as questões contenciosas sejam resolvidas pacificamente por meios políticos e diplomáticos, via consultas e negociações", disse a nota da chancelaria russa.
A Coreia do Norte ameaça repetidamente nas últimas semanas reduzir a Coreia do Sul a cinzas, numa reação irada à decisão de Seul de condicionar o envio de ajuda econômica ao desarmamento nuclear do Norte.
Pyongyang diz estar preparando o lançamento de um satélite, que seria parte legítima de um programa espacial pacífico. Sanções da ONU impedem o país comunista de testar mísseis balísticos.

OS CONFLITOS NA ÁFRICA: O MUNDO BUSCA AJUDAR, MAS AINDA HÁ RESISTÊNCIAS!

O jornalista e escritor Bernardo Valli, em artigo para o jornal La Repubblica, 10-03-2009, analisa a história de guerras da África e o rastro de sangue das chagas abertas desse continente, que o fazem perder sua identidade.
Segundo Valli, "em menos de uma geração, metade da população africana será urbana, e as pessoas se sentirão sempre mais senegaleses, quenianos, gabonenses, camaroneses e não mais serere, ulof, kikuyu, beté, fang ou bamileké". A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o artigo.
A África independente está por completar meio século: foi em 1960 que muitos países conquistaram a soberania nacional. Foi naquele ano que o processo de descolonização, já iniciado na década anterior e anunciado ainda antes, logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, acelera o ritmo no continente. O processo se prolongou até os anos 70 para as colônias portuguesas, Angola e Moçambique, obrigadas a esperar a "descolonização interna" de Portugal, isto é, o fim da ditadura de Salazar. Foi entusiasmante, para um jovem cronista como eu era na época, assistir o nascimento de tantas nações. Era um dos grandes acontecimentos do século XX: os africanos se tornavam protagonistas em sua própria terra, que se coloria de tantas bandeiras nacionais, depois de ter sido uma grande mancha ("sem história e sem indivíduos") sobre a qual ondulavam as bandeiras das potências coloniais. Sem a emancipação da África, não haveria hoje, provavelmente, na frente dos Estados Unidos da América, um presidente com uma precisa ascendência africana.
Muitas vezes, a desilusão intervém quando as importantes mudanças da História, que marcaram um progresso e acenderam as fantasias, se chocam com a realidade. Não poucos líderes dos movimentos pela independência, uma vez no poder, se transformaram em verdadeiros déspotas. Não teriam os mesmos tons (um pouco parecidos aos do Ressurgimento [unificação da Itália no século XVIII]) os retratos que eu descrevi dos líderes depois de tê-los encontrado: de Nkrumah, presidente de Gana, ou de Seku Turé, presidente de Guiné, para não falar de Mobutu, presidente do Congo (talvez não totalmente estranho à eliminação de Lumumba, que conheci como representante da cerveja Primus, em Stanleyville).
As explicações são muitas. Uma democracia não nasce espontaneamente. Nós, europeus, sabemos bem disso. Para a África, deve-se lembrar que ao se traçar os limites das suas posses, no fim do século XVIII, as potências colônias não prestaram atenção na homogeneidade cultural dos grupos humanos. Os mesmos limites se tornaram, nos anos 60, os dos Estados-nação independentes. Assim, para dar um exemplo, os povos de língua kongo se dispersaram em três Estados, o Congo ex-francês, o Congo ex-belga e a Angola ex-portuguesa.
Ninguém leva em consideração o fato de que esses povos constituíram no passado um poderoso reino, que durou muito mais ao longo da época colonial. A grande Nigéria, como outros países menores, recolhe um mosaico de grupos heterogêneos (étnicos, tribais) aos quais se sobrepôs uma estrutura estatal. Portanto, muitas vezes nasceram Estados, e não verdadeiras nações. O nacionalismo depois da independência se tornou uma ideologia de Estado que legitimou o poder de um grupo, de uma elite. Quase todas as crises, muitas vezes sanguinárias, das últimas décadas se deveram a choques entre grupos étnicos que disputavam o poder. E os partidos políticos são muito retalhados pelas tribos.
A conscientização da nacionalidade é ainda muito rápida, particularmente nos aglomerados urbanos onde o cruzamento étnico é inevitável e onde reside o poder. Em menos de uma geração, metade da população africana será urbana, e as pessoas se sentirão sempre mais senegaleses, quenianos, gabonenses, camaroneses e não mais serere, ulof, kikuyu, beté, fang ou bamileké.
As crises recorrentes no continente não são uma fatalidade. Há 20 anos, a África austral inteira estava em guerra. Havia guerra civil em Moçambique e na Angola. Uma guerra de libertação no Zimbábue. O apartheid na África do Sul e na Namíbia. Hoje, a África austral saia da guerra. A situação no Zimbábue ainda é detestável.
Desde a independência, a África dos Grandes Lagos conheceu os massacres no Congo ex-belga e a guerra anexa do Katanga; uma feroz guerrilha no Congo ex-francês; o genocídio de 1994 em Ruanda; a guerra civil no norte da Uganda. E a guerra quase mundial no Congo ex-belga, que se tornou Zaire e depois República Democrática, com a intervenção de nove países e a participação de um impreciso número de grupos armados. Seria arriscado dizer que tudo vai bem agora na República Democrática do Congo. Porém, é preciso indicar que houve eleições: tanto legislativas quanto presidenciais. Seguidas, é verdade, por uma outra crise na região dos Grandes Lagos.
Na África ocidental, houve a guerra do Biafra, a guerra civil na Libéria e em Serra Leoa. Os conflitos na Nigéria se acalmaram. A Costa do Marfim destruiu a sua imagem de país ordenado e de bem-estar. E depois há o Chifre da África, onde as ex-colônias italianas foram por muito tempo o coração de conflitos: pela independência da Eritréia; a revolução etíope que mandou embora a monarquia; e sobretudo o drama da Somália. País que, nos anos 60, quando declarou a independência, foi indicado como um exemplo de democracia.
Essa lista longa, exaustiva, mas incompleta, serve para destacar que hoje restam muitas crises no estado latente, mas que só uma merece ser definida como uma crise aberta e sanguinária: a do Darfur, uma guerra suja que pode transbordar para os países vizinhos. Muitas ditaduras se transformaram em democracias, mesmo que precárias. A grande difusão de telefones celulares, muitas vezes também em vilarejos isolados, favorece as comunicações, uma troca de informação e de ideias, impensáveis há um tempo.
As chagas da África são muitas: vão desde a mortalidade infantil, à malária, à tuberculose à Aids.
Em "The Bottom Billion", Paul Collier, estudioso da economia do desenvolvimento, procura explicar a pobreza dos condenados da Terra: o bilhão de mulheres de homens que vivem em cerca de 58 países, 70% na África subsaariana. Os principais motivos seriam quatro:
os conflitos armados que se repetem sem descanso, mais ou menos intensamente, de modo crônico, e sempre latentes, que geram instabilidade, uma baixa taxa de escolaridade e uma intensa criminalidade;
a maldição dos recursos naturais, que, por representarem um maná, criam um desastroso clientelismo nos sistemas democráticos e uma arma perigosa nos autoritários;
a interclusão, isto é, a situação dos países sem acesso ao mar e dependentes dos que o circundam e abusam da sua posição privilegiada impondo taxas e impostos;
o governo ruim.
O futuro não é rosa, diz Collier: a paisagem mundial se escurece sobre os países pobres, que sofrerão o peso da crise mais do que os outros.

terça-feira, 10 de março de 2009

FOCO 29: 50 ANOS DA OCUPAÇÃO TIBETANOS PELA CHINA COMUNISTA !

MAPA DA REGIÃO DO TIBET, OCUPADA PELA CHINA, HOJE, 50 ANOS DEPOIS !



50- ANOS DEPOIS, OS TIBETANOS AINDA LUTAM POR SUAS TERRAS, SUA CULTURA, SUAS VIDAS, QUE FORAM CEIFADAS PELA CHINA COMUNISTA !

VERSÃO DOS JORNAIS MUNDIAIS
Nova Délhi/Katmandu, 10 mar (EFE).- Centenas de tibetanos fizeram manifestações hoje na Índia e no Nepal contra a ocupação chinesa do Tibete, por ocasião dos 50 anos da fracassada revolta na região que levou várias autoridades, incluindo o dalai lama, ao exílio.
Em Nova Délhi, os manifestantes levavam bandeiras e cartazes por um "Tibete livre", assim como de agradecimento à Índia por tê-los amparado, e marcharam durante seis quilômetros pelo centro da cidade."Pedimos à China que pare o genocídio cultural no Tibete.
Tentam fazer os tibetanos desaparecer deste planeta e não vamos aceitar isso. Somos contra qualquer política chinesa e pedimos a seu Governo que deixem o Tibete", disse à Agência Efe o porta-voz do Congresso Tibetano da Juventude, Penpa Tsering.
Já os tibetanos exilados no Nepal protagonizaram hoje protestos em Katmandu e participaram de uma prece por ocasião do aniversário da fracassada revolta tibetana contra Pequim.
As autoridades nepalesas negaram que tenham havido detenções, mas testemunhas consultados pela Efe disseram que muitos dos tibetanos foram levados em furgões policiais a uma delegacia, e depois postos em liberdade.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra Pequim e levavam bandeiras tibetanas.

VERSÃO CHINESA DA OCUPAÇÃO.
Reforma democrática do Tibete avançou nos últimos 50 anos
Em 2009, a reforma democrática completa 50 anos no Tibete, com muitos avanços - desenvolvimento econômico, união nacional e população alegre.
Os servos do velho Tibete ocuparam mais de 90% da população. A reforma democrática fez com que os servos se tornassem os donos do país. Nos últimos 50 anos, a região sofreu grandes mudanças em diversas áreas. O PIB regional atingiu, em 2007, 34 bilhões de yuans, aumentando 59 vezes em comparação com o 1959. A ferrovia Qinghai-Tibete trouxe grandes oportunidades para o turismo regional. Atualmente, o turismo é uma grande indústria pilar do Tibete.
Os êxitos obtidos nos últimos 50 anos pelo Tibete demonstram que a reforma democrática assentou uma base sólida para o desenvolvimento tibetano.

domingo, 8 de março de 2009

FOCO 02: QUESTÃO IRLANDESA ! PRISÃO DE BRAÇO DO SINN FEIN !

Vair chegar o tempo, em que a paz, só ela poderá refletir os desejos das populações em todas as partes do mundo !
É o que acredito!
A paz parece estar no foco principal na QUESTÃO IRLANDESA !
Com o IRA desarmado, agora só resta buscar enterrar de vez todos os vestígios de que a intolerância prevalecia.
LEIA ABAIXO:

Belfast (R.Unido), 8 mar (EFE).- O Sinn Féin, braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), condenou hoje o atentado da noite do sábado em uma base militar da província, e afirmou que os responsáveis do ataque "não têm nem apoio nem estratégia para conseguir a unificação da Irlanda".Assim afirmou hoje de Belfast o presidente desse partido, Gerry Adams, que qualificou o "tiroteio" como uma agressão contra o "processo de paz".Segundo ele, a ação terrorista, que provocou na noite passada a morte de dois soldados e deixou quatro feridos, é "equivocada e contraproducente" para os objetivos históricos da comunidade republicana na ilha da Irlanda."Sua intenção é que os soldados britânicos retornem às ruas. Querem destruir os progressos dos últimos anos e afundar a Irlanda em um novo conflito", afirmou Adams, que pediu aos cidadãos que cooperem com as investigações da Polícia norte-irlandesa (PSNI), se tiverem informações a respeito.Suas palavras ganham hoje especial importância, já que seu partido criticou duramente que o PSNI tenha solicitado esta semana a intervenção dos serviços secretos (o MI5) e das Forças Armadas britânicas para enfrentar a crescente ameaça de facções dissidentes do IRA.O chefe do PSNI, Hugh Orde, advertiu na sexta-feira passada que o risco de ataques de paramilitares dissidentes está no nível mais alto desde que ele chegou ao cargo, há sete anos.Em agosto de 2007, o Exército pôs fim a suas operações na província, aonde chegou em 1969 para apoiar a Polícia, devido ao aumento da violência com os confrontos entre católicos e protestantes, uma situação que durou mais de 30 anos.No entanto, o Sinn Féin considerou que os alertas lançados há dias pelas autoridades policiais eram exagerados e que, portanto, não justificava o envolvimento de forças especiais britânicas na região.Talvez isso explique o fato de a formação republicana ter sido o último partido da província a condenar hoje o atentado do sábado, com várias horas de diferença a respeito de outras forças políticas da província.

domingo, 1 de março de 2009

FOCO 03 : INDEPENDÊNCIA DE KOSOVO : MITROVICA, O "CALDEIRÃO" ÉTNICO DE KOSOVO !


ÁREA DESTACADA EM KOSOVO, É MITROVICA, cidade ao norte de Kosovo, onde sérvios resistem a declaração de independência de Kosovo.
QUEM ACHOU QUE OS CONFLITOS NA EX-IUGOSLÁVIA ACABARAM COM A INDEPENDÊNCIA DE KOSOVO, ESTÃO ENGANADOS. A REGIÃO DOS BÁLCÃS, É UM MOSAICO DE CULTURAS ! EM KOSOVO, TAMBÉM EXISTE UM MOSAICO DENTRO DE UM MOSAICO: MITROVICA !
LEIA
Mitrovica é a cidade onde há a mais forte e resistente implantação de sérvios em território do Kosovo que, ao contrário dos kosovares-albaneses, não querem esta "independência". Tudo porque, além de unilateral, esta "independência" vem deitar por terra o orgulho sérvio, não devendo ser tomada com grandes optimismos. Muita água há-de ainda correr antes que esta "independência" ganhe assento firme. Em Sarajevo uma guerra mundial começou fácil, fácil. No Kosovo, o barulho das garrafas de champagne pode vir a ser substituido por outro ainda mais estrondoso. Espero que não, mas não acredito.
Em uma noite de janeiro, um dos mais famosos criminosos de Mitrovica Norte - parte da cidade kosovar povoada pelos sérvios - teve um filho. Para comemorar o acontecimento, ele foi até a ponte central. É um local histórico de confrontos entre a polícia e a comunidade albanesa que vive no sul. Sem ligar para os inúmeros passantes, ele deu um tiro para cima com sua arma automática. No dia seguinte, no rádio, o chefe da polícia local deu outra versão dos fatos: um homem feliz da vida se divertia com rojões.Quem nos conta essa anedota é um corajoso ativista, Momcilo Arlov, que dirige o Centro para o Desenvolvimento da Sociedade Civil. Sua esposa estava presente no momento dos fatos. Em seguida, ele procurou representantes da Kfor (a força militar da Otan) e da Eulex, a nova missão civil europeia encarregada da aplicação da lei. "Eles nos perguntaram se queríamos prestar queixa", ele diz. "Mas esse cara sabe onde a gente mora! Por que devemos fazer o trabalho dessas organizações internacionais que deveriam nos proteger?"Mitrovica tem uma reputação deplorável: a de ser um caldeirão étnico, onde os conflitos são os mais impressionantes de Kosovo.
Dividida em duas pelo rio Ibar, a cidade abriga ao norte os elementos radicais da comunidade sérvia, fortalecidos pelo apoio de sua pátria vizinha. No dia 17 de março de 2008, um mês depois da Independência, violentos choques puseram os sérvios de Mitrovica em oposição às forças internacionais. Estas haviam fugido do tribunal por força de ex-funcionários sérvios que estavam ali instalados. Um soldado ucraniano morreu naquele dia. Mas a tempestade pode irromper por um motivo bem menor. No dia 30 de dezembro, muitas lojas albanesas foram queimadas após o ferimento por arma branca de um jovem sérvio durante uma simples briga.
A ferida de Mitrovica não é somente a "segregação", segundo Momcilo Arlov. É também o aumento das atividades criminosas, especialmente o contrabando de gasolina. No ano passado, os postos aduaneiros no norte da cidade foram incendiados, abrindo caminho para todos os tráficos. "A situação se agravou nessa zona desde a independência", reconhece Yves de Kermabon, o chefe francês da Eulex. "É preciso reativar a alfândega para evitar que isso vire uma gigantesca zona de 'duty free'. Desde 9 de dezembro foram recolocados funcionários nos postos. Estão procurando um meio técnico para restabelecer a alfândega, mas terá de haver uma cooperação com os sérvios".
Para os sérvios, a questão é política. "Não pode haver boas razões para permitir aos kosovares que finquem sua bandeira neste lugar", resume Olivier Ivanovic, secretário de Estado do ministério sérvio para o Kosovo.Há duas semanas que os aduaneiros anotam novamente o conteúdo das mercadorias que transitam nos dois sentidos, mas nenhuma taxa é cobrada. Muitos carros circulam sempre sem placa. "Nossas perdas são avaliadas entre 1,5 e 2 milhões de euros por semana", revela Blerim Shala, um dos líderes do partido de oposição, a Aliança para o Futuro de Kosovo (AAK).
Nosso governo considera isso como responsabilidade das organizações internacionais. Assim, a zona é um paraíso para os criminosos, ligados aos extremistas sérvios".Na realidade, a gasolina concilia os criminosos albaneses e sérvios, segundo diversas fontes. Comprada na Sérvia sem pagamento de taxas de exportação, ela é em seguida encaminhada a Kosovo sem direitos aduaneiros, e depois vendida a um preço inigualável na Europa: 0,75 euros por litro!
Diante desses interesses criminosos, as organizações internacionais são pressionadas em seus diversos compromissos, às vezes contraditórios. A Eulex deve permanecer neutra na questão do Kosovo, dizem os sérvios; seus policiais e seus agentes aduaneiros não podem defender a integralidade territorial da antiga província. Quando os militares franceses da Kfor recentemente supervisionaram as equipes que vieram explicar as modalidades de recrutamento da nova polícia kosovar, nos vilarejos sérvios perto de Mitrovica, eles enfrentaram manifestações hostis.As autoridades sérvias ditas paralelas, em Mitrovica do Norte, sustentam um discurso radical que impede qualquer tipo de diálogo. "Eles não são em grande número, mas dispõem de poder financeiro e político", observa o prefeito albanês de Mitrovica do Sul, Bajram Rexhepi. Eles têm interesse na anarquia e representam um obstáculo à aproximação entre as comunidades".É o que diz Pieter Feith. O representante especial da União Europeia em Kosovo gostaria que Belgrado contribuísse mais para uma normalização e rompesse com os agitadores. "Alguns líderes em contato com a Sérvia intimidam a população. Há um convite à violência", ele nota. "Devemos nos assegurar de que essa parte do território não se transformará em um buraco negro".Um dos principais acusados, do lado dos nacionalistas sérvios, nos recebe em uma pizzaria decorada com ícones ortodoxos. Diretor do hospital de Mitrovica do Norte, Marko Jaksic ignora as críticas sobre as redes criminosas. "Propaganda ocidental!", ele afirma. "O buraco negro da Europa é Kosovo, com seus traficantes de drogas". Estaria ele pronto para apoiar a ação dos policiais e dos magistrados da Eulex? "Nós não colaboraremos com a Eulex, mas também não atrapalharemos seu trabalho". O status quo pode contar com ardentes defensores.
Le Monde, 19/02/09