O Mapa acima, se refere às ilhas Britânicas, onde estão localizadas as regiões deste conflito que iremos mostrar.
A Irlanda, situada a oeste da Grã-Bretanha, é uma ilha relativamente extensa para os padrões europeus (84.200 km2, enquanto a Grã-Bretanha possui 244.200 km2).
Seus antigos habitantes eram de etnia celta como os gauleses (habitantes da Gália – França atual), os bretões (habitantes da Britânia – atual Inglaterra), os galeses (habitantes do País de Gales) e os escoceses.
Cristianizados a partir do século V, os irlandeses jamais tiveram unidade política. Divididos em clãs rivais, chegaram no máximo a formar quatro reinos, independentes mas fracos. E, em 1171, a ilha começou a ser conquistada pelos reis da vizinha Inglaterra.
Em 1534, o rei Henrique VIII deu início à Reforma Anglicana, que estabeleceu na Inglaterra e em Gales uma religião protestante oficial. A maioria dos ingleses e galeses submeteu-se ao anglicanismo; mas os irlandeses permaneceram inteiramente católicos, até mesmo como forma de preservar sua identidade nacional perante os dominadores ingleses.Para fortalecer a presença inglesa na Irlanda, foi introduzido naquela ilha o sistema de plantations – ou seja, a expropriação de terras dos irlandeses e sua cessão a senhores ingleses, que as transformavam em latifúndios cultivados extensivamente. Essa política foi intensificada no reinado de Isabel I (ou Elizabeth I, 1558-1603) e provocou as primeiras revoltas dos irlandeses, duramente reprimidas por aquela rainha anglicana e absolutista.
Em 1642, começou na Inglaterra a Revolução Puritana, que provocou em 1649 a queda da Monarquia e a proclamação de uma República dirigida por Oliver Cromwell – um puritano (calvinista) fanático e implacável, muito mais anticatólico do que os anteriores reis anglicanos. As medidas adotadas contra os irlandeses suscitaram nova rebelião, que Cromwell esmagou pessoalmente à frente de suas tropas. Milhares de irlandeses foram massacrados durante a repressão e vastas extensões de terras, confiscadas aos católicos, passaram para as mãos de protestantes recém-chegados, ingleses e escoceses (desde 1603, Inglaterra e Escócia encontravam-se subordinadas a um mesmo governo). O sistema de plantations estendeu-se ainda mais. Somente no Ulster (nordeste da Irlanda), as terras entregues aos protestantes foram divididas em pequenas propriedades. Esse fato fez com que, naquela área, o número de protestantes ficasse mais próximo da maioria católica.
Após a morte de Cromwell, a Monarquia foi restaurada na Inglaterra, com a volta da Dinastia Stuart, que fora deposta em 1649. Mas em 1688, o rei Jaime II Stuart, católico e com tendências absolutistas, foi destronado pela Revolução Gloriosa. Apoiado por Luís XIV da França, Jaime II desembarcou na Irlanda em 1690 e liderou uma revolta dos irlandeses contra a dominação inglesa. No ano seguinte, porém, suas forças foram inapelavelmente batidas pelo novo rei da Inglaterra, o holandês Guilherme III de Orange. Ainda hoje, para comemorar a data daquela vitória, os protestantes da Irlanda do Norte provocam os católicos, desfilando diante deles com bandeiras e insígnias de cor alaranjada!
No final do século XVII e início do XVIII, o Parlamento inglês adotou medidas ainda mais duras contra os católicos da Irlanda. Foram feitas novas expropriações de terras, a prática do catolicismo sofreu fortes restrições (os seminários foram fechados) e os irlandeses católicos perderam vários direitos civis (exercer cargos públicos ou certas atividades profissionais, por exemplo).
Em 1829, o governo britânico, então nas mãos do Partido Liberal, concedeu direitos civis e políticos aos católicos do Reino Unido (que incluía a Irlanda). Todavia, como o voto era censitário, a grande maioria dos irlandeses continuou politicamente marginalizada.
Em 1847-1848, ocorreu na Irlanda a Grande Fome. Uma praga na cultura de batatas (o alimento básico da massa de irlandeses miseráveis) fez com que 800.000 católicos morressem de inanição, numa população total de 8,5 milhões! Como o governo britânico nada fez para minorar tal calamidade, milhões de irlandeses emigraram para os Estados Unidos, onde muitos deles prosperaram, mas sem jamais olvidar sua origem. Em 1900, a população da Irlanda caíra para 4 milhões. Destes, 750 proprietários protestantes controlavam mais de 50% das terras cultiváveis. Os católicos possuíam apenas 14%, geralmente na forma de pequenas propriedades.
Em 1905, os nacionalistas irlandeses fundaram o Sinn Fein (“Nós Sozinhos”), partido político que lutaria pela independência do país utilizando meios legais. Em contrapartida, os protestantes afiaram a Força de Voluntários do Ulster – formação paramilitar destinada a apoiar as tropas britânicas na Irlanda. A essa altura, o Ulster já era uma região industrializada onde os protestantes haviam se tornado maioria, graças à forte imigração de operários ingleses, escoceses e galeses.
No Domingo de Páscoa de 1916, irrompeu em Dublin (capital da Irlanda) uma revolta nacionalista, dominada pelo exército britânico após duros combates. Os líderes capturados foram executados após um rápido e inexorável julgamento.
Nas eleições de 1918, o Sinn Fein elegeu a maioria dos deputados irlandeses ao Parlamento Inglês e, no ano seguinte, proclamou unilateralmente a independência da Irlanda. As tropas britânicas e os Voluntários do Ulster reagiram com violência, e o país conheceu dois anos de selvagens ações terroristas e de guerrilha.
Chegou-se assim a um impasse político-militar. Em 1921, foi firmado um acordo preliminar que, no ano seguinte, resultou no reconhecimento, pelo governo britânico, do Estado Livre da Irlanda, correspondente a 3/4 da ilha. Mas o Ulster (oficialmente denominado Irlanda do Norte) permaneceu vinculado ao Reino Unido da Grã-Bretanha.
O Estado da Irlanda foi integrado na Commonwealth (Comunidade Britânica das Nações), com o mesmo status do Canadá, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Mas, ao contrário desses outros países, os sentimentos dos irlandeses para com a Inglaterra sempre foram amargos. Por isso, durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto canadenses, sul-africanos, australianos e neozelandeses participaram ativamente do conflito, como aliados da Grã-Bretanha, a Irlanda permaneceu neutra. E, em 1949, desligou-se da Commonwealth e proclamou sua independência total, com o nome de República da Irlanda ou Eire (seu nome céltico original).
Cristianizados a partir do século V, os irlandeses jamais tiveram unidade política. Divididos em clãs rivais, chegaram no máximo a formar quatro reinos, independentes mas fracos. E, em 1171, a ilha começou a ser conquistada pelos reis da vizinha Inglaterra.
Em 1534, o rei Henrique VIII deu início à Reforma Anglicana, que estabeleceu na Inglaterra e em Gales uma religião protestante oficial. A maioria dos ingleses e galeses submeteu-se ao anglicanismo; mas os irlandeses permaneceram inteiramente católicos, até mesmo como forma de preservar sua identidade nacional perante os dominadores ingleses.Para fortalecer a presença inglesa na Irlanda, foi introduzido naquela ilha o sistema de plantations – ou seja, a expropriação de terras dos irlandeses e sua cessão a senhores ingleses, que as transformavam em latifúndios cultivados extensivamente. Essa política foi intensificada no reinado de Isabel I (ou Elizabeth I, 1558-1603) e provocou as primeiras revoltas dos irlandeses, duramente reprimidas por aquela rainha anglicana e absolutista.
Em 1642, começou na Inglaterra a Revolução Puritana, que provocou em 1649 a queda da Monarquia e a proclamação de uma República dirigida por Oliver Cromwell – um puritano (calvinista) fanático e implacável, muito mais anticatólico do que os anteriores reis anglicanos. As medidas adotadas contra os irlandeses suscitaram nova rebelião, que Cromwell esmagou pessoalmente à frente de suas tropas. Milhares de irlandeses foram massacrados durante a repressão e vastas extensões de terras, confiscadas aos católicos, passaram para as mãos de protestantes recém-chegados, ingleses e escoceses (desde 1603, Inglaterra e Escócia encontravam-se subordinadas a um mesmo governo). O sistema de plantations estendeu-se ainda mais. Somente no Ulster (nordeste da Irlanda), as terras entregues aos protestantes foram divididas em pequenas propriedades. Esse fato fez com que, naquela área, o número de protestantes ficasse mais próximo da maioria católica.
Após a morte de Cromwell, a Monarquia foi restaurada na Inglaterra, com a volta da Dinastia Stuart, que fora deposta em 1649. Mas em 1688, o rei Jaime II Stuart, católico e com tendências absolutistas, foi destronado pela Revolução Gloriosa. Apoiado por Luís XIV da França, Jaime II desembarcou na Irlanda em 1690 e liderou uma revolta dos irlandeses contra a dominação inglesa. No ano seguinte, porém, suas forças foram inapelavelmente batidas pelo novo rei da Inglaterra, o holandês Guilherme III de Orange. Ainda hoje, para comemorar a data daquela vitória, os protestantes da Irlanda do Norte provocam os católicos, desfilando diante deles com bandeiras e insígnias de cor alaranjada!
No final do século XVII e início do XVIII, o Parlamento inglês adotou medidas ainda mais duras contra os católicos da Irlanda. Foram feitas novas expropriações de terras, a prática do catolicismo sofreu fortes restrições (os seminários foram fechados) e os irlandeses católicos perderam vários direitos civis (exercer cargos públicos ou certas atividades profissionais, por exemplo).
Em 1829, o governo britânico, então nas mãos do Partido Liberal, concedeu direitos civis e políticos aos católicos do Reino Unido (que incluía a Irlanda). Todavia, como o voto era censitário, a grande maioria dos irlandeses continuou politicamente marginalizada.
Em 1847-1848, ocorreu na Irlanda a Grande Fome. Uma praga na cultura de batatas (o alimento básico da massa de irlandeses miseráveis) fez com que 800.000 católicos morressem de inanição, numa população total de 8,5 milhões! Como o governo britânico nada fez para minorar tal calamidade, milhões de irlandeses emigraram para os Estados Unidos, onde muitos deles prosperaram, mas sem jamais olvidar sua origem. Em 1900, a população da Irlanda caíra para 4 milhões. Destes, 750 proprietários protestantes controlavam mais de 50% das terras cultiváveis. Os católicos possuíam apenas 14%, geralmente na forma de pequenas propriedades.
Em 1905, os nacionalistas irlandeses fundaram o Sinn Fein (“Nós Sozinhos”), partido político que lutaria pela independência do país utilizando meios legais. Em contrapartida, os protestantes afiaram a Força de Voluntários do Ulster – formação paramilitar destinada a apoiar as tropas britânicas na Irlanda. A essa altura, o Ulster já era uma região industrializada onde os protestantes haviam se tornado maioria, graças à forte imigração de operários ingleses, escoceses e galeses.
No Domingo de Páscoa de 1916, irrompeu em Dublin (capital da Irlanda) uma revolta nacionalista, dominada pelo exército britânico após duros combates. Os líderes capturados foram executados após um rápido e inexorável julgamento.
Nas eleições de 1918, o Sinn Fein elegeu a maioria dos deputados irlandeses ao Parlamento Inglês e, no ano seguinte, proclamou unilateralmente a independência da Irlanda. As tropas britânicas e os Voluntários do Ulster reagiram com violência, e o país conheceu dois anos de selvagens ações terroristas e de guerrilha.
Chegou-se assim a um impasse político-militar. Em 1921, foi firmado um acordo preliminar que, no ano seguinte, resultou no reconhecimento, pelo governo britânico, do Estado Livre da Irlanda, correspondente a 3/4 da ilha. Mas o Ulster (oficialmente denominado Irlanda do Norte) permaneceu vinculado ao Reino Unido da Grã-Bretanha.
O Estado da Irlanda foi integrado na Commonwealth (Comunidade Britânica das Nações), com o mesmo status do Canadá, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Mas, ao contrário desses outros países, os sentimentos dos irlandeses para com a Inglaterra sempre foram amargos. Por isso, durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto canadenses, sul-africanos, australianos e neozelandeses participaram ativamente do conflito, como aliados da Grã-Bretanha, a Irlanda permaneceu neutra. E, em 1949, desligou-se da Commonwealth e proclamou sua independência total, com o nome de República da Irlanda ou Eire (seu nome céltico original).
Mas o Eire era um país agrário, com possibilidades econômicas limitadas e uma taxa de crescimento demográfico elevada para os padrões da Europa Ocidental. Por essa razão, muitos católicos do Sul acabaram migrando para a Irlanda do Norte, em busca de trabalho; atualmente constituem quase 40% da população local, mas sofrem forte discriminação por parte da maioria protestante.
Em 1956, surgiu na Irlanda do Norte o IRA (Irish Republican Army ou Exército Republicano Irlandês) – organização terrorista cujo objetivo é promover a anexação da Irlanda do Norte ao Eire. Desde então, essa entidade vem promovendo atentados contra autoridades britânicas e membros da comunidade protestante da Irlanda do Norte, com freqüência e intensidade variáveis. Sua ação de maior repercussão ocorreu em 1979: a explosão da lancha pilotada pelo almirante lorde Mountbatten, herói da Segunda Guerra Mundial e tio da rainha Elizabeth II.
Mas a reação das forças de segurança britânicas e dos irregulares protestantes também tem provocado numerosas vítimas na comunidade católica. Por esse lado, o episódio mais célebre é o “Domingo Sangrento” (relembrado em canção da banda irlandesa U-2) de 1972, quando soldados ingleses mataram 14 civis católicos em Belfast. Em 1994, aliás, morreram mais católicos do que protestantes nos atentados praticados pelos dois lados.
Oficialmente, o governo do Eire repudia a atuação do IRA. Mas este conta com a simpatia de parte da população do Sul e tem o apoio de praticamente toda a comunidade católica do Norte. Além disso, o IRA utiliza o partido Sinn Fein como seu porta-voz e representante político (ou “braço político”, como se costuma dizer).
Em 1972, o governo britânico suspendeu a autonomia administrativa da Irlanda do Norte e colocou a região sob seu controle direto, em um regime quase de ocupação militar.
A primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” (1979-1990), tratou com inflexível rigor os militantes do IRA capturados (vários deles foram assassinados in off pelas forças britânicas de repressão), aplicando-lhes o tratamento carcerário destinado a criminosos comuns e não a presos políticos. Assim, coube ao primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, eleito em 1997, procurar costurar um acordo multilateral, do qual participaram ele próprio, o primeiro-ministro do Eire e representantes do Sinn Fein e dos unionistas (protestantes da Irlanda do Norte); houve até uma intervenção do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
O acordo, firmado em 1998, determinou eleições livres para a formação de um Parlamento Norte-Irlandês, ao qual caberia indicar um primeiro-ministro para governar a região. Esta permaneceu ligada ao Reino Unido, mas recuperou a autonomia perdida em 1972. E os católicos terão direito de voto, que antes lhes era negado.
Mas os extremistas de ambos os lados ainda apostam em ações violentas, cujo impacto desestabilize o acordo conseguido. Em 2001, nem o IRA nem os unionistas entregaram suas armas às autoridades. Essa situação, somada a atos de violência mais ou menos endêmicos, tornam incerto o futuro da Irlanda do Norte.
Em 1956, surgiu na Irlanda do Norte o IRA (Irish Republican Army ou Exército Republicano Irlandês) – organização terrorista cujo objetivo é promover a anexação da Irlanda do Norte ao Eire. Desde então, essa entidade vem promovendo atentados contra autoridades britânicas e membros da comunidade protestante da Irlanda do Norte, com freqüência e intensidade variáveis. Sua ação de maior repercussão ocorreu em 1979: a explosão da lancha pilotada pelo almirante lorde Mountbatten, herói da Segunda Guerra Mundial e tio da rainha Elizabeth II.
Mas a reação das forças de segurança britânicas e dos irregulares protestantes também tem provocado numerosas vítimas na comunidade católica. Por esse lado, o episódio mais célebre é o “Domingo Sangrento” (relembrado em canção da banda irlandesa U-2) de 1972, quando soldados ingleses mataram 14 civis católicos em Belfast. Em 1994, aliás, morreram mais católicos do que protestantes nos atentados praticados pelos dois lados.
Oficialmente, o governo do Eire repudia a atuação do IRA. Mas este conta com a simpatia de parte da população do Sul e tem o apoio de praticamente toda a comunidade católica do Norte. Além disso, o IRA utiliza o partido Sinn Fein como seu porta-voz e representante político (ou “braço político”, como se costuma dizer).
Em 1972, o governo britânico suspendeu a autonomia administrativa da Irlanda do Norte e colocou a região sob seu controle direto, em um regime quase de ocupação militar.
A primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” (1979-1990), tratou com inflexível rigor os militantes do IRA capturados (vários deles foram assassinados in off pelas forças britânicas de repressão), aplicando-lhes o tratamento carcerário destinado a criminosos comuns e não a presos políticos. Assim, coube ao primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, eleito em 1997, procurar costurar um acordo multilateral, do qual participaram ele próprio, o primeiro-ministro do Eire e representantes do Sinn Fein e dos unionistas (protestantes da Irlanda do Norte); houve até uma intervenção do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
O acordo, firmado em 1998, determinou eleições livres para a formação de um Parlamento Norte-Irlandês, ao qual caberia indicar um primeiro-ministro para governar a região. Esta permaneceu ligada ao Reino Unido, mas recuperou a autonomia perdida em 1972. E os católicos terão direito de voto, que antes lhes era negado.
Mas os extremistas de ambos os lados ainda apostam em ações violentas, cujo impacto desestabilize o acordo conseguido. Em 2001, nem o IRA nem os unionistas entregaram suas armas às autoridades. Essa situação, somada a atos de violência mais ou menos endêmicos, tornam incerto o futuro da Irlanda do Norte.
Reino Unido – oeste da Europa
Forças em conflito: separatistas católicos da Irlanda do Norte, reunidos no Exército Republicano Irlandês (IRA); unionistas protestantes da Irlanda do Norte; forças do governo britânico.
Tipo: conflito separatista no interior de um Estado com forte conotação religiosa.
Forças em conflito: separatistas católicos da Irlanda do Norte, reunidos no Exército Republicano Irlandês (IRA); unionistas protestantes da Irlanda do Norte; forças do governo britânico.
Tipo: conflito separatista no interior de um Estado com forte conotação religiosa.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O TEMA
Em 8 de maio de 2007, uma histórica cerimônia em Belfast deu início a um novo governo de união na província britânica da Irlanda do Norte. Depois de décadas de conflitos sanguinolentos, os protestantes do Partido Unionista Democrático e os católicos do Sinn Fein concordaram em dividir o poder (na foto, a primeira reunião do governo, com o vice-premiê católico Martin McGuinness e o premiê protestante Ian Paisley). O acerto tem a bênção da Inglaterra, que hoje administra a Irlanda do Norte. O governo conjunto pode consolidar a estabilização a Irlanda do Norte - a província vive desde 1998 sob um acordo de paz que praticamente acabou com o terrorismo e a violência sectária. Desde 1969, 3.600 pessoas morreram por causa da luta entre os dois lados - a maioria, vítima de atentados do IRA, braço armado dos católicos. Entenda as origens do conflito e os termos do atual acordo de paz:
1. Qual é a origem do conflito na Irlanda do Norte?
Ainda que ingleses e irlandeses tenham se enfrentado desde o século XII, quando o monarca inglês Henrique II conquistou e anexou a ilha da Irlanda por um curto período de tempo, o atual conflito tem origem nos séculos XVI e XVII. Paralelamente ao seu rompimento com o Vaticano - que fundou o Anglicanismo - a dinastia Tudor lançou a Inglaterra a uma nova tentativa de conquista da Irlanda. O sucesso da empreitada submeteu os irlandeses - católicos desde sua origem - ao governo de ingleses protestantes. A partir daí, milhares de colonos ingleses estabeleceram-se na ilha - especialmente na província de Ulster, no norte do território - discriminando, perseguindo e expulsando os nativos. Nas primeiras décadas do século XX, revoltas sucessivas resultaram na divisão da ilha: os católicos conseguiram a independência da República da Irlanda (Eire) em 1921, mas alguns condados do norte, onde os protestantes eram - e ainda são - maioria, continuaram atrelados à Inglaterra.
2. Quais foram as conseqüências da divisão da Irlanda?
A divisão do território irlandês não satisfez a população católica do Ulster, forçada a continuar sob domínio britânico. Os mais exaltados deste grupo nacionalista partiram para a luta armada, incluindo o terrorismo. Extremistas protestantes responderam à altura. Desde o fim dos anos 60 confinadas em bairros separados por muros e cercas de arame farpado - na capital Belfast e em outras cidades importantes -, as duas comunidades trocam tiros e bombas. Neste período, mais de 3.600 pessoas foram mortas.
3. O que querem os católicos?
Os católicos da Irlanda do Norte, também conhecidos como republicanos, desejam o mesmo que os seus vizinhos do sul conseguiram - independência do Reino Unido. Seu objetivo final é integrar os condados que permaneceram sob controle da coroa britânica ao resto da República da Irlanda, acabando com a divisão territorial da ilha. Até 1998, a própria Constituição da República da Irlanda estabelecia que era um dever do país lutar pela anexação do norte protestante. O catolicismo é visto como ponto essencial desta questão pois serviu como catalisador da identidade nacional irlandesa durante a resistência contra a ocupação e as lutas pela independência.
4. E o que reivindicam os protestantes?
Ao contrário dos católicos, os protestantes, tradicionalmente chamados de unionistas por sua vontade de permanecerem unidos à Grã-Bretanha, desejam que a situação continue como está. Querem manter-se cidadãos britânicos. Mas não querem, para isso, deixar o território irlandês, onde, apesar de sua origem britânica, muitas famílias estão estabelecidas há séculos
5. O que é o IRA?
A organização terrorista mundialmente conhecida como IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês) surgiu no ano de 1969, reivindicando para si o legado do IRA original - o exército que lutou contra a Inglaterra e conquistou a independência do Eire em 1921. Ao dedicar-se a matar civis na Irlanda do Norte e na Inglaterra, com explosões ou ações armadas, o IRA deu um caráter extremista à causa dos católicos republicanos. Em 1984, num de seus atos mais ousados, o grupo explodiu um hotel na tentativa de assassinar a primeira-ministra Margaret Thatcher. Já em 1991, o primeiro-ministro John Major escapou de um morteiro atirado contra a residência oficial do chefe de governo inglês. A violência do IRA, que sempre contou com o apoio financeiro de americanos descendentes de irlandeses, fez surgir vários outros grupos paramilitares, na maioria protestantes, dispostos a vingar suas vítimas. Atualmente, o IRA abandonou a luta armada, tendo mantido-se ativo apenas por meio de seu braço político, o partido Sinn Féin, católico de orientação marxista.
6. Quem são os personagens centrais de cada grupo hoje?
Pelo lado protestante, o grande líder da comunidade unionista hoje é o reverendo Ian Paisley, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do governo autônomo da Irlanda do Norte de maio de 2007. Líder do principal partido unionista do país, o DUP (Democratic Unionist Party), e membro do Parlamento britânico desde 1970, o reverendo é também o fundador da Igreja Presbiteriana Livre de Ulster. Entre os católicos, destaca-se a figura do ex-comandante do IRA e atual vice-premiê norte-irlandês, Martin McGuiness. Após co-liderar ações violentas do grupo nos anos 1970, McGuiness abandonou as armas e tornou-se figura proeminente do Sinn Féin. Antes de assumir o gabinete compartilhado com os protestantes, foi ministro da Educação entre 1999 e 2002. Ainda pelo lado católico, tem papel central o líder Gerry Adams, presidente do Sinn Féin e importante negociador do processo de paz.
7. Quais foram os principais episódios dessa luta sectária?
O período de escalada da violência na Irlanda do Norte, que recebeu o nome de "The Troubles" (os problemas), teve início no fim dos anos 60, quando a Associação de Direitos Civis do país, organização majoritariamente católica, promoveu uma série de marchas de protesto em todo o território, reivindicando igualdade de condições políticas entre católicos e protestantes. Diversas destas marchas terminavam em quebra-quebra e confrontos entre manifestantes e a polícia, leal à coroa britânica. Uma destas marchas, na cidade de Derry, em 1972, terminou em tragédia quando soldados britânicos abriram fogo contra os civis católicos, matando 14 deles. A partir do episódio, conhecido como Domingo Sangrento, o Reino Unido suspendeu a autonomia do Ulster e fechou a Assembléia Nacional norte-irlandesa. Em resposta, o IRA iniciou uma série de ações terroristas que só terminariam em 1998. Em 1972, tendo matado já mais de 100 soldados britânicos, o grupo explodiu 22 bombas no centro de Belfast, no dia chamado por alguns de Sexta-Feira Sangrenta. Onze pessoas morreram e 130 ficaram feridas. Seguiram-se quase 30 anos de conflitos entre o IRA e grupos paramilitares protestantes. Entre os episódios famosos, destacaram-se ainda o bombardeio do Rememberance Day, em 1987; a explosão de um shopping em Londres em 1996, que matou duas pessoas e causou centenas de milhões de dólares de prejuízos; e a explosão de um carro-bomba na cidade de Omagh em 1998, por dissidentes do IRA que se opuseram a um cessar-fogo assumido pelo grupo meses antes - o ataque matou 29 civis e feriu mais 330.
8. Qual é a posição de Londres?
Oficialmente, o governo britânico afirma nunca ter tomado parte em nenhum dos lados do conflito, e diz que todas as suas ações - políticas ou militares - na região sempre tiveram o único intuito de manter a lei e a ordem. Para os católicos da Irlanda do Norte, entretanto, a polícia britânica foi vista como o inimigo a ser derrubado durante boa parte dos últimos 30 anos. Embora nunca tenha sinalizado claramente que o Ulster pode vir a ser independente no futuro, existe em Londres atualmente um movimento de conceder autonomia cada vez maior aos outros três países do Reino Unido - Escócia, Gales e Irlanda do Norte. No fim dos anos 90, o governo de Tony Blair aprovou a criação de Legislativos autônomos para os três.
9. Qual a posição das principais nações do mundo diante dessa questão?
Por ser um conflito que envolve pontos muito específicos, de origem historicamente antiga, não há no resto dos países do mundo, especialmente entre as potências, uma divisão de posicionamento a favor de uma ou outra comunidade da Irlanda do Norte - todos repudiam a violência sectária, mas se mantêm em posição de neutralidade (ao contrário do que acontece com questões mais atuais, como a criação do estado de Israel, que até hoje divide o mundo entre pró-árabes e pró-judeus). A neutralidade, entretanto, não impediu que durante os anos de maior violência, a sólida comunidade de 40 milhões de norte-americanos descendentes de irlandeses patrocinasse a luta separatista de grupos como o IRA. Estima-se que a organização recebia 1 milhão de dólares por ano vindos dos EUA. O mesmo IRA chegou a receber polpudas doações de armamentos e munição do ditador líbio Muamar Khadafi nos anos 80. Desde os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001, porém, o terrorismo virou palavrão até mesmo para os irlandeses-americanos. O próprio IRA abandonou definitivamente as armas em 2005. Ficou impossível manter o esquema enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha travavam uma guerra global contra o terror.
10. Há perspectiva de resolução do conflito irlandês?
O último grande passo dado em direção ao fim da luta sectária entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte foi o Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado em abril de 1998, no qual Londres aceitou um governo autônomo na província, com a eleição de uma Assembléia e de um Executivo com representação proporcional das duas comunidades. Pelo acordo, qualquer nova decisão sobre a soberania na Irlanda do Norte precisaria ser submetida a plebiscito. O católico John Hume e o protestante David Trimble, dois líderes moderados signatários do pacto, até dividiram o Prêmio Nobel da Paz naquele ano. Em contrapartida, a República da Irlanda (Eire), retirou de sua Constituição o dever de anexar o norte protestante. A instabilidade, contudo, se manteve após o acordo. Com facções radicais do IRA ainda na ativa e denúncias de espionagem no governo por parte dos dois lados, o governo compartilhado fracassou em 2002. Muito pela insistência dos governos de Londres e de Dublin, a Irlanda do Norte voltou a ter sua Assembléia em 2007, eleita pela população e composta por membros das duas comunidades rivais, que se comprometeram a resolver suas discórdias pela via política. A diferença entre o novo governo e as tentativas anteriores de unir católicos e protestantes sob o mesmo gabinete é que, desta vez, foram os líderes dos grupos mais extremos que aceitaram dividir o poder, e não os mais moderados.
11. Católicos e protestantes vão dividir o poder na Irlanda do Norte?
1. Qual é a origem do conflito na Irlanda do Norte?
Ainda que ingleses e irlandeses tenham se enfrentado desde o século XII, quando o monarca inglês Henrique II conquistou e anexou a ilha da Irlanda por um curto período de tempo, o atual conflito tem origem nos séculos XVI e XVII. Paralelamente ao seu rompimento com o Vaticano - que fundou o Anglicanismo - a dinastia Tudor lançou a Inglaterra a uma nova tentativa de conquista da Irlanda. O sucesso da empreitada submeteu os irlandeses - católicos desde sua origem - ao governo de ingleses protestantes. A partir daí, milhares de colonos ingleses estabeleceram-se na ilha - especialmente na província de Ulster, no norte do território - discriminando, perseguindo e expulsando os nativos. Nas primeiras décadas do século XX, revoltas sucessivas resultaram na divisão da ilha: os católicos conseguiram a independência da República da Irlanda (Eire) em 1921, mas alguns condados do norte, onde os protestantes eram - e ainda são - maioria, continuaram atrelados à Inglaterra.
2. Quais foram as conseqüências da divisão da Irlanda?
A divisão do território irlandês não satisfez a população católica do Ulster, forçada a continuar sob domínio britânico. Os mais exaltados deste grupo nacionalista partiram para a luta armada, incluindo o terrorismo. Extremistas protestantes responderam à altura. Desde o fim dos anos 60 confinadas em bairros separados por muros e cercas de arame farpado - na capital Belfast e em outras cidades importantes -, as duas comunidades trocam tiros e bombas. Neste período, mais de 3.600 pessoas foram mortas.
3. O que querem os católicos?
Os católicos da Irlanda do Norte, também conhecidos como republicanos, desejam o mesmo que os seus vizinhos do sul conseguiram - independência do Reino Unido. Seu objetivo final é integrar os condados que permaneceram sob controle da coroa britânica ao resto da República da Irlanda, acabando com a divisão territorial da ilha. Até 1998, a própria Constituição da República da Irlanda estabelecia que era um dever do país lutar pela anexação do norte protestante. O catolicismo é visto como ponto essencial desta questão pois serviu como catalisador da identidade nacional irlandesa durante a resistência contra a ocupação e as lutas pela independência.
4. E o que reivindicam os protestantes?
Ao contrário dos católicos, os protestantes, tradicionalmente chamados de unionistas por sua vontade de permanecerem unidos à Grã-Bretanha, desejam que a situação continue como está. Querem manter-se cidadãos britânicos. Mas não querem, para isso, deixar o território irlandês, onde, apesar de sua origem britânica, muitas famílias estão estabelecidas há séculos
5. O que é o IRA?
A organização terrorista mundialmente conhecida como IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês) surgiu no ano de 1969, reivindicando para si o legado do IRA original - o exército que lutou contra a Inglaterra e conquistou a independência do Eire em 1921. Ao dedicar-se a matar civis na Irlanda do Norte e na Inglaterra, com explosões ou ações armadas, o IRA deu um caráter extremista à causa dos católicos republicanos. Em 1984, num de seus atos mais ousados, o grupo explodiu um hotel na tentativa de assassinar a primeira-ministra Margaret Thatcher. Já em 1991, o primeiro-ministro John Major escapou de um morteiro atirado contra a residência oficial do chefe de governo inglês. A violência do IRA, que sempre contou com o apoio financeiro de americanos descendentes de irlandeses, fez surgir vários outros grupos paramilitares, na maioria protestantes, dispostos a vingar suas vítimas. Atualmente, o IRA abandonou a luta armada, tendo mantido-se ativo apenas por meio de seu braço político, o partido Sinn Féin, católico de orientação marxista.
6. Quem são os personagens centrais de cada grupo hoje?
Pelo lado protestante, o grande líder da comunidade unionista hoje é o reverendo Ian Paisley, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do governo autônomo da Irlanda do Norte de maio de 2007. Líder do principal partido unionista do país, o DUP (Democratic Unionist Party), e membro do Parlamento britânico desde 1970, o reverendo é também o fundador da Igreja Presbiteriana Livre de Ulster. Entre os católicos, destaca-se a figura do ex-comandante do IRA e atual vice-premiê norte-irlandês, Martin McGuiness. Após co-liderar ações violentas do grupo nos anos 1970, McGuiness abandonou as armas e tornou-se figura proeminente do Sinn Féin. Antes de assumir o gabinete compartilhado com os protestantes, foi ministro da Educação entre 1999 e 2002. Ainda pelo lado católico, tem papel central o líder Gerry Adams, presidente do Sinn Féin e importante negociador do processo de paz.
7. Quais foram os principais episódios dessa luta sectária?
O período de escalada da violência na Irlanda do Norte, que recebeu o nome de "The Troubles" (os problemas), teve início no fim dos anos 60, quando a Associação de Direitos Civis do país, organização majoritariamente católica, promoveu uma série de marchas de protesto em todo o território, reivindicando igualdade de condições políticas entre católicos e protestantes. Diversas destas marchas terminavam em quebra-quebra e confrontos entre manifestantes e a polícia, leal à coroa britânica. Uma destas marchas, na cidade de Derry, em 1972, terminou em tragédia quando soldados britânicos abriram fogo contra os civis católicos, matando 14 deles. A partir do episódio, conhecido como Domingo Sangrento, o Reino Unido suspendeu a autonomia do Ulster e fechou a Assembléia Nacional norte-irlandesa. Em resposta, o IRA iniciou uma série de ações terroristas que só terminariam em 1998. Em 1972, tendo matado já mais de 100 soldados britânicos, o grupo explodiu 22 bombas no centro de Belfast, no dia chamado por alguns de Sexta-Feira Sangrenta. Onze pessoas morreram e 130 ficaram feridas. Seguiram-se quase 30 anos de conflitos entre o IRA e grupos paramilitares protestantes. Entre os episódios famosos, destacaram-se ainda o bombardeio do Rememberance Day, em 1987; a explosão de um shopping em Londres em 1996, que matou duas pessoas e causou centenas de milhões de dólares de prejuízos; e a explosão de um carro-bomba na cidade de Omagh em 1998, por dissidentes do IRA que se opuseram a um cessar-fogo assumido pelo grupo meses antes - o ataque matou 29 civis e feriu mais 330.
8. Qual é a posição de Londres?
Oficialmente, o governo britânico afirma nunca ter tomado parte em nenhum dos lados do conflito, e diz que todas as suas ações - políticas ou militares - na região sempre tiveram o único intuito de manter a lei e a ordem. Para os católicos da Irlanda do Norte, entretanto, a polícia britânica foi vista como o inimigo a ser derrubado durante boa parte dos últimos 30 anos. Embora nunca tenha sinalizado claramente que o Ulster pode vir a ser independente no futuro, existe em Londres atualmente um movimento de conceder autonomia cada vez maior aos outros três países do Reino Unido - Escócia, Gales e Irlanda do Norte. No fim dos anos 90, o governo de Tony Blair aprovou a criação de Legislativos autônomos para os três.
9. Qual a posição das principais nações do mundo diante dessa questão?
Por ser um conflito que envolve pontos muito específicos, de origem historicamente antiga, não há no resto dos países do mundo, especialmente entre as potências, uma divisão de posicionamento a favor de uma ou outra comunidade da Irlanda do Norte - todos repudiam a violência sectária, mas se mantêm em posição de neutralidade (ao contrário do que acontece com questões mais atuais, como a criação do estado de Israel, que até hoje divide o mundo entre pró-árabes e pró-judeus). A neutralidade, entretanto, não impediu que durante os anos de maior violência, a sólida comunidade de 40 milhões de norte-americanos descendentes de irlandeses patrocinasse a luta separatista de grupos como o IRA. Estima-se que a organização recebia 1 milhão de dólares por ano vindos dos EUA. O mesmo IRA chegou a receber polpudas doações de armamentos e munição do ditador líbio Muamar Khadafi nos anos 80. Desde os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001, porém, o terrorismo virou palavrão até mesmo para os irlandeses-americanos. O próprio IRA abandonou definitivamente as armas em 2005. Ficou impossível manter o esquema enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha travavam uma guerra global contra o terror.
10. Há perspectiva de resolução do conflito irlandês?
O último grande passo dado em direção ao fim da luta sectária entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte foi o Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado em abril de 1998, no qual Londres aceitou um governo autônomo na província, com a eleição de uma Assembléia e de um Executivo com representação proporcional das duas comunidades. Pelo acordo, qualquer nova decisão sobre a soberania na Irlanda do Norte precisaria ser submetida a plebiscito. O católico John Hume e o protestante David Trimble, dois líderes moderados signatários do pacto, até dividiram o Prêmio Nobel da Paz naquele ano. Em contrapartida, a República da Irlanda (Eire), retirou de sua Constituição o dever de anexar o norte protestante. A instabilidade, contudo, se manteve após o acordo. Com facções radicais do IRA ainda na ativa e denúncias de espionagem no governo por parte dos dois lados, o governo compartilhado fracassou em 2002. Muito pela insistência dos governos de Londres e de Dublin, a Irlanda do Norte voltou a ter sua Assembléia em 2007, eleita pela população e composta por membros das duas comunidades rivais, que se comprometeram a resolver suas discórdias pela via política. A diferença entre o novo governo e as tentativas anteriores de unir católicos e protestantes sob o mesmo gabinete é que, desta vez, foram os líderes dos grupos mais extremos que aceitaram dividir o poder, e não os mais moderados.
11. Católicos e protestantes vão dividir o poder na Irlanda do Norte?
Sim. Em 8 de maio de 2007, o protestante Ian Paisley e o católico Martin McGuiness assumiram o gabinete como primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro respectivamente, e deram início à mais promissora tentativa de governo conjunto na Irlanda do Norte. Não apenas o Executivo passou para as mãos dos irlandeses do norte, como também o Legislativo - a Assembléia de Stormont, na capital Belfast, voltou a funcionar. A cerimônia que marcou o início do novo período autônomo do Ulster deve entrar para a história como o último grande ato do combalido Tony Blair, que trabalhou para que a situação se esta
NOTÍCIAS RECENTES DE JORNAIS A RESPEITO DA QUESTÃO !
IRLANDA, 2/08/RIO - O cessar-fogo do Exército Republicano Irlandês (IRA), em 1994, fortificado pelo abandono de suas armas em 2005, não foi o suficiente para que a paz alcançasse um status definitivo na Irlanda do Norte. Ações de dissidentes do grupo, levados pelo espírito republicano de rechaço à união britânica, assinalam que o terror está longe do fim na região.
Serviços de segurança britânicos têm levantado mais suspeitas sobre atividades de dissidentes republicanos na Irlanda do Norte do que qualquer outro grupo radical no Reino Unido. Dados recentes do Military Intelligence, section 5 (MI5), serviço britânico de inteligência de segurança interna e contra-espionagem, indicam que organizações como Real IRA (Rira), Continuity IRA (Cira) e Óglaigh na hÉireann (Voluntários Irlandeses, em irlandês) chegam a oferecer perigo maior que extremistas ligados ao islamismo. Mais de 60% das interceptações telefônicas e esconderijos dizem respeito a extremistas republicanos. O MI5 teme que os radicais estejam determinados a desestabilizar o processo de paz.
– São paramilitares republicanos que rejeitam o compromisso feito por Gerry Adams e o Sinn Féin – explica Richard English, autor de Armed struggle: the history of the IRA. – Acreditam que a violência pela busca da unidade irlandesa ainda é válida.
No lugar do termo dissidente, o analista de segurança e inteligência britânico Richard Bennett prefere classificar os radicais da Irlanda do Norte como “rejeicionistas”:
– Rejeitam o poder compartilhado entre a minoria católica, representada pelo Sinn Fein, e a maioria protestante, defendida pelo Partido Democrático Unionista, que acreditamos ter dado fim a 30 anos de violência – lamenta Bennett.
Em um contexto onde, pela primeira vez, organizações republicanas armadas declaram guerra contra irlandeses nacionalistas que administram a política de segurança local, estima-se que 80 dissidentes radicais arquitetem ataques terroristas.
Desde novembro, esses grupos assumiram responsabilidade por tentativas de assassinatos contra cinco oficiais. Vigias de prisão e policiais católicos têm sido alguns dos principais alvos. A idéia seria desestimular jovens católicos e nacionalistas a integrarem o Serviço Policial da Irlanda do Norte (PSNI, na sigla em inglês).
Hugh Orde, chefe do PSNI, teme que as ações expandam-se para outras partes do Reino Unido. Um ataque com mina contra oficiais do PSNI em Rosslea, no condado de Fermanagh, próximo à fronteira com a República da Irlanda (Eire), em 14 de junho é o primeiro do tipo desde o cessar-fogo há 14 anos. E confirma que a ameaça tem sido a mais alta desde a atrocidade inesperada de Omagh, em 1998, em que o Rira matou 29 pessoas.
Diferenças
Os grupos dissidentes foram formados depois que as principais organizações paramilitares, como o IRA, declararam trégua.
O Cira emergiu em 1986, quando separou-se do chamado Provisional IRA (o IRA de tendências esquerdistas e armado, mais comumente conhecido), em um embate sobre participar ou não do processo político no Eire.
O Rira surgiu mais tarde, em 1997, depois de discordarem do compromisso de cessar-fogo. Além da diferença de tempo, líderes e associações políticas diferem de grupo para grupo.
Enquanto o Cira é ligado ao Sinn Féin, o Rira é associado ao Movimento de Soberania do Condado 32 (32 County Sovereignty Movement), organização política que luta pelo fim do domínio britânico.
O propósito de ambos coincide com o uso da violência, para britânicos deixarem a Irlanda do Norte, e pela união das duas Irlandas.
– O Rira tem, ainda, ligações com o setor do IRA que era responsável por esconder armas e explosivos – explica Bennett. – No racha, o grupo foi formado por aqueles que sabiam fabricar bombas. A divisão serviu para reter armamentos que não foram inclusos na lista do programa de desarmamento.
Sob justificativa de levar adiante o “inacabado processo” deixado pelo IRA, dissidentes quebraram o processo de paz, acredita Adrian Guelke, da Queen's University, em Belfast.
Ao mesmo tempo, perderam uma das “principais razões de sua luta”, que dizia respeito à participação política.
Cira e Rira são terroristas para o governo britânico e o Departamento de Estado americano.
– Os próprios nacionalistas radicais, no entanto, rejeitam este termo – assinala English.
Especialista em terrorismo pelo Colégio Interamericano de Defesa, André Woloszyn acredita que depois do 11 de Setembro, muitos grupos da Europa declararam cessar-fogo, apenas para não serem identificados com o novo terrorismo islâmico.
– Essas organizações diversificaram e passaram a colaborar com organizações criminosas – lembra. – Em 2001, foram detidas três pessoas com ligações com o IRA em Bogotá, acusados de intercâmbio com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). 08:
Serviços de segurança britânicos têm levantado mais suspeitas sobre atividades de dissidentes republicanos na Irlanda do Norte do que qualquer outro grupo radical no Reino Unido. Dados recentes do Military Intelligence, section 5 (MI5), serviço britânico de inteligência de segurança interna e contra-espionagem, indicam que organizações como Real IRA (Rira), Continuity IRA (Cira) e Óglaigh na hÉireann (Voluntários Irlandeses, em irlandês) chegam a oferecer perigo maior que extremistas ligados ao islamismo. Mais de 60% das interceptações telefônicas e esconderijos dizem respeito a extremistas republicanos. O MI5 teme que os radicais estejam determinados a desestabilizar o processo de paz.
– São paramilitares republicanos que rejeitam o compromisso feito por Gerry Adams e o Sinn Féin – explica Richard English, autor de Armed struggle: the history of the IRA. – Acreditam que a violência pela busca da unidade irlandesa ainda é válida.
No lugar do termo dissidente, o analista de segurança e inteligência britânico Richard Bennett prefere classificar os radicais da Irlanda do Norte como “rejeicionistas”:
– Rejeitam o poder compartilhado entre a minoria católica, representada pelo Sinn Fein, e a maioria protestante, defendida pelo Partido Democrático Unionista, que acreditamos ter dado fim a 30 anos de violência – lamenta Bennett.
Em um contexto onde, pela primeira vez, organizações republicanas armadas declaram guerra contra irlandeses nacionalistas que administram a política de segurança local, estima-se que 80 dissidentes radicais arquitetem ataques terroristas.
Desde novembro, esses grupos assumiram responsabilidade por tentativas de assassinatos contra cinco oficiais. Vigias de prisão e policiais católicos têm sido alguns dos principais alvos. A idéia seria desestimular jovens católicos e nacionalistas a integrarem o Serviço Policial da Irlanda do Norte (PSNI, na sigla em inglês).
Hugh Orde, chefe do PSNI, teme que as ações expandam-se para outras partes do Reino Unido. Um ataque com mina contra oficiais do PSNI em Rosslea, no condado de Fermanagh, próximo à fronteira com a República da Irlanda (Eire), em 14 de junho é o primeiro do tipo desde o cessar-fogo há 14 anos. E confirma que a ameaça tem sido a mais alta desde a atrocidade inesperada de Omagh, em 1998, em que o Rira matou 29 pessoas.
Diferenças
Os grupos dissidentes foram formados depois que as principais organizações paramilitares, como o IRA, declararam trégua.
O Cira emergiu em 1986, quando separou-se do chamado Provisional IRA (o IRA de tendências esquerdistas e armado, mais comumente conhecido), em um embate sobre participar ou não do processo político no Eire.
O Rira surgiu mais tarde, em 1997, depois de discordarem do compromisso de cessar-fogo. Além da diferença de tempo, líderes e associações políticas diferem de grupo para grupo.
Enquanto o Cira é ligado ao Sinn Féin, o Rira é associado ao Movimento de Soberania do Condado 32 (32 County Sovereignty Movement), organização política que luta pelo fim do domínio britânico.
O propósito de ambos coincide com o uso da violência, para britânicos deixarem a Irlanda do Norte, e pela união das duas Irlandas.
– O Rira tem, ainda, ligações com o setor do IRA que era responsável por esconder armas e explosivos – explica Bennett. – No racha, o grupo foi formado por aqueles que sabiam fabricar bombas. A divisão serviu para reter armamentos que não foram inclusos na lista do programa de desarmamento.
Sob justificativa de levar adiante o “inacabado processo” deixado pelo IRA, dissidentes quebraram o processo de paz, acredita Adrian Guelke, da Queen's University, em Belfast.
Ao mesmo tempo, perderam uma das “principais razões de sua luta”, que dizia respeito à participação política.
Cira e Rira são terroristas para o governo britânico e o Departamento de Estado americano.
– Os próprios nacionalistas radicais, no entanto, rejeitam este termo – assinala English.
Especialista em terrorismo pelo Colégio Interamericano de Defesa, André Woloszyn acredita que depois do 11 de Setembro, muitos grupos da Europa declararam cessar-fogo, apenas para não serem identificados com o novo terrorismo islâmico.
– Essas organizações diversificaram e passaram a colaborar com organizações criminosas – lembra. – Em 2001, foram detidas três pessoas com ligações com o IRA em Bogotá, acusados de intercâmbio com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). 08:
Acredito que a Paz é possível, só que depende muito de negociações concretas que respeitem as diferenças!
ResponderExcluirO conflito é de grandes proporções, mais nunca se tem um acordo de paz que acabe definitivamente com ele.
ResponderExcluirDeveria haver o entendimento das duas partes, aquela que quer mudar, e aquela que nao quer mudar.
o conflito Irlandes é dualitario, entre os catolicos e os protestantes, que tem ideais diferentes.e a situação vivida por eles é tensa. os catolicos reinvidicam a separação de Ulster em relação ao Reino Unido, e o grupo extremista IRA combate o dominio britanico. mas a paz não foi totalmente atingida por eles.
ResponderExcluiramanda de angeli
o conflito Irlandes é dualitario, entre os catolicos e os protestantes, que tem ideais diferentes.e a situação vivida por eles é tensa. os catolicos reinvidicam a separação de Ulster em relação ao Reino Unido, e o grupo extremista IRA combate o dominio britanico. mas a paz não foi totalmente atingida por eles.
ResponderExcluiramanda de angeli
O conflito é de grandes proporções. Por isso, para soluciona-lo, deve-se haver um acordo de paz em que ambas as partes se beneficiem, e o pais fique em paz
ResponderExcluirO conflito Irlandes eh historico separatista. A situaçao eh conflitante e de muita tensao. Disputas religiosas como a Jihad sao totalmente extremistas e violentas, destruindo o proposito ideologico criando uma atmosfera de medo, como a criada pela disputa Irlandesa. A paz eh algo possivel dependendo diretamente de negociaçoes e acordos.
ResponderExcluirJessica Gonçalves Mathielo
creio que este seja o unico meio possivel,entretanto pode-se dizer que nem sempre o aqcordo de paz sera respeitado pelos dois lados.mas não deixo de concordar com prof mario.
ResponderExcluirsou neutra diante deste conflito!
ResponderExcluir