terça-feira, 29 de dezembro de 2009

FELIZ PAZ EM 2010 PARA TODOS....

OLÁ GALERA... FORAM TANTOS CONFLITOS ESTUDADOS EM 2009, NÃO É MESMO ?
ESPERO QUE EM 2010 POSSAMOS ESTUDAR MENOS CONFLITOS, POIS ACREDITO QUE A PAZ É POSSÍVEL...

ENTÃO QUE EM 2010, A PAZ SEJA NOSSA MAIOR PREOCUPAÇÃO...

FELICIDADES,
PAZ,
SAÚDE E
MUITO ESTUDO...
BEIJOS...
FUI.....................


MANIFESTO VERDE PELA PAZ DA HUMANIDADE, DA NATUREZA E DO PLANETA TERRA

Paz em seu coração. Paz em sua vida. Paz em você. Paz em sua saúde. Paz em sua alma. Paz de espírito. Paz em seu coração. Paz em seus sonhos. Paz em seu pensamento. Paz em suas escolhas e decisões. Paz em seus projetos de vida. Paz em suas emoções. Paz em sua nova esperança. Paz em seu cotidiano. Paz em seus momentos de decepção e angústia. Paz em sua consciência. Paz em seus relacionamentos. Paz em sua família. Paz em seu amor. Paz em suas amizades. Paz em seu trabalho. Paz entre seus vizinhos. Paz em sua escola. Paz em suas práticas de lazer e esportes;

Paz em sua universidade. Paz em seu lazer. Paz em seus projetos sócio-educativos e ecológicos. Paz em seu conhecimento. Paz em sua profissão. Paz em seus grupos e associações. Paz em seus projetos e empreendimentos. Paz em suas realizações culturais e científicas. Paz em seus trabalhos individuais e coletivos. Paz em sua ecologia interior. Paz em sua crença religiosa. Paz em seu trabalho solidário a favor dos mais pobres e famintos de pão, moradia e saúde;

Paz em sua rua. Paz em seu bairro. Paz em sua região, setor urbano ou rural. Paz em sua cidade. Paz em seu estado. Paz em seu país. Paz em seu continente. Paz na América do Sul. Paz para a América Latina. Paz para todas as Américas. Paz para todas as nações do mundo. Paz para os continentes. Paz nas vilas e nas grandes metrópoles. Paz nas estradas. Paz em todos os meios de transporte. Paz para a liberdade do ir e vir de todo ser humano; Paz e liberdade para toda palavra que represente o bem, a verdade, a dignidade humana, a paz, a harmonia, o amor, a solidariedade, e amor universal;

Paz na política. Paz na ética. Paz para as populações. Paz nas nações e seus governos. Paz para o mundo em guerras. Paz para todas as religiões. Paz para todos os credos. Paz para todos os dogmas. Paz para toda fé. Paz para o exercício da cidadania. Paz para garantir os direitos humanos. Paz para todas as crianças, adolescentes, adultos e idosos. Paz para todas as raças, etnias, povos nômades, indígenas. Paz para os povos abandonados pela sociedade;

Paz na Terra. Paz no campo. Paz para a reforma agrária. Paz nas nos sistemas e organizações que contribuem com a educação e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Paz nas culturas. Paz nos ofícios. Paz para as expressões humanas éticas e solidárias. Paz na comunicação entre os homens. Paz para todas as ciências. Paz para as utopias. Paz para todos os projetos humanistas que trabalham em defesa da humanidade. Paz para os artistas, poetas, escritores e pensadores. Paz em todos os campos das artes e filosofias. Paz para as consciências que representam as grandes decisões sobre o mundo político. Paz para as manifestações a favor da justiça, liberdade e consciência;

Paz para o mundo. Paz para a natureza. Paz para todos os mundos existentes no Planeta. Paz para o meio ambiente. Paz para todas as políticas ecológicas e ambientais. Paz para a relação dos homens com a natureza. Paz para todas as águas do planeta, como os rios, mares, oceanos, rios, lagos, riachos, lagoas, cachoeiras, fios de água. Paz para os golfinhos, focas, orcas, baleias, botos e todos os animais da terra, do mar e do ar. Paz para todos os belos animais que são mortos com violência pelos homens. Paz nas montanhas, cordilheiras, florestas e matas. Paz para todos os seres vivos de todos os sistemas existentes na terra. Paz às nações, para que seja agendado o último dia da última guerra que ainda não tem prazo para terminar. Paz às gerações do futuro em 2050, 2100 e nos próximos séculos. Paz para toda a Humanidade hoje e de amanhã. Paz para o nosso Planeta Terra – lindo orbe que flutua no espaço azul do Sistema Solar, e pede socorro aos seus de 6, 6 bilhões de habitantes;

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

FOCO 23: SEPARATISMO DO POVO MAPUCHE, NO CHILE !

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, enviou ao Congresso na semana passada projeto que cria um ministério para assuntos indígenas e anunciou a distribuição de 10 mil hectares de terras aos mapuches, a principal etnia chilena.
A reportagem é de Flávia Marreiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-10-2009.
O governo também propôs uma reforma constitucional para reconhecer os indígenas, já que a Carta chilena é a única na região a não fazê-lo.
Mas nem as medidas nem o discurso da esquerdista moderada Bachelet, que defende um novo "pacto multicultural", são suficientes para dissipar a desconfiança dos mapuches.
Os anúncios ocorrem em meio a mais uma onda de protestos na região de Araucanía, no centro-sul, que concentra os mapuches da área rural. Segundo o censo de 2002, são 600 mil mapuches em todo o país, ou 4% da população; 27% vivem na periferia de Santiago.
Araucanía é palco de conflitos entre indígenas e responsáveis por projetos energéticos, de exploração mineira e florestal. Em agosto, a tensão recrudesceu após a morte do mapuche Jaime Mendoza, 24, por um policial, numa ação de reintegração de posse.
À comoção por Mendoza se juntou a ameaça do governo de voltar a invocar a lei antiterror contra quatro mapuches acusados de queimar um caminhão e de atacar um posto de pedágio.
Se isso ocorrer, será a primeira vez que, sob Bachelet, a norma, uma herança da ditadura, será aplicada. A lei prevê penas muito mais duras, além de proibir liberdade condicional, critica a ONU. "Fala-se de "incêndio terrorista", mas só se aplica aos mapuches. Quando estudantes lançam coquetéis molotov é desordem social", diz o analista Raúl Sohr. "Há quase uma atitude racista na aplicação."
Os mapuches exigem respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que acaba de entrar em vigor no país e prevê consulta das comunidades antes da exploração de seus territórios. "O governo trata a questão pelo viés policial ou do talão de cheques. Só 5% das terras ancestrais estão conosco", critica o historiador mapuche Pablo Mariman.
No Chile, a principal política do governo é comprar terras e entregá-las aos indígenas. A maioria dos programas foca o engajamento das comunidades em empreendimentos produtivos públicos e privados.

domingo, 2 de agosto de 2009

FOCO 01 : QUESTÃO DO PAÍS BASCO

MADRI (Reuters) - Numerosas manifestações silenciosas em toda a Espanha condenaram na sexta-feira o mais recente atentado atribuído ao grupo separatista basco ETA, em Maiorca, onde foi celebrada uma missa de corpo presente pelos dois guardas civis assassinados na véspera.
O Parlamento nacional, o Parlamento catalão e numerosas prefeituras - inclusive as de Palma de Maiorca, local do atentado, Burgos e Pamplona, cidades natais dos agentes assassinados - fizeram cinco minutos de silêncio para condenar as mortes de Diego Salvá, de 27 anos, e Carlos Sáenz de Tejada, de 29.
O jipe onde eles estavam explodiu na localidade de Palmanova, município de Calvià, um dos mais turísticos de Maiorca, uma ilha do Mediterrâneo. Na véspera, o ETA havia tentado realizar um ataque contra um quartel da Guarda Civil em Burgos, a centenas de quilômetros de distância.
As ações coincidem com o 50o. aniversário da fundação do grupo armado ETA. "Junto à mais firme repulsa e condenação, queremos fazer chegar de coração nosso mais profundo pesar a seus familiares, amigos e colegas, assim como toda nossa solidariedade aos afetados", disse o rei Juan Carlos na ilha da Madeira (Portugal), onde está em visita oficial.
O presidente de governo (primeiro-ministro) espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e o líder da oposição, Mariano Rajoy, compareceram ao velório no Palácio de la Almudaina, próximo à catedral de Palma, onde pouco depois ocorreu a missa, com a presença dos príncipes de Astúrias. Populares vaiaram políticos e deram vivas à Guarda Civil. Zapatero concedeu postumamente a Cruz de Ouro ao Mérito para os agentes assassinados.
"(Os assassinos) nos causaram um grande sofrimento pessoal para todos os cidadãos de bem, mas não conseguiram nem sequer roçar nossa firmeza, nem mesmo arranhar nossa determinação de acabar de uma vez por todas com o terrorismo", disse a vice-presidente de governo, María Teresa Fernández de la Vega.
As autoridades ainda não deram detalhes das investigações, mas na sexta-feira o Ministério do Interior divulgou um comunicado com as fotos de seis jovens procurados.
De la Vega disse que "as forças de segurança do Estado já seguem os passos" de dois indivíduos, os quais "já sabem, têm os dias contados". (Reportagem de Inmaculada Sanz)

domingo, 21 de junho de 2009

CAUSAS DAS TENSÕES MUNDIAIS !

O MAPA ABAIXO REFLERE-SE A PROPORÇÃO DA FOME EM VÁRIOS PAÍSES DO MUNDO!
SEMPRE RELATO QUE A FOME PODE LEVAR MILHARES DE PESSOAS A AÇÕES INUSITADAS... POIS BEM... COM A REPORTAGEM ABAIXO, PODEMOS PERCEBER QUE A MESMA GERARÁ MUITAS TENSÕES EM TODAS AS PARTES DO MUNDO...


QUESTÕES ÉTNICAS GERARÃO CONFLITOS...


A FOME ESTÁ PRESENTE NESTE QUESITO..


QUESTÕES NACIONALISTAS GERAM CONFLITOS,


MAS A FOME AUMENTA ESTA REALIDADE...


A crise econômica fará com que o número de famintos ultrapasse, pela primeira vez, a marca de 1 bilhão de pessoas em 2009. A estimativa, publicada ontem, é da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-06-2009.
Segundo a entidade, toda semana cerca de 1 milhão de pessoas ingressam nesse exército de famintos. Por isso, já não se acredita mais que será cumprida a meta de redução da fome pela metade até 2015.
Em 1996, quando a FAO contava 840 milhões de famintos, as Nações Unidas se comprometeram a reduzir esse número para 420 milhões até 2015. "Pela primeira vez na história da humanidade, 1,02 bilhão sofrerão de desnutrição em todo o mundo", lamentou o diretor da FAO, Jacques Diouf.
Uma das opções da ONU é adiar a meta para 2025. Mas isso ainda significa o fracasso das estratégias da ONU e das cúpulas que trataram do assunto. A FAO anunciou ontem que convoca para novembro uma reunião de chefes de Estado para tratar do assunto e conseguir investimentos para a agricultura. Diouf acredita que essa será a forma de superar a fome.
Para a a diretora do Programa da ONU para Alimentos, Josette Sheeran, apenas 1% do dinheiro dado aos bancos nesta crise financeira já resolveria o problema. Mas, sem verba suficiente, a FAO está sendo obrigada a cortar os alimentos distribuídos em Uganda, na Etiópia e em outros países pobres.
"Tenho só 25% do orçamento necessário para alimentar os mais necessitados", disse a diretora, acrescentando que precisa de US$ 6 bilhões, um terço do que receberam as empresas automotivas nos Estados Unidos.
Segundo ela, entre 1969 e 2000 a proporção de famintos no mundo passou de 37% da população mundial para 18%. Hoje, está em 15% e em expansão. "Essa tendência de queda foi revertida", disse ela. A FAO define como subnutrida a pessoa que ingere menos de 1,8 mil calorias por dia.
O aumento do número de famintos começou em 2008, em razão da crise de alimentos. A atual recessão fez com que as remessas de dinheiro dos imigrantes para as famílias diminuíssem, além de secar os investimentos e as doações.
O resultado foi o aumento de mais de 100 milhões no número de famintos em 2008 e é o que se prevê para este ano. O aumento previsto é de 11%. Em termos absolutos, o diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico Agrícola da FAO, Kostas Stamoulis, insiste que essa é a primeira vez na história que o mundo tem tantos famintos.
A constatação da FAO é que o mundo vive uma contradição, já que 2009 terá uma das maiores safras agrícolas da história. "Não há falta de comida, há falta de acesso. O problema não é um desastre natural nem de safra. O problema é econômico. É o resultado do desemprego, da queda de renda", afirmou Diouf.
Segundo Josette, o problema é que a crise alimentar não foi superada nem com a recessão nem com a queda dos preços de produtos agrícolas. Nos países mais pobres, os alimentos continuam 80% mais caros que há dois anos. Numa média mundial, o preço é 24% acima do que estava em 2006. Nesta semana, a FAO relevou que os preços das commodities devem aumentar entre 10% e 30% nos próximos dez anos.
Outro alerta da FAO é que a fome pode voltar a ser um fator de insegurança. "A fome é um risco real para a paz", disse Diouf. "Um faminto tem três opções: protestar, migrar ou morrer de fome."
AMÉRICA LATINA
Segundo a FAO, o fenômeno do aumento da fome é global e a América Latina será muito afetada. A região deverá contar com 53 milhões de famintos este ano, 12,8% mais que em 2008. Na Ásia, que tem hoje 642 milhões de famintos, verá esse número crescer 10,5% %. A África vem a seguir, com mais 11,8% e um total de 265 milhões.
Os países ricos continuam com uma parcela dos famintos, cerca de 15 milhões. Mas, pela primeira vez em 40 anos, terão aumento de 15,4%, em razão do desemprego em massa decorrente da recessão, sobretudo nas grandes cidades. Mas os agricultores também estarão entras as vítimas.
ANTIGAS SOLUÇÕES
O que mais incomoda a FAO é que planos, estratégias e programas para acabar com a fome são conhecidos. "O que temos hoje é um problema político, de falta de prioridade. Os líderes mundiais precisam tomar decisões corajosas de erradicar a fome", defendeu Diouf.
A razão do recado do diretor da FAO é que falta apenas um mês para a reunião de cúpula dos chefes de Estado e de governo do grupo dos países mais ricos, o G-8, na Itália.
Há 30 anos, 20% de toda a ajuda dada pelos países ricos aos pobres ia para o setor agrícola. Hoje, essa taxa é de apenas 3%. A FAO sugere que seja estabelecido uma prioridade de governos para que invistam na pequena agricultura nos países em desenvolvimento, onde estariam 2 bilhões de pessoas.
"Essa é a uma crise de proporções épicas. Não está na hora de cortes nos investimentos para o pequeno agricultor. Precisamos de uma maior produção", disse Josette.
Outra insistência é para que governos passem a adotar estratégias de criação de redes sociais para aqueles que passam fome. Segundo Josette, 80% da população mundial hoje não tem nenhuma ajuda social se perder a renda.
Mas Matthew Wyatt, consultor do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, alerta que a recessão colocou novas restrições para os orçamentos dos governos, o que pode ampliar o problema da fome.
"Nunca tivemos em números absolutos tantos famintos no mundo como hoje. Esses dados são chocantes e esperamos que choquem os líderes", disse. Ele sugere que pacotes de estímulo criados por governos deem uma atenção especial a pequenos fazendeiros.

domingo, 17 de maio de 2009

FOCO 31: CONFLITO NO SRI LANKA ! A SITUAÇÃO TENDE A MELHORAR OU

Os rebeldes do grupo Tigres para a Libertação do Eelam Tamil (LTTE), do Sri Lanka, anunciaram neste domingo (17) que vão "silenciar as armas" depois de mais de 25 anos de combates.
O anúncio foi feito em comunicado no site oficial pró-rebeldes e é assinado por Selvarajah Pathmanathan, chefe de relações internacional do gropo. Nele, o grupo diz que se encontra em um beco sem saída em sua guerra contra o governo.

"Só temos uma última escolha: remover a última desculpa de nosso inimigo para matar nosso povo. Nós decidimos silenciar nossas armas", diz o texto.
O anúncio foi feito em comunicado no site oficial pró-rebeldes e é assinado por Selvarajah Pathmanathan, chefe de relações internacional do gripo. Nele, o grupo diz que se encontra em um beco sem saída em sua guerra contra o governo.
"Só temos uma última escolha: remover a última desculpa de nosso inimigo para matar nosso povo. Nós decidimos silenciar nossas armas", diz o texto.
"Esta batalha chegou a seu amargo final. Contra qualquer previsão, contivemos as forças cingalesas sem ajuda, exceto o apoio sem fim de nosso povo", diz a nota. Pathmanathan também denunciou que, nas últimas 24 horas, 3 mil civis tâmeis morreram e outros 25 mil sofreram ferimentos e não dispõem de "atendimento médico". "É nosso povo que está morrendo por causa das bombas, dos ataques, das doenças e da fome. Não podemos permitir que sofram mais danos", disse o líder guerrilheiro, em sua extensa mensagem. "Não aguentamos mais ver o derramamento de sangue de nosso povo", afirmou. O Exército cingalês disse ter "resgatado" os 50 mil civis que os LTTE tinha como "reféns" no nordeste da ilha, apesar de, pouco antes, ter estimado o total em um máximo de 20 mil. Os militares também afirmaram que estão "liquidando" os rebeldes.

Cantando vitória
No sábado, o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapakse, declarou na Jordânia que seu país havia "esmagado o terrorismo", em referência à suposta vitória do Exército sobre os rebeldes.Antes das declarações do presidente, o Exército anunciou que havia tirado dos rebeldes sua última saída para o mar e que os Tigres estavam cercados em uma zona de 3,5 quilômetros quadrados no nordeste da ilha.

sábado, 11 de abril de 2009

FOCO 17: A TRANSNÍSTRIA, DA MOLDÁVIA: TENSÕES ENTRE MOLDÁVIA E ROMÊNIA !

Moldova acusa a Romênia de estar por trás da revolta dos jovens
Pilar BonetEm Kichinev (Moldova) EL PAÍS
O presidente da Moldova, o comunista Vladimir Voronin, internacionalizou na quarta-feira a crise política e os tumultos de rua depois das eleições legislativas de domingo ao acusar a Romênia de instigar as desordens, declarar "persona non grata" o embaixador de Bucareste, Filipp Teodorescu, e estabelecer um visto obrigatório para os romenos que viajam à Moldova.
Tumultos na Moldova
As tensões que culminaram na terça-feira com o saque ao Parlamento e à Presidência continuaram ontem à noite em uma manifestação diante da sede do governo, que continuará hoje. Em uma nova mensagem pela internet, os moldávios foram convocados na sexta-feira para a grande manifestação contra os comunistas diante do Parlamento.Segundo os dados definitivos anunciados ontem, os comunistas têm 60 assentos (de um total de 101), e por isso não têm a maioria necessária para eleger isoladamente o chefe do Estado. Voronin advertiu ontem que as forças de segurança utilizariam a partir de agora seu direito à violência para repelir as agressões contra as instituições do Estado.
Os líderes das três formações de oposição classificadas nas urnas, Vlad Filat, do Partido Liberal Democrático, Dorin Chirtoaca, do Partido Liberal, e Serafim Urechean, da Aliança Nossa Moldova, se reuniram ontem para combinar sua atuação.A grande dificuldade para canalizar a multidão e evitar a violência é a falta de coordenação e a desconfiança mútua entre os três protagonistas da crise: as autoridades comunistas, a nova oposição parlamentar e os jovens. As autoridades insistem no procedimento legal habitual para investigar as irregularidades eleitorais. Filat afirmou ontem que isso levará à repetição da votação e insistiu que deve ser feito antes da distribuição de assentos parlamentares.
Os jovens são um conjunto heterogêneo em que há estudantes universitários e secundaristas. Não parece que haja um movimento estudantil global e estruturado que assuma responsabilidades, mas os inspiradores do comício pacífico da noite de segunda-feira reuniram representantes de 16 grupos que na tarde de terça constituíram a Coalizão Popular Anticomunista 2009.
Em nome dessa entidade, "que não se identifica com nenhum partido político", assinaram uma declaração na qual exigem a anulação das eleições, liberdade de imprensa e a libertação dos detidos.Os políticos olham com desconfiança para os que dizem ter levado à rua 15 mil pessoas (em vez das 300 previstas) apenas com os telefones celulares e as redes sociais como Facebook e Twitter. Enquanto uns e outros negam a responsabilidade pelos desmandos de terça-feira, crescem os descontrolados. "Tive muito trabalho para evitar que assaltassem a televisão", disse Filat. "Os partidos de oposição não tinham nem microfone", indicou a jornalista Natalia Morar, uma das seis convocadoras da manifestação de segunda. Guenadie Brega, outro jovem convocador, está "refugiado na embaixada da Romênia", segundo Morar.
A promotoria informou sobre a detenção de 200 pessoas.Voronin anunciou suas medidas contra a Romênia diante de representantes do governo e de instituições acadêmicas. Os cidadãos da UE viajam para a Moldova sem visto, e a introdução dessa exigência para os romenos pode causar problemas à sociedade, já que muitos moldávios também têm passaporte romeno e se sentem culturalmente romenos.A maior parte do território da Moldova está na Bessarábia, uma região que pertenceu à Romênia. Bucareste ofereceu a nacionalidade aos moldávios com raízes na Bessarábia e recebeu 800 mil pedidos, o que corresponde em grande parte à oportunidade de ter acesso ao mercado de trabalho da União Europeia. Fontes próximas ao governo calculam que pode haver 32 mil moldávios com nacionalidade romena.
Referindo-se às medidas contra a Romênia, Voronin disse que se trata de "um passo político para que os romenos entendam que nós temos nosso Estado independente, a República da Moldova, e que não metam o nariz em nossos assuntos". "Nossa paciência tem limite", disse o presidente, que acusou a oposição de tentar um golpe de estado e ter uma atitude "antiestatal". Voronin expressou na essência suas dificuldades para que seu país, surgido do desmoronamento da União Soviética, se cristalize como Estado por si só, diante de um vizinho que influi poderosamente na forma de identificação dos jovens. Daí suas críticas às autoridades acadêmicas pela educação dos estudantes.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

09/04/2009 - 02h43, LE MONDE
A Moldova à beira da asfixia econômica
Alexandre BilletteEnviado especial a Kichinev (Moldova)
Em Kichinev, capital da pequena Moldova, o número de canteiros de obras em construção engana. Longe de refletir a verdadeira saúde econômica do país - à beira da asfixia -, as fachadas restauradas indicam somente que o proprietário foi trabalhar no exterior. Esse movimento migratório em massa manteve a Moldova desde a queda da URSS em 1991. Mas por quanto tempo ainda?
País essencialmente agrícola, o antigo "celeiro de frutos" da União Soviética corre o risco de sofrer fortemente as consequências da crise econômica mundial. Pois a Moldova sofre de uma hemorragia demográfica. Em 2008, por falta de emprego, pelo menos 350 mil moldávios foram ganhar a vida no exterior, ou seja, 10% da população total, 25% dos economicamente ativos."No ano passado, as remessas bancárias para a Moldova, dos trabalhadores no exterior, giravam em torno de ? 1,22 bilhões (R$ 3,56 bilhões); 38% do PIB", explica Ghenadie Credu, da Organização Internacional para as Migrações (OIM). No mundo, somente o Tadjiquistão depende mais de seus trabalhadores expatriados.Com a crise econômica, a diminuição das transferências de fundos, e até o retorno dos trabalhadores imigrantes, poderia desestabilizar esse país cercado pela Romênia e pela Ucrânia. "É uma bomba-relógio social", avisa Credu. Os moldávios que tomaram o rumo da Europa provavelmente vão ficar por lá, mas 60% dos imigrantes trabalham na Rússia e na Ucrânia, sobretudo no setor de construção. Eles voltaram neste inverno, e com a crise, eles correm o risco de ficar aqui, por falta de coisa melhor".
Mas é inútil procurar uma referência para esse fenômeno durante a campanha para as eleições parlamentares do dia 5 de abril, marcadas por uma vitória esmagadora do Partido Comunista Moldávio (PCM), no poder em Kichinev desde 2001. "As autoridades fingem ignorar a crise", observa Vasile Botnaru, redator-chefe da Radio Free Europe.
Oposição dividida
O partido do presidente Vladimir Vornine preferiu exaltar a "estabilidade" da Moldova, "no caminho para a integração europeia". Uma estabilidade que tem um preço: "Para manter o leu (a moeda nacional) estável até a votação, as autoridades recorreram às reservas de divisas", explica Botnaru.
Em três meses, o Banco Central teria gasto um terço de seus US$ 100 milhões; alguns chegam a afirmar em Kichinev que há risco de falência.A oposição liberal poderia aproveitar esse contexto econômico degradado. Mas ela se dividiu, destroçando-se em dez formações diferentes. Vasile Botnaru questiona: "E se a oposição preferiu abrir mão em favor dos comunistas, para não ter de administrar as consequências desastrosas da crise?"Mal organizada e sem líder, a oposição liberal não soube mostrar sua diferença. Todos os partidos - inclusive os comunistas - são a favor da integração europeia; todos pedem pela volta ao domínio moldávio da Transnístria, região separatista sustentada por Moscou desde 1991.
Em época de crise, a corrida eleitoral adquiriu um tom populista: os comunistas prometeram um aumento de 20% das aposentadorias a partir de abril; os liberais responderam anunciando um salário médio de "? 500 (R$ 1.460) por mês", contra os atuais 174.Mas neste jogo, os comunistas foram mais convincentes. Resultado: no domingo à noite, a oposição se viu com menos de 35% dos votos. "É melhor lidar com os comunistas de Voronine e induzi-los àquilo que eles têm de parecido conosco, pouco a pouco, do que estar diante de um interlocutor dúbio", reconhece um diplomata europeu em Kichinev.
A dissolução da oposição não é a única explicação para o maremoto eleitoral dos comunistas. A utilização dos "recursos administrativos" do Estado e a influência do PCM sobre a maior parte da mídia lhe permitiu dominar seus adversários. "Foi a campanha mais suja dos últimos dez anos", diz uma jornalista da Pro-TV, filial de um canal de televisão romeno e principal emissora da oposição, cuja licença de exploração quase não foi renovada em dezembro de 2008.Desde o anúncio dos resultados, o índice de participação de 60% anunciado pelas autoridades durante a votação de domingo foi apresentado como uma prova de falsificação.
Uma vez que centenas de milhares de moldávios no exterior não puderam votar, por falta de representação diplomática em seus países, a participação anunciada significaria que 80% dos eleitores na Moldova teriam comparecido às urnas. Uma porcentagem considerada estranha pela oposição.Claro, o eleitorado comunista tradicional - especialmente os aposentados e os camponeses - se manteve fiel aos seus ideais. Mas a intelligentsia da capital e os estudantes se sentem cada vez menos à vontade na Moldova de Vladimir Voronine, perplexos pelas manobras diplomáticas do regime entre Bruxelas e Moscou. Para eles, as promessas de "estabilidade" do PCM são só um sinônimo de inércia. Na segunda-feira (6), eles engrossaram os batalhões de manifestantes que invadiram as ruas de Kichinev, pilharam o Parlamento e apedrejaram a presidência.
Tradução: Lana Lim

FOCO 55: FRONTEIRA QUENTE: PAQUISTÃO E AFEGANISTÃO !

Na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão: o lugar mais perigoso do mundo
Por Susanne Koelbl e Britta Sandberg, DER SPIEGEL
Os Estados Unidos dedicam uma atenção cada vez maior ao Paquistão na tentativa de levar estabilidade ao Afeganistão, em meio a temores de que o Estado nuclear possa entrar em colapso. Grupos rivais de militantes islâmicos juntam forças para criar uma resistência em seu país - e recebem apoio da agência de inteligência do Paquistão, a ISI.

Fronteira quente
Um bombeiro paquistanês tenta apagar o fogo de um caminhão-tanque da Otan após uma explosão próximo de Peshawar. Milicianos talebans são suspeitos de terem instalado os explosivos que destruíram seis veículos que abasteceriam tropas internacionais no vizinho Afeganistão
Na última quinta-feira, às 7h, Baitullah Mehsud discou o número de telefone de Alamgir Bhittani, um correspondente de rádio da região de Tank, na Província da Fronteira Noroeste do Paquistão. A voz de "Bait", como os pashtuns chamam o temido líder do Taleban paquistanês, era suave e lisonjeira.Ele ligou para o jornalista para se vangloriar de seus feitos, dizendo a ele que seus guerrilheiros foram os responsáveis pelo derramamento de sangue do dia anterior numa academia de polícia próxima à cidade de Lahore, no nordeste do Paquistão. Ele disse a Bhittani que ordenou que seus homens "eliminassem" o maior número possível de aliados do regime paquistanês, que ele classifica como traidor.Usando uniformes roubados, o grupo de dez terroristas conseguiu acesso ao campo de treinamento para matar os recrutas. Eles tomaram reféns e se esconderam em um dos prédios. Helicópteros e unidades de elite do exército e da polícia apareceram no local. Ao final, três dos terroristas explodiram a si mesmos, e o restante foi preso. Quando o derramamento de sangue terminou, oito recrutas da polícia estavam mortos no pátio do quartel.O ataque, disse Mehsud, foi uma retaliação ao fato de o presidente Asif Ali Zardari ter permitido que os americanos perseguissem a ele e seus aliados na região fronteiriça entre o Afeganistão e o Paquistão."Não tenho medo da morte", vangloriou-se Mehsud, antes de fazer uma ameaça. Logo, disse ele, os americanos também vão sofrer. "Levaremos a guerra para Washington com um ataque que deixará o mundo inteiro estupefato".Washington leva essa ameaça a sério. Desde sua eleição em novembro, o presidente dos EUA, Barack Obama, vem pedindo a seus aliados para deixar de tratar o drama da guerra no Afeganistão como um problema isolado, e passar a tratá-lo como um conflito regional que também deve ser conduzido no Paquistão.Quando Obama explicou seus planos de uma campanha intensificada no Afeganistão na cúpula da Otan em Estrasburgo e na cidade de Baden-Baden no sudoeste da Alemanha na semana passada, quase não houve menção ao Paquistão como vizinho do Afeganistão. O presidente também redefiniu seus objetivos de guerra. Seu alvo não é mais levar a democracia ao Afeganistão afetado pela pobreza, mas perseguir e derrotar o Taleban e a Al Qaeda, tanto no Afeganistão quanto no Paquistão. Obama quer estabilidade na região.A nova estratégia gerou até uma nova abreviação no jargão militar: AfPak. E seu objetivo é salvar o AfPak, que está em perigo.

General David Petraeus
veterano do Iraque David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, espera interromper o que ele chama de "espiral negativa" da guerra, aumentando o número de tropas americanas no Afeganistão para 68 mil e, mais tarde, para 78 mil. Além das operações atuais ao longo da fronteira leste do Afeganistão com o Paquistão, as tropas americanas também assumirão a responsabilidade de lutar contra o Taleban na parte sul do país no ano que vem. Quando isso acontecer, as operações de combate ao longo de quase toda a fronteira com o Paquistão estarão sob o comando militar dos EUA.Em vez de uma "afeganização" do conflito através do treinamento de soldados e da polícia afegã, a nova estratégia resultará na americanização da guerra.Os americanos também estão redefinindo a guerra como uma luta contra três inimigos que, a partir de suas bases no Paquistão, ameaçam o Afeganistão, seu próprio país e o mundo ocidental como um todo. O primeiro inimigo são os guerrilheiros afegãos do Taleban, liderados por Mullah Omar, que deixaram o Afeganistão para seu novo refúgio em Quetta, capital da província de Baluquistão no Paquistão. Seus aliados são os talebans paquistaneses das regiões tribais ao longo da fronteira com o Afeganistão, sob o comando do notório Baitullah Mehsud. Por fim, a Al Qaeda de Osama bin Laden, que continua a operar no Paquistão, fornece apoio material e ideológico para ambos os grupos. Acredita-se que bin Laden e o núcleo de sua rede terrorista também estão na região montanhosa fronteiriça entre o Afeganistão e o Paquistão, onde eles operam aparentemente já há algum tempo.Obama descreveu as regiões de ambos os lados da fronteira como "o lugar mais perigoso do mundo". Obama não está apenas preocupado com a possibilidade de o Ocidente sofrer uma derrota no Afeganistão, mas também de um potencial colapso no Paquistão, uma potência nuclear. O efeito na estrutura de poder nessa parte do mundo e as consequência para o Ocidente seriam incalculáveis.David Kilcullen, conselheiro-chefe do general Petraeus, disse recentemente ao jornal Washignton Post que "dentro dos próximos seis meses um colapso do governo do Paquistão é uma possibilidade em potencial, um perigo que pode ir muito além do que vimos em 11 de setembro". O governo dos EUA agora planeja gastar até US$ 500 milhões por ano para equipar e treinar melhor os militares do Paquistão, como parte de um "orçamento emergencial de guerra".A luta já se espalhou para ambos os lados da fronteira. Há mais de meio ano, os americanos tentaram atacar os militantes islâmicos em seus esconderijos no território paquistanês com mísseis guiados de precisão, uma campanha que começou sob o governo Bush e que Obama continuará agora, com mais força.Os comandantes militares norte-americanos não pedem mais que o governo de Islamabad autorize os ataques aéreos, que são realizados por aviões Predator teleguiados, sem tripulação. De acordo com um relatório de inteligência paquistanês de fevereiro, já aconteceram 80 ataques como esse somente este ano, que resultaram em 375 mortes, de civis e militantes.Em janeiro, Usama al-Kini, chefe da Al Qaeda no Paquistão, entrou para a lista de altos líderes da Al Qaeda mortos nos ataques até agora, que somam cerca de uma dúzia. Al-Kini, que estava na lista dos "mais procurados" do FBI, é suspeito de ser o responsável pelos principais ataques da Al Qaeda a embaixadas americanas na África Oriental em 1998. Os americanos celebraram sua morte como um golpe importante contra a rede terrorista no Paquistão.O diretor da CIA Leon Panetta elogia os aviões teleguiados como "a arma mais efetiva" na luta contra os grupos militantes no Paquistão. Na semana passada, os americanos atacaram um dos campos de Mehsud no noroeste do Paquistão, matando 12 militantes.

Tropas norte-americanas
Barack Obama anunciou aumento no número de soldados na regiãoMehsud, 35, é visto como o exemplo da nova geração impiedosamente ambiciosa de guerrilheiros do Taleban. Durante a invasão dos EUA em novembro de 2001, ele esteve no comando de apenas um pequeno grupo de guerrilheiros. Mais tarde, ajudou a esconder líderes fugitivos da Al Qaeda nos vilarejos montanhosos do Waziristão do Sul. Os "árabes", o termo que a população local usa para designar os militantes estrangeiros, mostraram sua apreciação, fornecendo apoio financeiro a Mehsud e treinando seus guerrilheiros.Mehsud já foi professor de educação física numa escola do Corão. Ele não tem muita escolaridade e nenhum título religioso. Mesmo assim, conseguiu instalar, e está expandindo sistematicamente, um reinado de terror nas regiões tribais. Os traidores são rotulados de "espiões" e "inimigos do Islã" e são publicamente decapitados. Quando os familiares de um desses "traidores" carregavam o corpo do parente morto para o túmulo, um homem-bomba explodiu todos os presentes.Mehsud é como um ímã, atraindo extremistas de todo o mundo. Entre eles, antigos militantes de Kashmiri que buscam um novo desafio agora que sua organização foi banida, assim como treinadores aposentados da agência de inteligência do Paquistão, a Inter-Services Intelligence (ISI). Centenas de jovens jihadistas dos países do Golfo, da Ásia Central, Uzbequistão, Turcomenistão e Tchetchênia também se juntaram ao grupo de Mehsud.Isso levou ao desenvolvimento do centro de treinamento para o terrorismo internacional mais importante do mundo no Waziristão. Até grupos rivais unem forças aqui.O crédito dessa reconciliação de antigos adversários é do fundamentalista islâmico Mullah Omar, líder do Taleban até o outono de 2001 e praticamente chefe de Estado do Afeganistão na época. Um dos fundadores do Taleban, Omar perdeu um olho na guerra. Acredita-se que ele tenha se casado com uma das filhas de bin Laden e dado abrigo à Al Qaeda no Afeganistão.O presidente afegão Hamid Karzai agora está fazendo concessões preventivas para os islamitas. Como exemplo, ele aprovou recentemente uma lei que exige que as mulheres sempre satisfaçam as necessidades sexuais de seus maridos e peçam permissão para sair em público. A atitude chocou a secretária de Estado Hillary Clinton, que confrontou Karzai em relação ao assunto. O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse que a nova lei tornaria mais difícil justificar o envio de tropas aliadas para o Afeganistão. Só depois de uma onda de críticas Karzai anunciou que iria rever a lei.O Taleban de Mullah Omar não está ganhando força apenas no Afeganistão, mas também está se tornando uma força considerável em outros lugares. No começo do ano, conforme relatou o jornal The New York Times, Omar enviou uma equipe de seis integrantes para o Waziristão para alertar os grupos militantes paquistaneses sobre a nova estratégia dos americanos no Afeganistão e apelar para que eles deixassem de lado as velhas rivalidades. O objetivo, disseram, é reunir forças para libertar o Afeganistão dos ocupantes americanos.Numa carta levada pelos enviados, o líder espiritual do Taleban escreveu: "Se quisermos de fato levar a jihad adiante, devemos lutar contra as forças de ocupação dentro do Afeganistão".Pesadelo nuclearSurpreendentemente, Baitullah Mehsud foi receptivo ao apelo por unidade e alinhou-se com outros líderes do Taleban. No final de fevereiro, folhetos escritos em Urdu apareceram na região de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão anunciando a formulação de uma nova plataforma para a jihad. O Shura Ittihad-ul Mujahideen (SIM), ou Conselho para os Guerreiros Santos Unidos, declarou que a aliança de todos os militantes foi formada a pedidos de Mullah Omar e bin Laden.O grupo deixou claro que, de agora em diante, seus inimigos não incluiriam apenas o presidente afegão Hamid Karzai e o presidente paquistanês Asif Ali Zardari, mas também o presidente americano Barack Obama."Há uma nova qualidade nisso", diz Imtiaz Gul em sua sala no Centro de Pesquisa e Estudos de Segurança em Islamabad. "Esses grupos são agora a face paquistanesa da Al Qaeda". Gul, que acabou de escrever um livro sobre o terrorismo nas regiões tribais, está convencido que todos os líderes do Taleban estão em contato direto com a Al Qaeda.
De acordo com Gul, seus campos de treinamento para homems-bomba são administrados por comandantes estrangeiros da Al Qaeda. "Até os materiais e o estilo de casacos de explosivos que o Taleban usa agora são idênticos aos dos homens-bomba da Al Qaeda", disse Gul.A expansão da zona de combate está levando o Paquistão para o abismo.A ofensiva dos militantes representam uma ameaça ao Estado, mas as operações militares contra o Taleban também, uma vez que podem causar tanto mal quanto bem. Os ataques remotos na região de fronteira fazem com que os extremistas se desloquem para o interior do Paquistão e para as cidades.
Além disso, os ataques, que quase sempre acabam com a morte de mulheres e crianças paquistanesas, além da morte de militantes, servem como uma ferramenta para recrutar novos jihadistas."Sou contra os ataques teleguiados", disse o conselheiro de Petraeus, Kilcullen. "Mesmo se conseguíssemos matar metade dos líderes da Al Qaeda, como isso nos ajudaria se causássemos um levante da população do Paquistão?" Kilcullen, que é australiano, planejou a estratégia mais recente dos EUA no Iraque, que correu concomitante ao aumento de tropas. Ele agora acredita que "temos que negociar com 90% dos homens com os quais estamos lutando - mas precisamos fazer isso a partir de uma posição forte". Ele também ajudou a desenvolver a nova estratégia AfPak de Obama.Kilcullen compara a situação da região em crise a uma intoxicação sanguínea, observando que os militantes se espalharam por todo o país e o país inteiro está afetado. "Precisamos convencer os paquistaneses", disse ele, "de que a ameaça real vem de dentro - a ameaça do colapso do Estado e de um golpe extremista - e não da Índia".Os militares paquistaneses mal são capazes de conter a marcha de vitória do Taleban. Há poucas semanas, os extremistas ganharam controle sobre o idílico vale de Swat no coração do Paquistão, onde introduziram a Sharia, lei islâmica, e tomaram uma mina de esmeralda para ajudar a financiar seu movimento. O governo em Islamabad é tão fraco que concordou um cessar-fogo com um dos militantes mais cruéis do vale, Maulana Fazlullah, antigo funcionário de um teleférico local.Fazlullah e seus guerrilheiros aterrorizaram os moradores da região de Malakand por mais de dois anos.Desde então o terror penetrou no interior do país, incluindo o Estado de Punjab e sua capital, Lahore.
A cidade, o centro cultural liberal do Paquistão, fica próxima da fronteira com a Índia. Evidências da talebanização crescente da cidade incluem sinais nas vitrines dos estabelecimentos anunciando que meninas não são mais servidas. Em outubro, militantes islâmicos explodiram lojas de bebidas próximas à estação central de Lahore porque casais solteiros supostamente as usavam para encontros românticos. Três bombas explodiram num festival de arte local pouco tempo depois. Hoje, os atos terroristas fazem mais vítimas no Paquistão do que no vizinho Afeganistão. No ano passado, esses ataques mataram 2.267 pessoas.Os militares evitam uma confrontação séria com os extremistas. Muitos oficiais ainda não veem o Taleban como inimigos. O verdadeiro inimigo do Paquistão, na visão deles, é a Índia, o país com o qual o Paquistão rompeu relações e com quem já travou três guerras. Vários oficiais dizem que a guerra contra o terrorismo na parte noroeste do país está sendo forçada pelos americanos, que eles estão lutando a guerra errada.Durante décadas, os lideres militares deram ao ISI uma liberdade considerável no tratamento dos grupos terroristas. A atitude de laissez-faire dá a eles espaço para manobrar.O general Ahmed Shuja Pasha, um homem agradável com o cabelo cuidadosamente repartido, senta-se numa sala elegante da sede do ISI em Islamabad. "O ISI é uma agência de segurança e está presente nas frentes de defesa do país", diz ele.
Na verdade, entretanto, a agência de inteligência segue sua própria política exterior velada. Pasha aponta que nos anos 80, o Paquistão - juntamente com os americanos - apoiou os mujahedeen afegãos em sua guerra contra os soviéticos. Esse tipo de auxílio foi considerado desejável na época, explica, e acrescenta: "É preciso compreender que tanto a inteligência do Afeganistão quanto da Índia estão trabalhando contra nós. Com certeza seria estranho se nós fôssemos os únicos a não fazer nada".Os americanos há tempos suspeitam que o ISI está fazendo um jogo duplo. Depois de 11 de setembro de 2001, o ex-presidente Pervez Musharraf perseguiu por conta própria os terroristas da Al Qaeda que buscavam refúgio na região fronteiriça e recebeu bilhões de auxílio militar em troca. Na mesma época, todavia, ele poupou os líderes do Taleban, permitindo que se escondessem.
Num artigo recente do The New York Times, oficiais do governo Obama foram extremamente diretos ao acusar o ISI de apoiar o Taleban em sua luta contra a aliança ocidental e o governo Karzai em Cabul. Esse apoio, disse ele, inclui munição e combustível, assim como o recrutamento de guerrilheiros. Os oficiais disseram que conversas telefônicas grampeadas provam que membros da inteligência paquistanesa até mesmo alertaram o Taleban de ataques planejados contra eles.Essas conclusões coincidem com a impressão que Mike McConnell, ex-diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), um serviço de inteligência norte-americano, teve durante uma visita a Islamabad no ano passado. Um general duas-estrelas paquistanês explicou com honestidade a McConnell como é a mentalidade de seus colegas comandantes, notando que apesar de o exército lutar contra o Taleban de acordo com instruções dos políticos, ele também apóia os militantes.
Os americanos, refletiu o general, eventualmente sairão do Afeganistão, e quando isso acontecer os militares paquistaneses serão responsáveis por evitar que a Índia avance no vácuo de poder. "É por isso que precisamos apoiar o Taleban", disse o general.De acordo com Bruce Riedel, conselheiro de Obama, o Paquistão "criou um Frankenstein que ameaça o próprio Estado paquistanês". A ex-secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright descreveu o Paquistão como uma "enxaqueca internacional", notando que ele tem armas nucleares que poderiam cair nas mãos dos terroristas - um cenário de pesadelo, na esteira do 11 de setembro.O diretor do ISI, Paha, conhece esses temores que pairam nas capitais do Ocidente. Ele derrama chá nas xícaras feitas de porcelana inglesa. Diz que está entristecido com a noção de que o mundo acredita que seu país pode cair nas mãos dos terroristas. "Isso é inimaginável", diz ele. "Nunca acontecerá".Mas o general é conhecido por cometer erros. Apenas recentemente, referiu-se ao brutal líder do Taleban Baitullah Mehsud como um bom "patriota". Bom para o Paquistão, para o ISI, ou para quem?O governo americano colocou agora uma recompensa de US$ 5 milhões sobre a cabeça de Mehsud.

Tradução: Eloise De Vylder

domingo, 5 de abril de 2009

A CORÉIA DO NORTE E AS TENSÕES NA ÁSIA!

da Reuters
A Coreia do Norte lançou por volta das 11h30 deste domingo (23h30 de sábado pelo horário de Brasília) o foguete de longo alcance destinado, segundo o país, a colocar um satélite experimental de telecomunicações em órbita. Os governos da Coreia do Sul, dos EUA e do Japão, que dizem que o lançamento disfarça um teste do míssil de longo alcance Taepodong-2, confirmaram o lançamento do foguete e classificaram o ato como "lamentável" e como uma "provocação".

Por que a Coreia do Norte lançou o foguete?
A máquina de propaganda norte-corenana vai retratar um lançamento bem sucedido como um símbolo de força da liderança de Kim Jong-il depois de um suposto derrame em agosto levantar questões sobre seu poder. Também mostrará a todos os coreanos que o Norte lançou um foguete carregando um satélite antes do rico Sul, que pretende fazer o mesmo em julho.
Internacionalmente, o lançamento sinaliza ao presidente americano, Barack Obama, que a Coreia do Norte está chegando perto de desenvolver uma arma que possa atingir o território americano e que o país deve ser encarado com seriedade.
Do ponto de vista do mercado de armas, o lançamento pode servir para a Coreia do Norte vender ao mundo que sua tecnologia balística está se desenvolvendo, uma vez que a venda de armas é um dos principais itens que o isolado país pode oferecer.

Por que o foguete é perigoso?
No curto prazo, a maioria dos especialistas considera que o maior risco que o foguete pode oferecer são seus pedaços caindo após o lançamento.
No longo prazo, qualquer tipo de teste aumenta a ameaça representada pela Coreia do Norte porque a deixa mais perto de construir um míssil que poderia atingir o território dos EUA. Especialistas dizem que não acreditam que a Coreia do Norte tenha a capacidade de colocar uma arma nuclear em um míssil, mas pode estar tentando desenvolver a tecnologia.
Ainda se eles tivessem essa tecnologia, eles ainda não parecem ter a capacidade de guiar um míssil para um alvo.

Por que Pyongyang avisou o mundo do lançamento?
Isso fortalece o argumento norte-coreano de que os motivos são pacíficos. A Coreia do Norte alega que todo país tem o direito de explorar o espaço pacificamente e que as sanções da ONU que a proíbem de desenvolver mísseis balísticos não se aplicam no caso do lançamento de um satélite.

O lançamento de um míssil não é diferente do lançamento de um satélite?
Para os EUA, Coreia do Sul e Japão, não há diferença entre os dois porque a Coreia do Norte usa o mesmo foguete --o Taepodong-2. Os três países veem qualquer teste deste foguete como uma violação das resoluções da ONU porque o lançamento ajuda o Norte a melhorar sua tecnologia de mísseis de longo alcance.
Por outro lado, um teste de míssil completo incluiria uma reentrada na atmosfera no alvo e seria um desafio tecnológico maior do que o lançamento de um satélite.
Os especialistas também têm dúvidas se o Norte pode de fato produzir um satélite que funcione e colocá-lo em órbita. Mas eles dizem que a Coreia do Norte pode ser capaz de fazer um baseado em desenhos rudimentares de satélites soviéticos antigos.

Reações
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou que o Conselho de Segurança deveria enviar uma mensagem enfática à Coreia do Norte por conta do que analistas acreditam que foi, de fato, o teste de um míssil desenvolvido para transportar uma ogiva a uma distância equivalente a até o Alasca. O lançamento do foguete é o primeiro grande desafio de Obama relacionado à Coreia do Norte. Os esforços norte-coreanos para ter armas nucleares há tempos preocupam Washington. O regime comunista testou um dispositivo nuclear em 2006. "Com esse ato de provocação, a Coreia do Norte ignorou as suas obrigações internacionais, rejeitou os pedidos por moderação e se isolou ainda mais da comunidade de nações", disse em comunicado Obama, num giro pela Europa.
A Coreia do Sul classificou o lançamento do foguete como um ato "irresponsável." Segundo o Japão, foi "extremamente lamentável." A União Européia "condenou com o ênfase" a ação. A China e a Rússia pediram calma e moderação a todos os lados.
A Coreia do Sul inicialmente afirmara que o foguete parecia levar um satélite, mas o ministro da Defesa mais tarde disse ao Parlamento que o objeto não havia conseguido entrar em órbita, segundo relatou a Kyodo, agência de notícias japonesa.
"A Coreia do Norte deve avaliar agora que a sua posição na mesa de negociações fortaleceu, pois ela tem as cartas nuclear e também a do míssil", afirmou Shunji Hiraiwa, analista com base no Japão.
Park jong-Kyu, economista em Seul, opinou que os impactos do lançamento nos mercados não serão consideráveis. "Quando a Coreia do Norte fez testes nucleares anos atrás, os mercados de Seul caíram no dia, mas se recuperaram no dia seguinte. O tema não é mais um fator que abale mercados", declarou Park.

domingo, 22 de março de 2009

FOCO 54: EXISTE UM CONFLITO INTERNACIONAL PELAS ÁGUAS ! ?

Mapa da distribuição de disponibilidade de água no mundo: gerador de conflitos ! ?
Mapa da distribuição dos recursos hídricos no mundo.
Áreas onde há escassez física de água, são as de maior conflito atual ?
Pesquise e voce vai ver.
Como a divisão dos recursos hídricos afeta os conflitos internacionais
Como dividir um bem tão necessário para o desenvolvimento como a água?
Esta é a discussão principal do Fórum Mundial da Água, com sua quinta edição que se encerra dia 23 de março, logo após o Dia Internacional da Água, reúne especialistas e representantes políticos em Istambul. A escolha da capital turca não poderia ser mais representativa dos dilemas atuais, já que se situa entre dois continentes e é vizinha das áreas secas mais instáveis politicamente do planeta, o Oriente Médio e Norte da África. Com o acirramento da escassez de água devido às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global, poluição e barragens de rios, irrigação indiscriminada e a utilização predatória de lençóis freáticos, será que veremos guerras por água?
"A crise da água não consiste na falta absoluta do recurso, mas na escassez justamente nos lugares de maior demanda", aponta Marc de Villiers, jornalista francês que percorreu todos os continentes durante mais de 30 anos para observar as reais condições dos recursos hídricos e reuniu sua experiência no livro Água: como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século 21. Ele propõe, além do uso da engenhosidade humana na busca de soluções, o debate político para contornar os conflitos históricos ligados às fontes hídricas, que incluem disputas entre árabes e israelenses, Índia e Paquistão, Egito e Sudão.
Com o recente conflito na Faixa de Gaza, a divisão da água entre palestinos e israelenses tem sido a mais evidenciada pela mídia atualmente. De acordo com o chefe da Autoridade Palestina de Águas, Shaddad Al Attili, o conflito inviabilizou o acesso para a manutenção das estações de águas, que pararam com a falta de energia elétrica na ocasião. Além disso, os planos de expansão da infraestrutura da região, que depende de recursos de lençóis freáticos que já estão sobrecarregados, foram suspensos desde o acirramento das disputas políticas iniciadas em dezembro. O saldo da violência na região é que o número de pessoas sem acesso à água aumentou em Gaza, local que possui a maior concentração de pessoas por metro quadrado no mundo.
Apesar do político palestino se declarar como "um ministro virtual", já que os projetos de saneamento e abastecimento devem ser submetidos à aprovação do governo de Israel, a realidade é que existe uma cooperação entre as autoridades israelenses e palestinas para tratar da questão desde 1950, quando Israel deixou de ser autosuficiente em relação à água. De acordo com a jornalista Wendy Barnaby, as disputas políticas e de poder levaram a uma abertura e institucionalização do conflito em relação à água, ao invés do conflito armado, que acontece no caso de fronteiras geográficas e políticas. Os profissionais de ambas as nações interagem no Comitê Unido para Água, estabelecido legalmente através dos acordos de Oslo-II em 1995. Mesmo que Israel tenha poder de veto nas reuniões, o comitê é ativo e tem sido eficiente para resolver grande parte dos problemas. Desta forma, a jornalista acredita que as desigualdades no acesso aos recursos hídricos é resultado de um conflito político maior e da dinâmica de poder, e não causa uma guerra por si só.
Em seu artigo na revista especializada Nature, Wendy demonstra seu ponto de vista de que a cooperação é, de fato, a resposta dominante em relação à divisão de recursos hídricos. "Existem 263 locais com águas transnacionais no mundo. Entre 1948 e 1999, os mecanismos de cooperação para as fontes de água, incluindo a assinatura de tratados internacionais, superaram enormemente o conflito por recursos e, especialmente, as disputas violentas. De 1831 instâncias de interações sobre recursos hídricos internacionais neste período (que, no caso, compreendem desde acordos verbais não oficiais até acordos econômicos e ações militares), 67% eram cooperativas, apenas 28% eram conflituosas e os últimos 5% eram neutras ou não-relevantes. Durante estas cinco décadas, não houve nenhuma declaração de guerra realizada em nome de uma disputa por água."
Mesmo assim, em momentos mais violentos a questão da água se torna mais complicada. Por isso, a Cruz Vermelha Internacional lançou um apelo aos participantes do Fórum para que as 750 milhões de pessoas que estão sem acesso à água em regiões de guerra possam ter obter este recurso independentemente das disputas políticas entre os governos. Este posicionamento também foi defendido na manifestação realizada no primeiro dia do Fórum, no qual 17 participantes foram presos ao pregar a despolitização das transações sobre a água e o direito humano de obter este recurso, já que a vida e a saúde da população depende de água.
Segundo o relatório do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, apenas 3,5% da água do planeta é doce, sendo que 75% está sob a forma de gelo na calota polar. A pequena quantidade que sobra está distribuída de forma desigual pelo planeta. Enquanto mais de 90% dos africanos precisam cavar a terra em busca de água, muitas vezes contaminadas por doenças, o Brasil possui cerca de um quinto de toda a reserva potável do mundo. Estes dados são preocupantes porque a água é um recurso fundamental para o desenvolvimento industrial em processos de vapor, resfriamento, geração de energia e sínteses químicas, além de ser fundamental para o avanço agrícola, manutenção da biodiversidade e questões sociais como saúde e saneamento básico.
Por isso, os especialistas da universidade de Stanford aponta que apesar dos organismos internacionais e governos participarem da longa discussão sobre práticas de boa governança, estratégias bem sucedidas e técnicas de ponta, o problema da água sempre existiu. Se a água pode ser considerada como um direito humano, como declarado pelos ativistas em Istambul, quem vai construir a infra-estrutura necessária para o acesso universal? E se a água é uma commodity que deve ser privatizada e vendida para tirar proveito dos recursos eficientes do Mercado, podemos ficar confortáveis ao saber que estamos deixando morrer as pessoas que não podem pagar seu preço?
Como a resposta para ambas as perguntas é não, é preciso considerar que não há uma fórmula global e definitiva para resolver o problema da escassez de água. É preciso educação, formação de novos valores, ética social voltada para conservação do meio ambiente, sendo fundamental a proteção e recuperação dos recursos hídricos. Deve haver um gerenciamento correto dos recursos hídricos disponíveis, sendo que escassez não pode ser resolvida por um país isoladamente, a solução exige consenso internacional e, principalmente, vontade política para implementar os acordos internacionais já alcançados.

FOCO 53: RUSSIA E JAPÃO: AS ILHAS CURILAS !

Oficialmente a Segunda Guerra Mundial ainda não terminou pois dois dos participantes, Japão e Rússia, nunca firmaram um tratado de paz.
O motivo é a disputa sobre quatro ilhas do arquipélago das Curilas, das quais o exército soviético se apoderou. Ontem se apresentou uma boa oportunidade para incentivar uma solução para o conflito. O presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, e o premiê japonês, Taro Aso, se reuniram em Sakhalin, no Oceano Pacífico, cuja parte sul o Japão ocupou entre 1905 e 1945.
Foi a primeira vez, desde o fim da guerra, que um chefe do governo japonês colocou os pés na ilha.

O motivo do encontro era inaugurar uma das maiores indústrias de gás liquefeito do mundo, da qual o Japão se tornará um cliente fundamental. Essa fábrica é parte do projeto "Sakhalin 2", do qual participam como investidores as empresas japonesas Mitsui e Mitsubishi, a anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a russa Gazprom, que tem o principal pacote acionário.
Os interesses econômicos mandam. O Japão tenta diversificar os fornecedores de energia para não depender do Oriente Médio, e a Rússia ganha um cliente depois da última crise do gás com a Ucrânia, que afetou seriamente seus clientes da União Europeia. "Sem dúvida alguma esta fábrica fortalece nossa posição como um dos principais participantes no mercado da energia", assegurou Medvedev à agência ITAR-Tass.

Mas a opinião pública japonesa esperava que as boas relações trouxessem à discussão o assunto das Curilas.
Quando, em 24 de janeiro passado, Medvedev convidou Aso para Sakhalin, a parte russa não se recusava a falar sobre nenhum tema. A imprensa japonesa advertiu que as preocupações econômicas não podem acabar com a prioridade número um: que a Rússia devolva "os Territórios do Norte". Esse é o nome que receberam no Japão.
Na Rússia são "as Curilas do Sul". As ilhas sob disputa se encontram entre Sakhalin e a ilha japonesa de Hokkaido.
Apesar desses temores, Aso disse depois do encontro que ele e Medvedev haviam concordado em acelerar os esforços para resolver a disputa. "Quando a Rússia fala de duas ilhas e nós, de quatro, isso indica claramente que não há uma ruptura", ele explicou. A aposta no diálogo e na cooperação podem ser uma boa estratégia para acabar com o conflito, ainda que Aso possa sair prejudicado na política interna ao voltar de Sakhalin sem nada de concreto. Os dois líderes concordam em não deixar este problema para a próxima geração.
Em 2005 a Rússia sugeriu que poderia ceder duas das ilhas se o Japão desistisse de suas reivindicações sobre as outras duas. Tóquio, no entanto, rejeitou essa ideia. As ilhas em disputa se encontram perto da costa de Hokkaido, a 400 quilômetros de Sakhalin.A fábrica inaugurada ontem é a primeira de gás liquefeito que a Rússia constrói. Espera-se que em 2010 sejam produzidos 10 milhões de toneladas.
Tradução: Lana Lim

sábado, 21 de março de 2009

FOCO 52: CHINA E ÍNDIA DISPUTAM O ÍNDICO !

Pequim organiza sua proteção com a estratégia do "colar de pérolas", formado pelo estabelecimento de bases, instalações comerciais e portos.
Nos mapas eurocêntricos, o oceano Índico costuma chamar muito menos a atenção do que o Atlântico.

O Pacífico, embora apareça entrecortado, sempre impressiona por sua imensidão.

No entanto, o Índico é a massa de água sobre a qual as potências mundiais mais estão tentando projetar sua influência. A tomada de posições na região provoca atritos entre os principais atores, e um incidente naval protagonizado por um navio militar americano e cinco navios chineses evidenciou na semana passada que Pequim não está disposta a aceitar o "status quo" nas águas da Ásia Meridional.Pelo Índico transitam 70% do tráfego mundial de petróleo.

Todos os recursos do Oriente Médio e da África que alimentam o crescimento da Índia e da China passam por ali, assim como grande parte das exportações dos dois gigantes asiáticos. Conscientes da relevância estratégica da região e de suas rotas comerciais, Pequim e Nova Déli estão promovendo uma significativa potencialização de suas forças navais.

A China, além disso, está há anos desenvolvendo sem clamores uma política que parece inspirada no histórico exemplo da República de Veneza, batizada como o "colar de pérolas": uma série de bases, instalações comerciais e portos situados no arco superior do Índico e concebidos para melhorar o controle das águas da região e a proteção do comércio. A Índia observa com receio o que alguns interpretam como um encurralamento.Às inevitáveis fricções com o vizinho indiano, Pequim acrescentou a incomum diatribe com Washington. O incidente nas águas do mar do Sul da China foi qualificado pelo diretor da Inteligência Nacional dos EUA, Dennis Blair, como o choque bilateral "mais grave dos últimos oito anos".

"A China parece estar adotando uma atitude mais agressiva, mais militar", disse Blair, ao comentar o episódio no Senado americano.O assunto causou certo tumulto. Washington emitiu um protesto oficial diante da "agressão" sofrida por seu navio, uma embarcação de prospecção de submarinos que navegava a cerca de 75 milhas da importante base naval chinesa de Yulin, na ilha de Hainan. Pequim, que tem submarinos nucleares nessa base, rejeitou as acusações, alegando que negou passagem ao navio americano porque havia violado seu espaço marítimo; oficiais chineses chamaram os americanos de "vilões". Alguns dias depois, segundo publicou o jornal em inglês "China Daily", o presidente Hu Jintao chamou seus militares para "defender firmemente" os interesses nacionais.

O jornal também repercutiu pouco depois a intenção da cúpula militar chinesa de dotar sua frota de porta-aviões, que atualmente não possui. E no fim de semana passado os EUA enviaram um destróier à região para proteger o barco assediado. "A projeção da China no Índico é motivada pela imperiosa exigência de proteger e facilitar a importação dos recursos energéticos necessários para apoiar seu crescimento", afirma Robert Kaplan, pesquisador do Centro para uma Nova Segurança Americana, em uma conversa por telefone. "Este é um objetivo que a China perseguirá com todas as suas forças", acrescenta Kaplan, que está escrevendo um livro sobre o oceano Índico e acaba de publicar uma ampla análise sobre sua relevância na revista "Foreign Affairs".Por isso Pequim, por um lado, não tolera mais certas manobras americanas em águas da Ásia Meridional e, por outro, concentra seu crescente esforço militar na armada.

"Na próxima década, a frota militar chinesa terá mais navios que a americana. O Pentágono conservará a superioridade tecnológica, mas no mar os números são importantes", diz Kaplan. Nos últimos anos Pequim adquiriu, entre outros, oito submarinos de fabricação russa."É verdade que a China, como a Índia, vem investindo de maneira bastante maciça em forças navais", opina Jason Alderwick, especialista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres. "Mas será preciso ver como a crise afetará essas ambições. Em todo caso, mesmo que a China conseguisse ter um porta-aviões nos próximos dez ou 15 anos e aumentar seu número de navios militares, não creio que possa anular a distância dos EUA.

Estão a gerações de distância."Se o orçamento militar chinês cresce continuamente a índices entre 15% e 18%, ainda mais ambicioso é o plano do "colar de pérolas". "A China avança nessa estratégia de maneira inexorável, metódica", diz Kaplan. Isso naturalmente implica um profundo trabalho diplomático de estreitamento de relações com os países da região, e um importante desembolso econômico para a construção de infra-estruturas como o porto de Guadar, no Paquistão. Situado a pequena distância do estratégico estreito de Ormuz, o gigantesco projeto se baseia em financiamento e engenharia chineses. Para contemplar a importância dessa pérola, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, foi visitá-la quando se concluiu a primeira parte do projeto. As obras continuam.

Outras pérolas estão em fase de planejamento, construção ou acabadas em vários países da região, como Sri Lanka, Bangladesh e Mianmar (antiga Birmânia), cujas costas a China pretende interligar com sua província de Yunnan.O esforço e o investimento indianos também são importantes. Nova Déli pretende acrescentar à sua frota três porta-aviões e três submarinos nucleares até 2015. Mas os EUA, com seus muitos aliados, continuam sendo o principal fator de segurança na região, embora Pequim não pareça disposta a permanecer em um papel secundário.

Mas, além de quem teve a razão jurídica, o incidente da semana passada é uma mensagem nova e clara. "Os americanos consideram sua conduta legítima, mas a China parece tê-lo vivido como um desafio a sua autoridade", diz Alderwick. Além dos fatos, "há uma lógica eminente por trás da política chinesa. Pequim precisa proteger linhas de abastecimento vitais. Creio que, fundamentalmente, o que estão fazendo é legítimo. Não é nada que os EUA não tenham feito a partir de 1946", conclui Alderwick.

FOCO 31: CONFLITO NO SRI LANKA !

Conflito no Sri Lanka transforma 150 mil civis em escudos humanos
Georgina Higueras
Mais de 150 mil civis resistem, como escudos humanos, à guerra de extermínio do Exército do Sri Lanka contra os sanguinários Tigres da Libertação da Pátria Tâmil
Sem testemunhas, porque os jornalistas estão vetados, e sem água, nem comida, nem medicamentos, 150 mil civis suportam, aterrorizados, a última ofensiva do Exército do Sri Lanka sobre os Tigres da Libertação da Pátria Tâmil (LTTE). São escudos humanos da guerrilha mais feroz de que se tem conhecimento. Mulheres e crianças são expostas a tiros nas costas se fogem, e a tiros no peito por aqueles que os cercam.
São reféns de duas forças nefastas que não entendem de direitos humanos: 50 mil soldados, que avançam, implacáveis, praticando a política de terra queimada, e cerca de mil tigres, os combatentes ainda vivos do grupo terrorista mais disciplinado e sanguinário da história. Estão cercados em Vanni, uma estreita faixa de litoral com apenas 12 quilômetros de extensão, sem sequer um corredor humanitário, nem uma via de escape negociada.

"O Sri Lanka não é uma ameaça à paz internacional, mas estão cometendo crimes contra a humanidade que a comunidade internacional deve investigar", afirma o espanhol Borja Miguélez, responsável em Colombo pelo Departamento de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO).
Segundo agências da ONU, desde o final de janeiro, quando começou essa última fase da ofensiva, morreram mais de 2.300 civis e 6.500 foram feridos. Entre os mortos estão mais de 500 crianças.

Bombardeadas pelo Exército e perseguidas pelos tigres, as famílias, com os menores nas costas, seguiram as legiões de combatentes até chegarem a Vanni, faixa declarada oficialmente "zona neutra". No entanto, sofrem diariamente ataques indiscriminados sob a justificativa de que os tigres se escondem entre os civis. Até agora, somente 36 mil conseguiram escapar do inferno e já se encontram em acampamentos procurados pelas ONG internacionais. Informações não confirmadas garantem que outros 20 mil tâmeis cruzaram as linhas e estão sendo interrogados pelo Exército e paramilitares para comprovar que são civis. Nesse processo, muitos são violentados e assassinados. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) leva semanas pedindo ao governo que lhe autorize assistir à identificação para garantir a segurança dos que se atrevem a escapar.

Aqueles que permanecem sob a tutela dos tigres, inclusive as crianças, passam o dia cavando trincheiras ou escondidos nelas, porque os bombardeios do Exército podem durar horas. Às vezes, sequer podem sair e preparar algo para comer com o pouco que lhes resta. Apesar das petições das organizações humanitárias internacionais, somente nessas seis semanas foi permitida a entrega, em 8 de março, de um carregamento com 500 toneladas de alimentos.

A prestigiosa ONG International Crisis Group (ICG), em seu comunicado da última segunda-feira (dia 16), fez um apelo à comunidade internacional para que pressione o governo do Sri Lanka de maneira que "abandone sua política de aniquilação, impeça o ataque final, e permita a chegada de auxílio humanitário para a população e a saída dos civis que a quiserem".

Da mesma forma, a ICG pede àqueles que têm influência sobre o comando LTTE que o convençam a deixar de "utilizar os civis como escudos humanos e que negocie sua rendição".

A essa altura, ninguém duvida que o Exército lhes infligiu uma vistosa derrota. Dos 15 mil quilômetros quadrados que os tigres controlavam em agosto de 2006, quando se reiniciou a guerra, agora são ocupados apenas 50 quilômetros quadrados. Estão sitiados por cinco divisões completas e outras quatro mantêm a retaguarda. O general Shavendra Silva declarou recentemente à Reuters que creem que o líder dos LTTE, Vellupillai Prabhakaran, se encontra com um bom punhado de comandantes dentro do cerco.

Na vitória, foi decisiva a colaboração de Karuna, ex-comandante da guerrilha, que em 2004 dela se desligou e formou a sua própria - um dos grupos paramilitares nos quais o Exército agora se apoia - , que se fez com o controle do leste da ilha e reduziu o domínio dos tigres ao norte.
Karuna, que segundo a Anistia Internacional "foi acusado de ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade", ocupa desde outubro passado uma cadeira no Parlamento do Sri Lanka e foi nomeado ministro da Reconciliação.

Analistas e outros intelectuais sustentam que ganhar a paz é mais importante do que ganhar a guerra; e que o esforço de exterminar os tigres às custas da vida de dezenas de milhares de civis só servirá para que o ódio sufoque a convivência. Os últimos atentados terroristas, que causaram dezenas de mortos, revelam que os LTTE, o grupo que mais cometeu atentados suicidas, continuam dispondo de células infiltradas por todo o território capazes de continuar lutando.

"Os LTTE e o Exército são um reflexo da brutalidade e da selvageria do conflito", observa um observador cingalês independente que, como muitos outros colegas e jornalistas, se encontra ameaçado de morte.
Muitos se viram obrigados a deixar o país para salvarem suas vidas.
Desde o rompimento definitivo do cessar-fogo em junho de 2006, cerca de 200 mil pessoas, a absoluta maioria de tâmeis, se estabeleceram no Ocidente.

Conhecido como a "Pérola do Índico", o antigo paraíso do Ceilão - de 65.610 quilômetros quadrados de extensão e 21 milhões de habitantes - é disputado e manchado de sangue pela fúria da natureza e dos homens.
O tsunami tirou a vida de 30 mil pessoas; os 25 anos de guerra ceifaram o dobro.

Borja Miguélez, de 32 anos, chegou ao Sri Lanka em 2002 para um projeto de desenvolvimento, incentivado pela União Europeia. Acabava de se firmar o cessar-fogo entre o governo e os tigres. A paz parecia abrir caminho entre as duas comunidades hostis: cingalesas (75% da população) e tâmeis (10%), que se confrontavam desde 1983, quando estourou o conflito separatista tâmil no nordeste da ilha. O tsunami que destruiu o litoral do país no final de 2004 levou Miguélez a trocar sua missão pela ajuda humanitária a uma população inocente que todos se empenham em castigar.

Muitas das ONG presentes no Sri Lanka, cujos voluntários nacionais são sequestrados e assassinados pelo Exército, os paramilitares ou os LTTE - quase uma centena desde 2006 - , queixam-se da falta de ação internacional. A Rússia e a China consideram essa guerra suja um "assunto interno". Para a administração Bush, era parte da "guerra contra o terror", porque esmagava um grupo terrorista. E os demais governos, como grandes meios de comunicação social, desviam o olhar.

FOCO 42: OS CONFLITOS NA SOMÁLIA !

Mapa da SOMÁLIA, país do chamado CHIFRE AFRICANO!

Região de conflitos intermináveis: Terra de Ninguém !




A população sofre com o descaso das autoridades, e com o esquecimento internacional !

Caos transforma Somália em um Estado inexistente
Ramón Lobo

Em Madri
Osama bin Laden não gosta do novo presidente da Somália, o xeque Sharif Sheikh Ahmed, um islâmico moderado que desde janeiro conta com o apoio dos EUA e da Etiópia, apesar de ter sido combatido em 2006 quando dirigia a União de Tribunais Islâmicos (UTI). Bin Laden pede em uma fita gravada que ele seja derrubado "por colaborar com o infiel", isto é, a ONU, que tenta reconstruir um Estado inexistente desde 1991. Do caos surgem os piratas que atacam barcos em águas internacionais e os grupos ligados à Al Qaeda, como o Al Shabab, milícia que domina a zona meridional do país e o sul de Mogadíscio.
Militante islâmico guarda posição em Mogadíscio, capital da SomáliaWashington demorou dois anos e uma mudança na Casa Branca (Barack Obama) para entender os matizes, que a única forma de combater os radicais são os próprios islâmicos; hoje distingue entre bons e maus. A reação de Bin Laden demonstra que a aposta é séria. Funcionou no Iraque (quando os EUA compactuaram com a rebelião sunita), pode funcionar na Somália e no Afeganistão: olhos que saibam quem é o inimigo.

Fracassada a opção dos chamados senhores da guerra laicos apoiados pela Etiópia, a aposta é no xeque Sharif Sheikh Ahmed. Em sua ascensão cuidaram-se dos detalhes: coincidiu com a saída do último soldado etíope, com o Al Shabab arrebatando sua grande arma propagandística, a luta contra o invasor. Agora o novo presidente se dispõe a dar um segundo golpe: introduzir a xariá (lei islâmica), mas em uma versão moderada que permita o cinema e não obrigue as mulheres a cobrir-se totalmente. Na última vez em que a UTI introduziu a xariá foi a desculpa para que se ativasse a máquina de guerra que os expulsou do poder em dezembro de 2006.

Em um território onde não existe Estado desde a derrubada de Siad Barre, em 1991, ninguém se ocupa de contar os mortos. São dezenas de milhares nos últimos 18 anos. A UTI foi a resposta à ausência de lei. A religião se transformou em um sinal de identidade que apagou o labirinto de clãs, subclãs e sub-subclãs que destruiu o país.

O êxito em 2005 dos sete primeiros tribunais baseados na xariá (o atual presidente foi responsável por Jowhar) os ajudou a se ampliar, coligar-se e criar uma poderosa milícia própria. Embora os tribunais tenham levado em junho de 2006 a paz a Mogadíscio, onde as pessoas voltaram a passear, a Casa Branca não interrompeu a pressão e o setor mais radical tomou o controle do movimento.Encorajados pelos sucessos contra os laicos, cometeram erros garrafais: o principal, atacar em dezembro de 2006 as tropas etíopes que protegiam o governo provisório (senhores da guerra), dando a desculpa para invadir.

Houve outras decisões que irritaram a população: proibição do cinema, o kat (droga local) e sobretudo a das transmissões de partidas de futebol quando começava a Copa da Alemanha. Houve distúrbios; pelo futebol, não pela falta de Estado.A missão do xeque Sharif Sheikh Ahmed, um poliglota educado na Líbia, parece titânica, pois quase não tem poder real. Ao norte estão a Somalilândia, que atua como um Estado quase independente (foi colônia britânica, diferentemente do resto, que foi da Itália) e a Puntlândia, uma autonomia da qual atuam muitos piratas. O sul e a metade da capital estão nas mãos do setor radical da UTI, chamado Asmara pelo apoio da Eritréia e do Al Shabab.
O xeque Ahmed vai necessitar de um pouco mais que leis; precisa de muito dinheiro para pacificar suas zonas de influência e demonstrar capacidade de governo para atrair apoios. Sem soldados etíopes, o novo presidente conta com o apoio das tropas da União Africana em uma missão aprovada pela ONU. São a única expressão de autoridade que não respeitam os radicais: em fevereiro morreram 11 burundineses em um ataque do Al Shabab.A Somália não é sequer um Estado falido; é um Estado inexistente. A comunidade internacional se preocupa com os piratas que capturam seus barcos (a conseqüência do caos), mas ninguém se interessa pelas causas: a miséria e a corrupção, que são os motores da guerra.

domingo, 15 de março de 2009

FOCO 51: AS TENSÕES INTERNAS NA VENEZUELA !

A VENEZUELA VIVE TENSÕES INTERNAS DESDE A POSSE DE HUGO CHAVES, QUE QUER IMPLANTAR O SOCIALISMO NO PAÍS.
AS TENSÕES INTERNAS AUMENTARAM MUITO...
Chavez assume controle de portos e aeroportos e ameaça prender governadores
Da France Presse
CARACAS, Venezuela, 15 Mar 2009 (AFP) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assumiu o controle de portos e aeroportos e ameaçou prender os governadores da oposição que não acatarem a transferência de administração para o poder Executivo, aprovada em uma reforma da lei de descentralização.
"Vamos recuperar os portos e aeroportos da República, doa a quem doer, e ao comandante-geral da Marinha digo: prepare a Marinha para a tomada de Puerto Cabello (noroeste) e isso tem que ser feito esta semana", disse Chávez durante seu programa dominical, "Alô, Presidente"
"O governador de Carabobo (o opositor Enrique Salas) disse que iria defender Puerto Cabello (...) Sairá preso então, pois nenhuma autoridade pode se opor à Constituição e às leis", acrescentou.
O presidente também anunciou a tomada dos portos de Maracaibo (estado de Zulia, noroeste) e de Porlamar (estado de Nueva Esparta, nordeste), regiões onde governam líderes da oposição, a quem também prometeu prender caso se oponham à medida.
A reforma aprovada na quinta-feira passada pelo Parlamento venezuelano, controlado pelo governo, permitirá ao presidente Chávez tomar o controle de estradas, portos e aeroportos nos estados do país que considerar necessário, assim como administrar seus bens e serviços públicos. A oposição considerou que a medida é inconstitucional e que busca centralizar todo o poder na Presidência.
Segundo a Constituição de 1999, promulgada por Chávez, a "administração e o aproveitamento de estradas nacionais, assim como de portos e aeroportos de uso comercial" são de "competência exclusiva dos estados", em coordenação com o Executivo Nacional.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A VENEZUELA!
1. Qual é o principal objetivo do referendo na Venezuela?
O governo quer aprovar uma emenda constitucional que daria ao presidente Hugo Chávez e a todos os ocupantes de cargos eletivos da Venezuela, como os governadores e prefeitos, a possibilidade de se reeleger indefinidamente. Para que isso seja possível, é preciso que sejam modificados cinco artigos da Constituição do país. Os cidadãos responderão no dia 15 se concordam com a alteração do texto desses artigos para “ampliar os direitos políticos de venezuelanos e venezuelanas”, nas palavras de Chávez.

2. O que Chávez pretende se conseguir o poder sem limites?
Sepultar de uma vez por todas a democracia na Venezuela. Chávez tem sistematicamente usado os instrumentos da democracia para reduzir a influência da oposição e impor uma política que se assemelha, cada dia mais, com um regime ditatorial. Em dez anos, ele já nacionalizou empresas de eletricidade, telecomunicação, alimentos, aço e petróleo. As consequências do aumento da participação estatal na economia se fazem sentir. As estatizações de empresas de telefonia e eletricidade deterioraram o serviço prestado à população. As estatizações afugentam os investidores: o risco país da Venezuela é o mais alto entre os mercados emergentes. A Justiça foi aparelhada por chavistas e a imprensa, censurada e ameaçada, num claro gesto ditatorial. Aparentemente, ninguém vai impedir Chávez de prosseguir com sua marcha tresloucada na Venezuela. Tanto ali quanto em Cuba - e em todos os outros lugares onde a experiência já foi testada - a construção do socialismo coincide sempre com a destruição dos países nos quais o sistema é implantado.

3. Por que realizar o novo referendo é uma manobra inconstitucional?
A consulta é ilegal visto que a Constituição venezuelana (escrita pelo próprio Chávez) impede que uma reforma política rechaçada pela população seja submetida a novo voto no mesmo governo. Pouco depois da derrota no primeiro referendo, Chávez “autorizou" os seus simpatizantes a recolher assinaturas para conseguir uma emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial sem limites.

4. Essa é a primeira manobra arbitrária de Hugo Chávez?
Não. Em julho de 2008, ele colocou em vigor, por decreto, um pacote com 26 leis rejeitadas pela população no mesmo referendo em que lhe foi negado o direito à reeleição indefinida. Entre os decretos consta a criação de uma milícia em pé de igualdade com as Forças Armadas, mas diretamente subordinada à Presidência da República. Um outro coloca o setor alimentício sob controle do estado, que poderá decidir até quais produtos serão enviados a cada região do país. Numa reedição tardia da fracassada economia centralizada soviética, o presidente se dá o direito de decidir que alimento deve ser produzido ou comercializado. O empresário que não quiser cooperar com o governo se arrisca a cumprir pena de dez anos de prisão.

5. Como o coronel conseguiu aprovar essas leis?
Por que ainda estava em vigor no país a Lei Habilitante, que permitiu ao presidente governar a Venezuela por decreto durante um ano e meio. Desde que Chávez assumiu o poder, uma em cada três leis foi aprovada dessa maneira, sem passar pelo crivo do Congresso. O texto completo das 26 leis só foi divulgado dias depois da promulgação.

6. Por que Chávez tem tanta pressa para que o novo referendo seja realizado?
Com o barril de petróleo, seu principal combustível político, a menos de 40 dólares, o valor mais baixo em anos, Chávez quer ir às urnas antes que a economia venezuelana entre em recessão. A exemplo de outros populistas históricos, há no arsenal do presidente venezuelano dois recursos básicos: o nacionalismo sem vergonha e distribuição assistencialista do que quer que seja - alimentos, remédios, gasolina subsidiada, dinheiro em espécie. Para ocultar a inflação mais alta do continente, de 30% ao ano, o governo subsidia alimentos importados. A Venezuela, apesar das férteis terras, importa 80% do que come. O desequilíbrio é pago pela PDVSA, mas a estatal já começa a sentir a crise - vários de seus fornecedores não recebem há meses.

7. Quais são os argumentos do coronel para se manter no poder?
Chávez insiste que a sua proposta de instalação de um regime de "socialismo do século XXI" está "apenas em fraldas" e, por isso, ele deve continuar na presidência depois de 2012. Segundo ele, mudar de ginete ou capitão quando ainda não estão consolidadas as etapas de maturação iniciais de um processo é sumamente arriscado. Além disso, Chávez argumenta que, sem ele, haverá uma guerra civil na Venezuela.

8. Quais são as ações da oposição para impedir a reeleição indefinida?
A oposição acusa Chávez de querer perpetuar-se no poder e de violar princípios constitucionais. Os oposicionistas argumentam que a alteração constitucional ameaçaria a alternância de poderes na Venezuela. Mas os adversários do presidente ainda não têm um líder nacional que os aglutine e se apresente como alternativa a Chávez, cuja popularidade permanece em torno de 60%. Na política venezuelana, a oposição pode muito pouco. Os partidários de Chávez controlam a totalidade das cadeiras na Assembleia Nacional, última guarida institucional dos não-alinhados ao presidente. O coronel qualifica seus opositores como "colonialistas" e os acusa de representar "o contrário à pátria". Em um claro aviso antidemocrático, Chávez disse à oposição que “não se equivoque, pois essa é uma revolução pacífica, mas também armada”.

9. Chávez tem o apoio de toda a população?
Não. Um bom exemplo disso são os protestos de estudantes universitários. Um influente movimento estudantil de oposição voltou ao centro do cenário político venezuelano, mobilizando-se contra a proposta de eliminar os limites à reeleição. A militância estudantil foi um dos principais fatores que levaram à derrota no primeiro referendo. A disputa pela aprovação ou não da reeleição no novo referendo está tensa e tem sido marcada por confrontos entre jovens opositores e simpatizantes de Chávez nas ruas de Caracas. O próprio Chávez já concluiu que seu pior inimigo são os universitários. Por isso, mandou reprimir as marchas estudantis. À polícia ordena jogar “gás do bom” contra quem desafiá-lo nas ruas. Reuniões nas universidades são atacadas impunemente por grupos paramilitares pró-governo armados com lacrimogêneo. Alguns carros de dirigentes são incendiados - sempre com cuidado, para não deixar mortos ou feridos graves.

10. Chávez poderá ocupar o papel de Fidel na América Latina?
Faltam ao coronel venezuelano a respeitabilidade e as circunstâncias históricas que deram transcendência a Fidel Castro. Como disse a VEJA o historiador venezuelano Elias Piño, da Universidade Andrés Bello, em Caracas, "em termos de ideias e de capacidade para elaborar um conceito ideológico, Chávez não conseguiria suceder a Fidel".

11. O que pensa o presidente Lula a respeito da reeleição indefinida?
Lula diz apoiar a proposta de reeleição ilimitada para presidente e outros cargos eletivos na Venezuela, desde que a decisão seja do povo. Ele, no entanto, ressaltou que essa ideia não deve ser aplicada ao Brasil e disse que quer eleger seu sucessor. Para o presidente, não se deve comparar o projeto venezuelano com o Brasil, já que cada país tem seu "próprio processo democrático". “No dia em que o povo não quiser mais, ele não vai votar em Hugo Chávez, vai votar em outro e vai ser a mesma Constituição que vai permitir que possa ter mais de um mandato, mais de dois mandatos, mais de três. Da minha parte, tenho toda a compreensão de que o povo venezuelano queira aprovar o referendo”, afirmou Lula. Segundo o presidente, o Brasil ainda não está preparado para pensar em reeleição sem limites, pois tem uma democracia recente.